Acesse abaixo os principais trechos da intervenção de Socorro Gomes – Presidente do Conselho Mundial das Paz: Para pesquisa dos alunos (clique abaixo em mais informações)
Ocorreu nos dias 20 e 23 de julho, da Assembleia Geral do
Conselho Mundial da Paz, em Katmandu, Nepal. Na ocasião, a brasileira Socorro Gomes foi reeleita presidenta da
entidade. Socorro fez um pronunciamento contundente de denúncia das agressões
imperialistas e um chamamento à resistência e luta dos povos.
O mundo vive graves
impasses. Uma persistente crise econômica torna o cotidiano dos trabalhadores
insuportável. Ninguém sabe se no dia seguinte terá assegurado o seu emprego e o
sustento para si e suas famílias. A sobrevivência dos trabalhadores torna-se
dramática. Seus direitos são alvo de uma ofensiva sem precedentes do sistema
capitalista. O que se tira da mesa dos trabalhadores é dado aos bancos. Ela
continua:
Aumentam os conflitos
políticos, as contradições entre as próprias potências imperialistas, a
concorrência por mercados e zonas de influência, a rivalidade pelo domínio do
mundo. Tudo isso resulta em ameaças à paz e à segurança internacional.
Estão em curso
significativos realinhamentos na correlação de forças mundial, com o declínio
histórico relativo dos EUA e a emergência de novas potências econômicas
globais.
Intensifica-se a
agressividade imperialista. Os focos de tensão e guerra regionais multiplicam-se:
na Ásia, na África e no Oriente Médio.
É no quadro de crise
que aumenta a instabilidade política e se intensificam as ameaças às nações
soberanas e aos povos. Apesar da retórica “multilateralista” e pacifista das
potências imperialistas, o que se vê é o aumento da agressividade e do
militarismo destas mesmas potências.
A administração de Obama seguiu em essência os
caminhos do seu antecessor. Do ponto de vista dos interesses estratégicos,
ambos defendem a supremacia política e militar estadunidense no mundo. Tanto
uma como outra facção política – os republicanos e os democratas – empenham-se
alternadamente na defesa dos interesses imperialistas desta superpotência e o
fazem por todos os meios, recorrendo ao militarismo e à guerra.
Obama continuou as
guerras de Bush. Prossegue a ocupação militar do Afeganistão, considerado pelos
agressores como centro da chamada “guerra ao terrorismo”, conceito que se
incorporou à doutrina de segurança nacional dos Estados Unidos e condiciona
suas ações de política externa, assim como a estratégia militar.
Seguindo o mesmo curso de primazia militar, os Estados
Unidos têm quase um milhar de bases militares espalhadas pelo mundo. A grande
máquina de guerra dos Estados Unidos custa US$ 1,5 trilhão ao ano, valor que
corresponde a 43% dos gastos militares em todo o mundo.
Um dos pilares da
política militar do imperialismo norte-americano é o aumento da presença na
América Latina e no Caribe. Os mais significativos exemplos disso são a
existência da 4ª Frota da Marinha de Guerra dos Estados Unidos e o aumento do
número de bases militares.
Outra movimentação
recente do imperialismo estadunidense no sentido de aumentar sua presença
militar no mundo foi a criação do Comando Africano, ou Africom. Através desse
novo mecanismo, os imperialistas estadunidenses pretendem controlar
militarmente o continente africano, hoje alvo de disputa com outras potências.
Chama ainda a atenção a luta pelo controle do Oceano Índico.
Em maio de 2010, teve
lugar a Conferência das Nações Unidas sobre a Revisão do Tratado de Não
Proliferação Nuclear. Na ocasião, o Conselho Mundial da Paz participou de
grandes manifestações populares pelo desarmamento e de fóruns em que difundiu
suas posições sobre o tema.
Nunca é demais
proclamar a luta contra a ameaça nuclear, bandeira histórica do nosso
movimento. Nesta assembleia de Katmandu, mais uma vez dizemos ao mundo que é
necessário eliminar as armas nucleares, que constituem uma ameaça à própria
sobrevivência da humanidade.
