sexta-feira, 19 de outubro de 2012

REFLEXÃO DO DIA.

Luciano Siqueira: Razões da vitória no Recife


"Bom é analisar depois”, sentencia o filósofo alagoano radicado em Olinda, prefeito Renildo Calheiros. Diz ele que a assertiva vale para o futebol, a política, o amor e tantas mais sejam as experiências humanas.

"Uma (razão da vitória), a largueza e a pluralidade da frente, que conjugou quatorze partidos e variados segmentos da sociedade – incluindo igrejas, empresários, trabalhadores, comunidade científica, o mundo da cultura, a juventude. Ampla, plural e unida – convergindo em torno das ideias essenciais que deram lastro ao programa de governo construído durante a campanha mediante extensa consulta à sociedade."





Está certo. Melhor ainda quando o objeto da análise é uma vitória eleitoral. Com o risco de falhas e insuficiências ficarem obscurecidas pelos louros do sucesso. Daí porque é recomendável que se avalie resultados de uma batalha de certa magnitude – caso da eleição no Recife, dia 7 último – com o distanciamento possível, que carece de algum tempo. O que não impede de se a notar algumas impressões iniciais, até mesmo como subsídios à análise mais aprofundada a se fazer adiante.

Assim, antecipo duas razões que a meu ver se destacam dentre as tantas que contribuíram para a vitória da Frente Popular do Recife, que elegeu Geraldo Júlio prefeito, do PSB, e o autor dessas linhas vice-prefeito, do PCdoB.

Uma, a largueza e a pluralidade da frente, que conjugou quatorze partidos e variados segmentos da sociedade – incluindo igrejas, empresários, trabalhadores, comunidade científica, o mundo da cultura, a juventude. Ampla, plural e unida – convergindo em torno das ideias essenciais que deram lastro ao programa de governo construído durante a campanha mediante extensa consulta à sociedade.

A outra, a capacidade de mobilizar o povo. Deu-se desde o início da campanha, quando nas pesquisas Geraldo Júlio contava com apenas 4% de intenção de votos, verdadeira ocupação do território da cidade. Pequenas e médias reuniões, caminhadas seguidas de breves comícios, com apoio de mais de trezentos postulantes à Câmara Municipal capilarizaram a campanha e tornaram o candidato a prefeito conhecido. Quando sobreveio o programa de TV e rádio, já se havia criado uma rede de apoiadores por todas as zonas eleitorais.

Ponto para o partido hegemônico na frente, o PSB, que liderou esse binômio amplitude-mobilização popular – para o que, sem presunção, há que se reconhecer igualmente uma contribuição importante do PCdoB.

Demais, vale sublinhar a orientação tática – firme, focada, combativa e ao mesmo templo flexível para dar conta das variações verificadas no confronto com concorrentes e adversários.

A vitória conquistada já no primeiro turno, numa espetacular inversão da correlação de forças, reflete esses fatores que, tiveram peso determinante.


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