domingo, 14 de julho de 2013

A IMPORTÂNCIA DAS “JORNADAS DE JUNHO” NO BRASIL, AS ILUSÕES E EQUÍVOCOS DOS SEM PARTIDOS.


Por Dedé Rodrigues. 

II PARTE

Retornando a Marx e a dialética novamente para dizer que não conhecemos um fenômeno social pela aparência, mas sim, quando mergulhamos na essência dele. E revendo a pedagogia de Paulo Freire, na qual, “não há neutralidade, todo Professor tem partido”.  E ainda, voltando no tempo em  Aristóteles lá na Grécia Antiga quando dizia que “todo homem é um animal político”. Vou apresentar, além dos avanços, das perspectivas e da importância dos movimentos de ruas do mês de junho nos principais centros urbanos do Brasil, materializados em conquistas sociais, também algumas ilusões e alguns equívocos praticados por aqueles grupos mobilizados pelas redes sociais e boa parte deles alienados pelo PIG (Partido da Imprensa Golpista no Brasil) quando agrediram os militantes dos partidos Políticos que portavam bandeiras em apoio ao movimento. O que fazer daqui para frente? É possível mudar a realidade brasileira dispensando ou negando a importância dos partidos políticos? Vamos enumerar e refletir sobre ideias e fatos.









Primeiro: Se todo “homem” é um animal político, todos os manifestantes que foram protestar nas ruas também são políticos. Qual é a diferença desses políticos? Um é uma liderança ou militante que assume um partido legal e o outro não tem filiação partidária. Ora! Se não há neutralidade política em Paulo Freire, pois todos devem tomar partido, todos os militantes das ruas tomaram partido. Ou estavam contra ao governo, ou estavam a favor dele. Todos votaram nas últimas eleições em algum partido. Se não votaram a favor ou contra ao governo atual ficaram com o “partido” não legalizado da abstenção, do voto branco ou do voto nulo. Não deixaram de tomar partido. O problema é que este último “partido” não leva a lugar algum, pois não tem proposta, nem é legal, nem chegará ao poder nunca.

