A direção nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB)
reunida entre sexta-feira (7) e domingo (9), na capital paulista, debateu a
conjuntura política, os preparativos para a campanha eleitoral e a eleição dos
órgãos executivos da direção partidária. Após intenso debate o Comitê Central
aprovou sua resolução política. Segue abaixo a íntegra:
A menos de oito meses do grande confronto político-eleitoral
de outubro que definirá os destinos do país, o Comitê Central (CC) do Partido
Comunista do Brasil (PCdoB) reforça a convicção de que o Brasil está diante de
uma encruzilhada política. Ir adiante para intensificar as mudanças acumuladas
na última década com a realização das reformas estruturais democráticas, ou
retroceder sob o comando da oposição que se verga às chantagens da oligarquia
financeira. A pressão do rentismo, associada à atuação desbragada da grande
mídia para favorecer a oposição e a campanha deliberada pelo fracasso da Copa,
são prenúncios das grandes e acirradas batalhas políticas e sociais que estão
por vir e que irão marcar as eleições de 2014, na prática já em andamento.
A sucessão presidencial se realizará também no transcurso da
emblemática marca dos 50 anos do golpe militar, cujo significado resgata o
papel do campo democrático e progressista na defesa da democracia brasileira e
ao mesmo tempo assinala a recorrente intervenção golpista das forças
reacionárias para conter ou interromper os ciclos progressistas do país.
Os impactos da crise capitalista na economia e na sucessão
presidencial
A crise estrutural do capitalismo, que caminha para seu
sexto ano, atingiu a economia do planeta como um todo. No seu início, golpeou
com mais força grandes potências capitalistas, notadamente os Estados Unidos e
países da Europa. Agora, alveja os países em vias de desenvolvimento. O
principal fator para isso deriva do fato de a elite financeira globalizada –
que provocou a crise – ter seguido no comando das principais estruturas de
poder do mundo capitalista. À frente dos Estados, ela transferiu para bancos e
empresas falidas trilhões de dólares de dinheiro público e desse modo
resgatou-os da bancarrota.
Depois de sacrificar os povos dos países do centro
capitalista, os grandes monopólios financeiros empurraram o ônus da crise para
os países em vias de desenvolvimento e para os ombros dos trabalhadores. Para
tal, se valem da força política, como é o caso da presente alteração da política
monetária dos Estados Unidos, que provoca instabilidade na cotação das moedas
de vários países emergentes, e pressiona para cima a taxa de juros. Para
concretizar essas imposições, esses monopólios desencadearam uma pressão para
sufocar a democracia, aviltar a política e os partidos e estimular o
autoritarismo.
Esta onda negativa que acossa os países chamados emergentes
também prejudica o Brasil. A elite financeira mundial e a local aproveitam-se
da instabilidade do momento para chantagear e pressionar o governo brasileiro.
A banca exige garantias para que seus ganhos fabulosos voltem a toda carga com
a imposição de sua lógica e regras.
O discurso oposicionista sucumbe a tais chantagens e acolhe
de modo explícito ou implícito as exigências do sistema financeiro. Espalha
prognósticos aterrorizadores em relação ao desempenho da economia nacional,
ocultando os fatores positivos – como o alto nível de emprego, a redução das
desigualdades, a forte produção agroindustrial e de energia, o razoável montante
das reservas internacionais. Menospreza e ataca os esforços pela integração
solidária da América Latina. Vende o diagnóstico de um país à beira de um
precipício, algo inteiramente fantasioso, pois a grande cobiça internacional
sobre o Brasil vem do porte de sua economia, 7ª do mundo, que atrai
significativa parcela do investimento estrangeiro direto.
Em suma, a oligarquia financeira, por um lado, tenta
encurralar o governo da presidenta Dilma Rousseff, com o fito de obter
cedências programáticas; por outro – aqui residem suas expectativas –, projeta,
com auxílio da grande mídia, os principais candidatos da oposição. Essa
oligarquia tudo fará para que o Brasil retorne ao passado e às orientações
neoliberais da década de 1990, com desregulamentação financeira, ditadura do
mercado, dura austeridade fiscal, arrocho salarial e desemprego.
