sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Presidente da Ucrânia denuncia golpe de Estado


Longe da capital, Kiev, onde opositores invadiram o palácio presidencial, o presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, denunciou ser vítima de um “golpe de Estado” em uma entrevista a uma emissora de TV ucraniana. Yanukovich também disse que não tem a intenção de renunciar nem de deixar o país, como disseram líderes da oposição. Ele está em Kharkov, no leste do país -- próximo à Rússia --, e diz que ficará lá porque "é mais seguro".


Logo depois, a Rada Suprema (Parlamento) destituiu Yanukovich e convocou eleições presidenciais antecipadas para o dia 25 de maio. A resolução foi adotada em caráter de urgência, sem debate prévio e, além disso, foi aprovada a libertação da ex-primeira-ministra e líder opositora Yulia Tymoshenko.

Ele ainda afirmou que todas as decisões tomadas pelo Parlamento neste sábado (22) – inclusive a libertação imediata da líder oposicionista Yulia Tymoshenko – são ilegais. O presidente comparou a situação na Ucrânia com a tomada do poder pelos nazistas na Alemanha na década de 1930, chamando os oposicionistas de “gângsters” e dizendo que não irá negociar com eles. "Adotamos duas leis sobre anistia, demos todos os passos que estabilizariam a situação política no país. Mas passou o que se passou", disse.

"Me estão informando que existem pessoas que estão sendo perseguidas. Eu faço todo o possível para defender o povo, para que possa comparecer ao trabalho e às escolas, e para deter o derramamento de sangue", afirmou. "Esta não é oposição, são bandidos. Na saída do Parlamento batem, lançam pedras e intimidam", criticou.

Um acordo assinado entre Yanukovich e os líderes da oposição na sexta-feira (21) determinou a realização de eleições presidenciais antecipadas no país e a volta à Constituição de 2004, que reduz os poderes presidenciais. O acordo também previa a formação de um "governo de unidade", em uma tentativa de solucionar a violenta crise política.

Os protestos começaram no final de novembro, quando Yanukovych decidiu recusar um acordo que aprofundaria os laços do país com a União Europeia (UE) e era negociado havia três anos. O presidente preferiu se aproximar da Rússia.

Análise

Para entender o que está acontecendo na ex república soviética, Opera Mundi conversou com Solange Reis, coordenadora do Opeu (Observatório Político dos EUA). Segundo ela, o que está em curso no país não é um levante popular, e sim um golpe da ultradireita, fomentado pelas potências ocidentais.

"O que está acontecendo na Ucrânia é uma clara derrubada do governo com ajuda externa", disse. De acordo com a especialista, a "tendência é olhar isso como uma manifestação popular para mudança de um regime. No entanto, as forças políticas de extrema-direita que participam nas manifestações têm forte influência de potência ocidentais, sobretudo União Europeia e EUA".

Fonte: Opera Mundi

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