quarta-feira, 17 de julho de 2013

Protestos transbordaram do virtual para o real, diz Marina


(por Sandro Ferreira)


Em entrevista a EXAME, a provável candidata a presidente em 2014 analisa os protestos, cutuca Dilma e diz o que pensa sobre discussões fundamentais para o país.


Marina Silva em São Paulo
Marina Silva evita se posicionar como candidata à presidência – diz que nem partido tem ainda – mas sabe que seu nome nunca foi tão forte.

São Paulo - Tanto na última pesquisa do Datafolha, do fim de junho, quanto na CNT/MDA, divulgada em 16 de julho, a ex-senadora Marina Silva mostra que foi, indiscutivelmente, a grande ganhadora política das manifestações que se espalharam pelo país no mês passado.
Como potencial candidata a presidente da República no ano que vem, Marina saiu de 16% para 23% de intenções de votos no Datafolha e de 12,5% para 20,7% na última pesquisa da CNT/MDA.
São avanços ainda mais representativos quando se vê que Dilma perdeu mais de 20 pontos percentuais de intenção de votos nas duas pesquisas. O segundo turno seria inevitável.
Nesse contexto, Marina Silva recebeu EXAME para uma conversa de quase duas horas. Ela evita se posicionar como candidata à presidência – diz que nem partido tem ainda – mas sabe que seu nome nunca foi tão forte.


O pedido de registro do novo partido, o Rede Sustentabilidade, deve ser feito no início de agosto, e sua equipe já diz que o número mínimo de assinaturas foi alcançado.
Foi em busca dessas assinaturas que Marina passou a maior parte de 2013. Mas, paralelamente, ela exercita uma prática que parece faltar à presidente Dilma: a de ouvir.
Marina faz encontros recorrentes com economistas, acadêmicos e empresários para ajudá-la a formular melhor as ideias que norteariam um suposto governo seu.
Alguns são velhos colaboradores da campanha presidencial de 2010, mas dentre os nomes inéditos, está André Lara Resende, um dos economistas que criaram o Plano Real, e Eliana Cardoso, professora da FGV que já trabalhou no Banco Mundial e no Fundo Monetário Internacional.
Para questões internacionais, Marina também costuma ouvir Rubens Ricupero, ex-embaixador nos Estados Unidos. Ele, inclusive, fez questão de assinar a petição para a criação do partido de Marina na última vez que a encontrou, há um mês, no lançamento de um livro de José Eli da Veiga, professor de desenvolvimento sustentável da USP e outro frequente interlocutor da ex-ministra de Meio Ambiente do governo Lula. Na entrevista, Marina abordou temas variados como a sua lista de especialistas amigos.
Alguns trechos seguem abaixo:
EXAME: Por que a senhora acha que seu nome é apontado como o de um político que saiu maior do que entrou no período recente de manifestações pelo país?
Marina: Eu dei 129 palestras no ano passado, nos mais diferentes setores, e sempre me perguntavam se as manifestações dentro da internet teriam alguma força política. Eu sempre dizia que tinham, só bastava transbordar do virtual para o real, como está acontecendo no mundo inteiro.
Onde não há democracia, na busca por ela. Onde existe, na busca por democratizar a própria democracia. Eu venho falando há três anos que está surgindo um novo sujeito político no mundo. Esse novo sujeito político é resultante de uma insatisfação muito grande com a qualidade da representação política e uma busca por ampliar a participação política.

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