Renovar a esperança, desencadeando uma nova etapa de
desenvolvimento
Em vez de o país retroceder, o Brasil precisa não só dar
continuidade, mas aprofundar as mudanças iniciadas em 2003. Alcançou uma nova
etapa para isso, após estes 11 anos de governo.
No seu 13º Congresso recentemente realizado, o PCdoB lançou
a mensagem de que é preciso resistir e vencer as pressões do capital
financeiro, com o redirecionamento da política macroeconômica, e promover uma
nova arrancada para um desenvolvimento robusto e duradouro que dê respostas aos
anseios de melhoria crescente da vida do povo e dos trabalhadores. Essa
arrancada exige mais desenvolvimento, mais democracia e mais progresso social.
Exige ideias e estratégias que atualizem a plataforma programática das forças
progressistas.
Na ótica do PCdoB, a formulação de um Projeto para uma nova
etapa requer uma estratégia de desenvolvimento soberano focada na elevação dos
investimentos e no aumento da produtividade, com uma indústria arrojada e
tecnologicamente avançada. No plano estrutural, tornar o país integrado
nacionalmente, com poderosa infraestrutura energética e logística, também com o
inadiável desenvolvimento sustentável da Amazônia e a realização do potencial
econômico de vastas áreas que persistem à margem do progresso social, e
promover uma reforma urbana que humanize as cidades. Essas formulações e
bandeiras em conjunto com as reformas estruturais democráticas revigoram e
atualizam o programa das forças avançadas, se configuram uma nova agenda para o
país.
Atualizar o Projeto é necessário para promover uma mudança
na correlação de forças que impulsione o avanço. Mas tal mudança não acontecerá
por obra do acaso. Demanda um conjunto de lutas, movimentos e alianças que
resultem na reforma do Estado brasileiro, na sua democratização e modernização.
Objetivo que exige a realização das reformas estruturais, nomeadamente a
reforma do sistema político e dos meios de comunicação.
Não haverá avanços sem a esquerda forte. Por isto, o PCdoB
propõe que se reúnam todos quantos tenham afinidade com as ideias e os
compromissos da esquerda, com o potencial de representar a unidade popular na
necessária coalizão ampla para vencer a eleição e sustentar o governo. Uma nova
correlação de forças, também, só será alcançada com a renovação e o
fortalecimento do movimento sindical e popular, com o necessário diálogo e a
interação com os novos movimentos, um dos grandes desafios da esquerda
brasileira na contemporaneidade.
Da análise deste cenário, o PCdoB aponta um conjunto de
tarefas cuja realização desafia as forças políticas e sociais progressistas a
barrarem o retrocesso e assegurarem a quarta vitória consecutiva do povo, com a
reeleição da presidenta Dilma Rousseff. Ao mesmo tempo, o CC destaca a
necessidade e a importância de a legenda comunista elevar sua representação
parlamentar e conquistar governos estaduais. Uma expressiva vitória eleitoral
dos comunistas fortalecerá o papel da esquerda para impulsionar os avanços que
o povo brasileiro exige.
Entre as tarefas referentes à sucessão presidencial de 2014
e ao projeto eleitoral do PCdoB, destacam-se:
1) O Partido deve se engajar decididamente em todas as
frentes de trabalho para buscar a quarta vitória consecutiva do povo. Na atual
fase, o PCdoB deve se empenhar na apresentação de ideias e propostas
programáticas para o projeto de governo, bem como contribuir na formação da
coalizão capaz de proporcionar a vitória das forças democráticas e
progressistas.
Cabe ainda ao Partido interagir com os movimentos sociais
apoiando e fortalecendo suas mobilizações e incentivando-os a se engajar na
campanha com seu vigor, ideias e bandeiras.
2) Os Comitês estaduais e demais instâncias da estrutura
partidária devem intensificar a realização das medidas e ações necessárias –
políticas, organizativas, financeiras –, com o objetivo de garantir o sucesso
do projeto eleitoral do PCdoB cujas prioridades são o aumento da bancada
comunista no Congresso Nacional, em especial na Câmara dos Deputados, a
reeleição de Inácio Arruda e a conquista de mais cadeiras no Senado Federal e a
eleição de Flávio Dino ao governo do Maranhão. O Partido deve realizar esforços
para lançar candidatos e candidatas à Câmara dos Deputados em todas as unidades
da Federação, em decorrência da importância deste Poder. Ao mesmo tempo, em
harmonia com essas prioridades, o PCdoB se empenhará para ampliar sua
representação nas Assembleias Legislativas, sempre que possível lançando chapas
próprias.