O Oriente Médio
continua vivendo situação tensa e explosiva. Nesse período ocorreram revoltas
populares, lutas democráticas, levantes de rua e a queda de regimes ditatoriais
ligados ao imperialismo norte-americano e europeu. Foi o caso principalmente
das lutas na Tunísia e no Egito.
O Conselho Mundial da
Paz apoiou e apoia as justas reivindicações das massas populares desses países,
as lutas democráticas e contra a corrupção e a repressão. Ao mesmo tempo,
alertamos que o imperialismo tentou e tenta manipular esses legítimos
sentimentos para manter o controle da situação, derrubar do poder os governos
que não se submetem aos seus ditames e aplicar os seus velhos planos de
“reestruturação” do Oriente Médio, com a finalidade de instalar no poder
regimes dóceis e submissos, adaptáveis aos seus interesses.
Ao mesmo tempo, o
imperialismo continua dando mão forte a regimes reacionários, em países onde
estão instaladas suas frotas guerreiras e bases militares e que margeiam as
rotas petrolíferas marítimas.
O Estado sionista de
Israel continua sendo o principal sustentáculo das potências imperialistas na
região e o principal freio à libertação do povo palestino.
Esse Estado,
militarizado e possuidor de armas nucleares, aumenta cada vez mais sua política
agressiva, intensifica a instalação de assentamentos nos territórios palestinos
e a construção do muro de separação, impõe condições inaceitáveis aos
palestinos, exige dos demais países primazia para a segurança de Israel, nega
liminarmente o reconhecimento de um Estado palestino livre e independente com
território contínuo e forças armadas próprias.
Com irrefreável
apetite expansionista, expulsa os palestinos das suas terras, não escondendo
suas inclinações para a limpeza étnica e o genocídio.
Israel desrespeita e
viola sistematicamente o direito internacional e as resoluções da ONU
concernentes ao conflito árabe-israelense.
Atualmente, está em
curso uma escalada de pressões, ingerências e ameaças de agressão contra a
Síria. Configura-se o cenário para uma intervenção militar no país. As
potências imperialistas financiam e armam hordas de mercenários oriundos do
Iraque, da Líbia e da Turquia, com o objetivo de disseminar o terror e
desestabilizar o país.
O que as potências
imperialistas discutem agora é se a intervenção teria ou não a cobertura de uma
resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas, razão pela qual insistem
no apoio diplomático da Rússia e da China para esse fim.
Também o Irã está sob
ameaça de ataque das potências imperialistas, acusado de violar os direitos
humanos e de fabricar a bomba atômica.
Já vimos a que levou
a ação das forças imperialistas na Líbia. Sob o pretexto de apoiar a oposição
ao governo do país e supostamente defender a população de ações repressivas,
essas forças primeiramente instrumentalizaram uma resolução do Conselho de
Segurança da ONU que estabelecia a criação de uma “zona de exclusão aérea”.
Depois, essas
potências usaram essa resolução para realizar bombardeios que atingiram cidades
e povoados e acarretaram milhares de vítimas na população civil.
Fizeram uma guerra
que claramente excedia o mandato do Conselho de Segurança e constituía, uma vez
mais, um ato de violação à carta das Nações Unidas. Por fim, as potências
agressivas derrubaram o governo líbio e criaram as condições para o bárbaro
assassinato do seu líder. Esses atos no país do Norte da África são reveladores
do ponto a que podem chegar as forças imperialistas. Já tinham feito isso no
Iraque, onde além da intervenção militar assassinaram o ex-presidente da
República.
Por isso, insistimos
na denúncia de que os imperialistas pretendem fazer o mesmo na Síria, o que
deve soar como um sinal de alarme para os lutadores da paz em todo o mundo.
É necessário realizar
ações militantes, pois somente a mobilização dos povos, das forças do progresso
social, da justiça e da paz, irmanadas com os movimentos dos trabalhadores,
poderão deter a mão criminosa do imperialismo agressor.