Segundo: Os manifestantes ao combaterem a PEC 37, a corrupção, os gastos com a Copa do Mundo, a violência e pedir mais dinheiro para a educação e para a saúde, tomaram partido, pois nada mais fizeram do que repetir as bandeiras políticas e sociais de partidos tradicionais no Brasil. Qual é a diferença? A diferença está no programa, na prática e no conteúdo ideológico dos partidos políticos. Em outras palavras, retornando Marx, a sociedade atual é dividida em classes sociais e continua havendo o conflito de classes inerente a sociedade capitalista. Esse conflito é entre a direita e a esquerda. A solução para esses e outros conflitos e problemas no Brasil passa também por uma melhor distribuição da mais-valia, ou seja, da renda produzida pelo trabalho, numa reforma política democrática, etc. Mas a direita foge disso e de outras questões de fundo na prática e nas votações no Congresso como “o diabo foge da cruz”.
Terceiro: Quando os manifestantes agrediram os militantes que portavam bandeiras chamando-os de oportunistas, tomaram partido. Qual é o problema? Ao agredirem os partidos da esquerda, fortalecem os partidos da direta que, no geral, são   antidemocráticos, neonazistas, neofascistas, etc. Qual é o outro problema:  Se não fizeram isso consciente, ajudam a esquerda sectária,  ou ainda pior,  viraram massa de manobra da mídia golpista e da direita que não têm interesse algum em fazer avançar a democracia brasileira nem as conquistas sociais. Qual é terceiro problema dessa questão? Se a consciência política dos novos militantes das redes sociais não avança, eles estarão dando um tiro no próprio pé, apoiando a direita que representa a elite e os ricos no Brasil para retornarem ao poder nas próximas eleições e fazer retroceder os avanços democráticos e sociais no Brasil dessa última década. Um quarto problema é que não se chega ao poder no Brasil, nem se muda a realidade de uma nação e de um povo em qualquer democracia do mundo sem está filiado a uma partido político. Até os regimes de partido único, tem partido. A possibilidade de uma sociedade sem partidos políticos, segundo Marx,  só seria possível com a extinção de todas as formas de opressão do homem pelo homem. Nesse caso, sem haver classes sociais, nem exploração, nem Estado etc. A sociedade não estaria mais dividida em partes, seria igualitária, ou seja: a sociedade comunista. Mesmo assim, ele defendia que seria necessário pelo menos um partido, até a sua auto-extinção, para executar essa imensa tarefa humana.   
Quarto: Urge, portanto, debater as ideias avançadas da esquerda brasileira nas redes sociais e em todas as frentes de lutas para ajudar a parte dos manifestantes de junho, "aqueles que são marinheiros de primeira viagem", a enxergar o conteúdo do movimento atual e os interesses que estão por trás desse e de outros movimentos de massa.  É preciso, portanto, a gente fortalecer o movimento consciente e organizados da sociedade, a exemplo da greve geral do dia 11\07, para avançarmos nas reformas democráticas e estruturais no Brasil propostas pela CTB, CUT, UGT, Força Sindical, entre outras centrais, partidos e correntes políticas da chamada esquerda ideológica.  Ou fazemos isso ou o movimento espontâneo das massas e a maior parte do povo brasileiro pode ser direcionada pela grande mídia golpista, que tenta sangrar o governo Dilma até as próximas eleições, quando pretendem eleger um neoliberal do PSDB para aplicar as reformas de cunho liberal, a exemplo da Europa, que na prática roubam dos trabalhadores os direitos conquistados na época do chamado Estado de Bem-Estar-Social. No caso do Brasil , se isso ocorresse, tirariam as conquistas democráticas e sociais dos governos Lula e Dilma desses últimos 10 anos.
Quinto: As consequências imediatas das mobilizações de massas, além da redução das tarifas nos transportes públicos em praticamente todos os centros urbanos, queda da PEC 37, votação do passe livre no Senado, 75% dos royalties do Petróleo para educação e 25% para a saúde, bilhões para mobilidade urbana,  mais recursos para a seca, aprovação do Estatuto da Juventude, etc. São resultados também, embora sendo bandeiras do movimento consciente e organizado, dessas últimas mobilizações de ruas. Mas os partidos da direita e os conservadores no Congresso Nacional parecem insensíveis no combate à corrupção quando barraram a constituinte e o Plebiscito sobre a Reforma Política. Vale aqui destacar o esforço para continuar essa luta dos partidos da esquerda brasileira o PT, o PC do B e o PDT que ora coletam assinaturas no congresso para votar o Referendo sobre a reforma política.  
Sexto: Por último, não haverá mudanças profundas no Brasil sem o povo nas ruas e sem os partidos políticos da esquerda. Nesse caso prefiro ser otimista e acreditar que a Presidenta Dilma pressionada pelo movimento social espontâneo e, pressionada e apoiada, pelo movimento de massas  consciente e organizado vai continuar aprofundando as reformas estruturais de combate ao neoliberalismo. Acredito também que maioria do povo brasileiro consciente dos desafios históricos, tomará partido, sim, pois não há democracia sem partido político. Acredito ainda que os próprios partidos da esquerda darão um jeito de se aproximar mais do povo, seja por intermédio das mudanças sociais que estão fazendo e farão no poder,  seja pela inserção no movimento social organizado combatendo o burocratismo na teoria e  na prática.  A despeito do momento conjuntural, quando chegar o período eleitoral, os partidos da direita e da esquerda terão que apresentar as suas propostas ao povo brasileiro, com especialidade as classes trabalhadoras, que mais uma vez, vão eleger aqueles partidos da esquerda que têm uma história de luta ao lado dos seus interesses.        
       

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