3) Realizar a grande Convenção Nacional em junho que examine
e delibere o apoio à reeleição da presidenta Dilma, firmando propostas que
atualizem e revigorem o projeto de governo para uma nova etapa de
desenvolvimento. De igual modo, elaborar e unificar plataformas eleitorais para
as candidaturas comunistas e contribuições programáticas aos candidatos
majoritários apoiados pelo PCdoB.
4) Reforçar a luta pela reforma política democrática,
fortalecendo o engajamento do Partido, das demais forças progressistas, dos
movimentos sociais na campanha por sua imediata realização.
5) Realizar e apoiar eventos e iniciativas alusivas aos 50
anos do golpe militar, com o objetivo de sistematizar seu significado
histórico, de ressaltar as heroicas lutas de resistência das forças
democráticas de esquerda na luta contra a ditadura e pela conquista da
liberdade; lutas que nos dias de hoje se manifestam nas batalhas pela ampliação
e aprofundamento da democracia. A direção nacional do Partido divulgará um
documento com a visão dos comunistas sobre esse fato histórico.
6) Finalmente, o CC conclama o coletivo militante a se
empenhar por um elenco de ações que requerem imediata realização para
fortalecer a expansão e a construção orgânica e ideológica do Partido, conforme
as diretrizes do 13º Congresso. O fortalecimento do Partido é condição
indispensável à conquista de seus objetivos nesta grande jornada que se inicia.
A construção partidária para este ano de 2014 deve ter como
foco o êxito do projeto eleitoral. As convenções estaduais, de 10 a 30 de junho
de 2014, serão o termômetro da mobilização partidária organizada, demonstração
de força e prestígio político das candidaturas.
Os caminhos imediatos serão estabelecidos em Encontro
Nacional de Organização, convocado para Brasília em 11 e 12 de março, onde se
destacarão questões como:
- As capitais serão o eixo desse esforço, dado o desempenho
insuficiente verificado nos últimos dois anos, e o papel que ocupam na vida do
país. Indica-se a realização de seminários e encontros para fazer um
diagnóstico dos problemas e traçar planos de ação, crescimento e organização
partidária. E propõe-se ao lado da ativação e ampliação dos Comitês auxiliares
dos Municipais, a instituição de um Fórum de Bases da Capital, com pivôs de
base bem definidos, para uma nova fase na ativação dos organismos diretamente
ligados à vivência do povo, propiciando troca de experiências, formulação de lutas
e potencialização de suas ações.
- Aprimorar e intensificar a intervenção nas lutas concretas
do povo e nas campanhas de massas. Serão instituídos em todos os estados Fóruns
dos Movimentos Sociais, coordenados pela Presidência e Secretaria de Movimentos
Sociais, amplos, plurais, com funcionamento mensal, para politizar e unificar a
pauta e a agenda dos comunistas em todos os movimentos, organizados ou
espontâneos.
- Instituir uma forte Campanha Nacional de Filiação, com
metas e instrumentos definidos. Essa expansão deve resultar em grande
mobilização nas Convenções partidárias de junho.
- Fortalecer a base material e financeira do Partido para
dar resposta às demandas de sua expansão e das diferentes frentes de trabalho.
Para isso é necessário aumentar arrecadação com base na política e nos
princípios e fazer crescer o número de militantes que contribuem
financeiramente, conforme estabelece os Estatutos.
São Paulo, 9 de fevereiro de 2014
O Comitê Central do Partido Comunista do Brasil-PCdoB.
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Boa tarde
ResponderExcluirSou assessora de imprensa de Aline Mariano, e estamos fazendo um levantamento de blogs do interior para incluí-los em nosso mailing. Para qual e-mail podemos enviar sugestões de pauta para seu blog? Meu contato é monalizabb@gmail.com
Grata
Monaliza