Os Estados Unidos
fazem sistematicamente por meio dos ataques com os aviões não tripulados
“drones”, na fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão, onde não poupam a
vida das populações civis. Os crimes cometidos causam a indignação dos
democratas e anti-imperialistas em todo o mundo e provocam reações até mesmo
nos EUA.
Para realizar essas
políticas, as potências imperialistas se utilizam dos seus instrumentos de
força. Ostentam o poderio nuclear, instalam bases militares em todas as
regiões, criam novas armas de destruição em massa e escudos antimísseis e
principalmente reforçam o seu principal instrumento agressivo – a Organização
do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Em 2010, a Otan
realizou sua reunião de cúpula em Lisboa, onde adotou nova doutrina
estratégica. Na ocasião, o Conselho Mundial da Paz participou de manifestação
de massas organizada pelo Conselho Português pela Paz e Cooperação, quando
dezenas de milhares de pessoas exigiram o desmantelamento dessa máquina de
guerra.
Agora, no passado mês
de maio, teve lugar em Chicago mais uma reunião de cúpula dessa organização.
Toda vez que a Otan se reúne, os direitos democráticos dos povos, a segurança
internacional e a paz mundial são ameaçados.
O novo conceito
estratégico é um passo adiante para concretizar os planos intervencionistas do
imperialismo. Mais uma vez, estão em pauta a corrida aos armamentos, o
investimento em novas armas e a ampliação de sua rede mundial de bases
militares.
A Otan, baseada no
novo conceito estratégico, agora intervém em qualquer região do mundo. Os
pretextos para tais intervenções são os mais variados, invocados de acordo com
interesses conjunturais e de longo prazo. Defender a “democracia”, os “direitos
humanos”, evitar “tragédias humanitárias”, afastar do poder “ditadores”,
prevenir “o terrorismo”, proteger o planeta de “ameaças ambientais” e
defender-se de “ataques cibernéticos”, entre outros, são os pretextos
catalogados pelo novo conceito estratégico da Otan para realizar intervenções
militares.
O novo conceito
estratégico mantém a opção de utilizar as armas nucleares e assegura a
permanência das instalações nucleares dos Estados Unidos no território de
outros países membros da Otan.
A cúpula de Chicago
da Otan consagrou o projeto de instalar na Europa novos sistemas de míssil com
caráter ofensivo, como o “escudo antimíssil” dos EUA.
Segundo o novo
conceito estratégico, a Otan estabelecerá as chamadas “parcerias” com países,
organizações regionais e internacionais. Entre outras regiões, pretende
estabelecer pactos militares no Atlântico Sul.
Companheiras e
companheiros, queria mencionar também o cenário latino-americano. A tendência
principal na América Latina continua sendo a do aprofundamento das conquistas
democráticas e patrióticas que se sucedem às vitórias políticas das forças
progressistas em muitos países.
O crescimento da
lutas democráticas e anti-imperialistas na América Latina e Caribe tem grande
relevância para o avanço da luta pela paz no mundo.
Diante de tão graves
ameaças à humanidade, são grandes os desafios que têm diante de si os que lutam
pela paz no mundo. É necessário enfrentar essas ameaças, organizar o
levantamento dos povos, opor-se aos planos militaristas e belicistas das
grandes potências, resistir e lutar, defender a paz, ampliar a resistência e a
luta, reforçar o movimento pela paz em todo o mundo, fortalecer o Conselho
Mundial da Paz e os movimentos anti-imperialistas.
Somente a luta dos
povos porá fim à ordem internacional iníqua e construirá o futuro de paz. Essas
lutas confirmam a necessidade de fortalecer o movimento pela paz, o CMP, em
ação militante e combativa e em aliança com os trabalhadores e todas as forças
anti-imperialistas. Desde Katmandu, reafirmamos aos povos do mundo a nossa
convicção de que o imperialismo não é invencível, será derrotado.
Muito obrigada,
Socorro Gomes
Katmandu, Nepal, 21
de julho de 2012
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