terça-feira, 9 de julho de 2013

DEDÉ RODRIGUES: “NÃO EXISTE MOVIMENTO SOCIAL APOLÍTICO, NEM DEMOCRACIA SEM PARTIDO”.


I PARTE.
Dizia um dos maiores pensadores que a humanidade produziu chamado Karl Marx que nunca devemos julgar um fenômeno pela sua aparência é preciso ir a essência dele para compreendê-lo. Pois bem, o fenômeno social que surgiu no mês de junho no Brasil, liderado inicialmente pelo MPL (Movimento Passe Livre) em São Paulo, apesar de novo na aparência, tem no seu conteúdo o conflito político entre o velho e o novo. De novo poderíamos identificar a força da mobilização por intermédio das redes sociais e a falta de lideranças visíveis no movimento. Nós ainda não vemos essas lideranças, mas na verdade elas existem. Inicialmente era o MPL e depois começou a ser comandado por lideranças difusas, inclusive, uma minoria que liderava o quebra-quebra. Nesse momento surge o conflito entre os que lideravam um movimento pacífico e os que lideravam os atos de vandalismo. Não ter liderança tradicional ou conhecida não significa falta de lideranças. É claro que essas lideranças, apesar de não visíveis ainda,  são produzidas nas redes sociais e no calor das manifestações. Mas ainda tem o perigo das lideranças sem rosto, ou com rostos encobertos que podem ser forças da direita, camufladas, estimuladas ou até financiadas por forças obscuras inimigas da nação. O que existe de velho nesse movimento? Existe algum movimento social que não seja político?





De velho são as bandeiras defendidas no movimento, combate a corrupção, melhora na saúde e educação, são bandeiras antigas dos partidos da esquerda no Brasil e dos tradicionais movimentos sociais com fortes vínculos partidários.  Nessa linha de raciocínio esse também é um movimento político. Mas por que os partidos, notadamente da esquerda, foram inicialmente agredidos por parte desses manifestantes quando foram levar o apoio as causas que sempre defenderam? Teriam eles também parcelas de culpa desse descontentamento por estarem no comando da nação? Qual é o peso da contribuição da mídia golpista e da Rede Globo nesse descontentamento? Quais seriam as forças que teriam interesse em instalar o caos no Brasil? O que os partidos progressistas e os movimentos sociais tradicionais devem fazer nesse momento? Penso que cada questão dessas precisa ser respondida e tem a sua cota de contribuição que tentaremos responder na segunda parte. Penso também que é importante destacar que não há democracia sem partido político. Os Anarquistas também defendiam isso, ou seja, eram contra aos partidos, as doutrinas etc. Mas nunca chegaram ao poder para implementar as suas propostas. Muitos viraram comunistas porque compreenderam que esse caminho não levaria a lugar algum. Talvez a afirmação de líder do MPL Lucas Monteiro no Congresso Brasileiro  que disse durante comissão geral que debatia a política de transporte público no Brasil. “Agora em 2013, essa foi a principal vitória que conseguimos, depois de muito trabalho e mobilização” e, o golpe que líderes de partidos conservadores, junto a aliados da presidenta Dilma, acabam de dar no Congresso no plebiscito proposto por ela substituindo por uma comissão no congresso que vai discutir a questão para talvez realizar depois um referendo, ficando só os líderes do PT, PC do B e PDT insistindo em ouvir o povo para moralizar a política no Brasil, inclusive, decidindo coletar assinaturas no Congresso para tentar reverter à questão sirvam de exemplos para a juventude mobilizada. A corrupção está enraizada no modelo político de financiamento privado de campanhas no Brasil. Esperamos que esses dois exemplos sirvam para alguns manifestantes refletiram sobre a importância dos governos progressistas e dos partidos políticos da esquerda para ampliar as conquistas sociais e a democracia direta no Brasil. No próximo número continuaremos aprofundando esse fenômeno social. 
 

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