segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Comoção popular e campanha eleitoral marcam enterro de Eduardo Campos


Recife recebeu, neste domingo (17), autoridades e milhares de populares que acompanharam o velório, a missa de corpo presente, as manifestações políticas com caráter eleitoral e o enterro do ex-governador de Pernambuco e candidato a presidente da República pelo PSB, Eduardo Campos, morto tragicamente em acidente aéreo em Santos (SP) na última quarta-feira (13).

 
 
 Os filhos, vestindo camisetas amarelas com as últimas palavras do pai, levaram o caixão.
Agência Brasil
 Os filhos, vestindo camisetas amarelas com as últimas palavras do pai, levaram o caixão.

 
Além da fila de populares, que se estendeu na frente do Palácio Campo das Princesas, sede do governo estadual, desde as primeiras horas da manhã, foram prestar condolências à família de Campos, a presidenta Dilma Rousseff, o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva e outras lideranças políticas. No embate eleitoral em curso, Campos se perfilou na oposição à coalizão progressista liderada pela presidenta Dilma Rousseff, mas Pernambuco e o Brasil se despediram com emoção do líder do PSB, relembrado pela sua história de luta pela democracia e em defesa dos interesses nacionais, e como um governador que levou desenvolvimento a seu estado e se empenhou pelo bem-estar do povo.

Os restos mortais do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos e de três assessores dele chegaram na noite de sábado (16) no Recife. Por cerca de três horas, o desfile em carro aberto do Corpo de Bombeiros passou por várias ruas do Recife acompanhado por centenas de pessoas e de carros. Ao lado do caixão, três dos cinco filhos de Eduardo Campos comandam as saudações ao ex-governador. Renata Campos, viúva de Eduardo, levou Miguel, filho mais novo do casal dentro da cabine da viatura, ao lado de Cecília Ramos, viúva do jornalista Carlos Percol, assessor de imprensa de Campos, também morto no acidente.

Desde o início da manhã, pernambucanos de vários lugares do estado se concentravam no local à espera do último adeus. Alguns chegaram a dormir sentados encostados na cerca montada pelo governo do pernambucano para organizar a passagem pelos caixões.

Pessoas enroladas a bandeiras do Brasil, de Pernambuco, do Náutico – time de coração do ex-governador – acompanharam com palmas o transporte da urna com os restos mortais do ex-presidenciável da viatura do Corpo de Bombeiro até o local do velório. 

Familiares, amigos, políticos, correligionários também prestaram reverência. Marina Silva, vice de Campos na chapa do PSB à Presidência, ficou alguns instantes ao lado do caixão (coberto pelas bandeiras do Brasil, de Pernambuco e do PSB).
 
Todo o ritual da despedida de Eduardo Campos teve, além da comoção popular pela liderança que ele representava em Pernambuco, forte conotação política-eleitoral. De acordo com a reportagem do sítio Brasil 247, Marina Silva mostrava-se mais descontraída do que sugeria seu discurso oficial. Sorridente, tirou muitas fotos com populares, produzindo cenas para exibição na campanha eleitoral.Logo depois da morte de Eduardo Campos, a ex-senadora acriana chegou a insinuar através de assessores que estaria mais abalada do que a própria viúva, Renata Campos. A dirigente da Rede disse ainda que não assumiria compromissos políticos nem faria política, mas usou o velório como palanque para sua eventual candidatura a presidente da República, substituindo Eduardo Campos. Mesmo familiares do líder morto fizeram política durante as cerimônias fúnebres, marcando posição e demarcando espaço na luta que se abre em torno de quem se apropria da herança política do ex-governador pernambucano.

Por seu turno, o senador Jarbas Vasconcelos, também ex-governador de Pernambuco, deu grandes demonstrações de oportunismo durante as cerimônias fúnebres. Jarbas, que já foi um dos maiores inimigos políticos de Eduardo Campos e com ele se recompôs recentemente, fazia críticas à presença da presidenta Dilma nas homenagens ao líder morto e dava declarações de ingerência nos assuntos internos do PSB pretendendo antecipar a decisão sobre a indicação de quem assume a candidatura a presidente da República no lugar de Campos. 

Pela manhã, foi celebrada a missa de corpo presente pelo arcebispo de Recife e Olinda, dom Fernando Saburido. Milhares de pessoas lotaram a Praça da República para último adeus a Eduardo Campos e se deslocaram no cortejo fúnebre até o cemitério Santo Amaro, onde foi feito o sepultamento no início da noite deste domingo (17).

Candidatura

O presidente do PSB, Roberto Amaral, lançou neste domingo (17) o processo de consultas internas do partido para substutuir a candidatura de Eduardo Campos à Presidência da República. Com a morte do ex-governador de Pernambuco, a coligação Unidos pelo Brasil deve formalizar no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no prazo de dez dias, a partir da data do acidente que vitimou o presidenciável, novos candidatos para presidente e vice. 

“Sepultado nosso líder, o PSB abre o processo de consultas visando à construção de alternativa política consensual a ser adotada pela sua Executiva Nacional, instância partidária adequada para decisões dessa magnitude. Com esse objetivo, o presidente do PSB inicia consultas, começando pela companheira Renata Campos [viúva de Campos], a vice Marina Silva e os partidos que integram a coligação Unidos pelo Brasil”, informa a nota do partido.

O partido destacou também em nota que a decisão sobre o substituto será tomada na quarta-feira (20), em reunião da Executiva Nacional, em Brasília. 

Com agências

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