A rigor, não é novidade, todo mundo sabe que o império Globo se formou com ajuda direta dos Estados Unidos. Os documentos reproduzidos ontem pelo GGN são, apenas, uma confirmação do óbvio. A história de Roberto Marinho com o golpe de 64 tem duas partes.
Na primeira, antes, é um personagem secundário, embora não insignificante.
O Globo era um jornal de segunda linha, e sua rádio, embora importante, também não era a maior, embora já tivesse aberto seus microfones, dez anos antes, para Carlos Lacerda investir contra Getúlio Vargas. Sobre isso, aliás, indico a leitura do trabalho de Lia Calabre, coordenado por minha boa amiga Ana Baum,Conspirações Sonoras.
A cumplicidade da Globo com os militares se intensifica após o golpe, quando acabam de derrubar o combalido império de Assis Chateaubriand, àquela altura já entrevado pelo por um AVC e as paralisias que este causou.
E que, na passagem dos anos 60 para os 70, transformou-a na grande e onipotente rede de comunicação – e de dominação – que o regime precisava.
Marinho sempre soube ser um negociador esperto.
Propunha-se a servir, mas o fazia de forma a que, na verdade, fosse servido.
Ficou mais rico e poderoso do que qualquer dos generais que apoiou e, depois, dos civis a quem fez presidentes ou deu suporte: Sarney e seu Cruzado e Collor, que plantaria a semente da entrega do Estado brasileiro, regada e vicejante depois, com Fernando Henrique.
Sem ele, seu império decadente continua a imperar menos por seu próprio poder do que pela covardia de enfrentá-lo.
*Jornalista
Fonte: Tijolaço
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