Eduardo, sabe quem desistiu do Brasil ?
Eduardo, eu precisava te dizer: não fui eu, nem o povo brasileiro, nem Lula, nem Dilma que desistimos do Brasil. Quem desistiu do Brasil, meu caro, foram os mesmos que hoje estão chafurdando em cima das circunstâncias que envolvem o acidente que de forma lamentável tirou você do nosso convívio. Fazem isso com o motivo único e claro de desgastar a reeleição de Dilma e entregar o país nas mãos de quem, de fato, desistiu do Brasil.
O Bonner, a Poeta, a Miriam, o Alexandre Garcia estão te
elogiando, Eduardo !
O Conversa Afiada reproduz do Blog do Saraiva carta de
Carlos Francisco da Silva, de Bezerros (PE), a Eduardo Campos:
Carta a Eduardo Campos
Eduardo, você não imagina o quanto eu e todo povo
pernambucano estamos lamentando a tua trágica e inesperada partida. Temos
muitos motivos para isso. Primeiro, pela falta que irás fazer a tua família e
aos teus amigos. Depois, pelo exemplo de homem público que representavas para o
nosso estado e para o Brasil.
No entanto, eu tenho um motivo particular para lamentar a
tua morte. Depois da tua entrevista no Jornal Nacional, eu fiquei com muita
vontade de te encontrar, de apertar a tua mão, olhar no teu olho e te
perguntar: Quem disse que eu desisti do Brasil, Eduardo? Infelizmente, no dia
seguinte, ocorreu o trágico acidente e eu nunca vou poder te dizer isso.
Eduardo, não fui eu, nem o povo brasileiro que desistimos do
Brasil.
Quem desistiu do Brasil foram setores da política e da mídia
brasileira, quando promoveram o golpe militar de 1964 que mergulhou o nosso país
em 21 anos de ditadura militar e que submeteu o povo brasileiro aos anos mais
difíceis de nossa história. Inclusive, sua família foi vítima na carne daquele
momento, quando o seu avô e então governador de Pernambuco, o inesquecível
Miguel Arraes, foi retirado à força do Palácio do Campo das Princesas e levado
ao exílio.
Eduardo, você não imagina o que essa mesma mídia está
fazendo com a tragédia que marcou a queda do teu avião. Eu nunca pensei que um
dia pudesse ver carrascos do jornalismo político brasileiro como Willian
Bonner, Patrícia Poeta, Alexandre Garcia e Miriam Leitão falando tão bem de um
homem público. Os mesmos que, um dia antes do acidente, quiseram associar a tua
imagem ao nepotismo no Brasil choram agora a tua morte como se você fosse a última
esperança do povo brasileiro ver um Brasil melhor. Reconheço as tuas
qualidades, governador, mas não sou ingênuo para acreditar que sejam elas o
motivo de tanta comoção no noticiário político brasileiro.
A pauta dos veículos de comunicação conservadores do Brasil
sempre foi e vai continuar sendo a mesma: destruir o projeto político do
partido dos trabalhadores que ameaça por fim às concessões feitas até então a
eles. O teu acidente, Eduardo, é só mais uma circunstância explorada com esse
fim, do mesmo jeito que foi o mensalão, os protestos de julho e a refinaria de
Pasádena. Se amanhã surgir um escândalo “que dê mais ibope” e ameace a
reeleição de Dilma, a mídia não hesitará em enterrar você de uma vez por todas.
Por enquanto, eles vão disseminando as suposições de que foi Dilma quem sabotou
o teu avião, e que fez isso no dia 13 justamente pra dizer que quem manda é o
PT. Pior do que isso é que tem gente que acredita e multiplica mentiras e ódio
nas redes sociais.
Lamentável! A Rede Globo e a Veja não estão nem aí para a
dor da família, dos amigos e dos que, assim como eu, acreditavam que você não
desistiria do Brasil. Você é objeto midiático do momento.
Eduardo, não fui eu quem desistiu do Brasil. Quem desistiu
foi o PSDB, que após o regime militar teve a oportunidade de construir um novo
projeto de nação soberana e, no entanto, preferiu entregar o Brasil ao FMI e ao
imperialismo norte americano, afundando o Brasil em dívidas, inflação,
concentração de renda e miséria. O mesmo PSDB que, antes do teu corpo ser
enterrado, já estava disseminando disputas entre o PSB e REDE para inviabilizar
a candidatura de Marina, aliança que custou tanto a você construir.
Eu não desisti do Brasil, Eduardo. Quem desistiu foi a
classe média alta que vaiou uma chefe de Estado num evento de dimensões como a
abertura de uma copa do mundo porque não se conforma com o Brasil que distribui
renda e possibilita a ricos e pobres, negros e brancos as mesmas oportunidades.
E tem mais uma coisa, Governador. Se ao convocar o povo
brasileiro para não desistir do Brasil o senhor quis passar o recado de que
quem desistiu foi Lula e Dilma, eu gostaria muito de dizer que nem eu, nem o
povo e, nem mesmo o senhor, acredita nisso. Muito pelo contrário. A gente sabe
que o PT resgatou o Brasil do atraso imposto pelo nosso processo histórico de
colonização, do intervencionismo norte americano e da recessão dos governos
tucanos. Ao contrário de desistir do Brasil, Lula e Dilma se doaram ao nosso
povo e promoveram a maior política de distribuição de renda do mundo, através
do bolsa família. Lula e Dilma universalizaram o acesso às universidades
públicas através do PROUNI, do FIES e do ENEM. Estão criando novas
oportunidades de emprego e renda através do PRONATEC e estão revolucionando a
saúde com o programa mais médicos.
Eduardo, eu precisava te dizer: não fui eu, nem o povo
brasileiro, nem Lula, nem Dilma que desistimos do Brasil. Quem desistiu do Brasil,
meu caro, foram os mesmos que hoje estão chafurdando em cima das circunstâncias
que envolvem o acidente que de forma lamentável tirou você do nosso convívio.
Fazem isso com o motivo único e claro de desgastar a reeleição de Dilma e
entregar o país nas mãos de quem, de fato, desistiu do Brasil.
Descanse em paz, Eduardo. Por aqui, apesar da falta que você
vai fazer a todo povo pernambucano, eu, Lula, Dilma e os brasileiros que
acreditam no futuro do Brasil vamos continuar na luta, porque NÓS NUNCA DESISTIREMOS
DO BRASIL.
Carlos Francisco da Silva, de Bezerros (PE)
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