segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Manifesto do Partido Comunista: 168 anos e ainda atualíssimo


O Manifesto é um pequeno grande livro, uma das obras de maior impacto da História pelo poder da sua análise sintética sobre a sociedade capitalista que se consolidava na primeira metade do século 19 e por apontar o que seria, segundo eles, o melhor caminho para a humanidade: uma ampla união dos proletários em torno da tomada do poder político e iniciar a construção de uma nova sociedade, a comunista, projeto que passaria por uma transição a qual chamaram de Socialismo. 

Por Altair Freitas


Foice e martelo, instrumentos que mais tarde se tornaram símbolo do comunismoFoice e martelo, instrumentos que mais tarde se tornaram símbolo do comunismo
Ao estabelecer as distinções fundamentais sobre a estrutura de classes no capitalismo, as diferenças entre "Burgueses e Proletários", apresentar a grande falácia que a burguesia comete ao falar sobre "liberdade" e "propriedade privada" e um conjunto mais amplo de fenômenos políticos e ideológicos que são típicos do capitalismo como sistema, Marx e Engels criavam um Programa de Luta para um partido, a "Liga dos Comunistas", em uma Europa sacudida por grandes revoluções populares, processo que se estendia já há cerca de cinquenta anos desde a Revolução Francesa de 1789. Revoluções que tinham resultado na chegada ao poder pela burguesia e na consolidação do capitalismo como sistema econômico, político e ideológico naquela região do mundo e que se espalharia para o restante do mundo dali para frente. 


Sendo um Programa de luta, o Manifesto não é apenas uma análise sobre o capitalismo, mas, acima de tudo, uma proposta concreta de como o proletariado deveria iniciar a construção do Socialismo nos países mais industrializados daquela época, notadamente a Alemanha, França e Inglaterra. Aquele programa, e suas medidas centrais, alertavam eles, seriam diferentes em países diferentes, ou seja, era preciso ter como pressuposto fundamental as condições concretas para sua implementação conforme o grau de desenvolvimento de cada país. Ao mesmo tempo, se criaria um processo pelo qual o proletariado, em escala global, teria como missão histórica superar as amarras impostas pelo nacionalismo tacanho comandado pelas burguesias nacionais e buscar construir uma grande nação proletária internacional. 

Cumpre destacar que aquilo o que é essencial na interpretação apresentada no "Manifesto" sobre a sociedade capitalista segue perfeitamente válido, posto que o capitalismo, de lá para cá, não apenas preservou a sua essência - trabalho coletivo e apropriação privada da riqueza socialmente produzida - como gerou enormes contradições, conflitos e hecatombes inimagináveis desde aquele final de primeira metade do século 19. De lá para cá África e Ásia foram invadidas e saqueadas impiedosamente pelas potências industriais europeias, ocorreram duas gigantescas guerras mundiais que geraram quase 100 milhões de mortos durante os conflitos, um sem número de guerras localizadas, lutas de independência, revoluções de caráter socialista ou de democracia popular para tentar se livrar do capitalismo, etc. Logo, longe de ser uma obra datada e superada pela história, a essência do Manifesto segue preservada. 

Não a toa, lá pelas tantas, na sua segunda parte "Proletários e Comunistas", Marx e Engels lançam a provocação: "Você está horrorizado com a nossa intenção de acabar com a propriedade privada. Mas, na sua sociedade existente, a propriedade privada já acabou para nove décimos da população. A sua existência para os poucos deve-se simplesmente à sua não-existência nas mãos desse nove décimos". Em um mundo abalado há quase uma década por mais uma crise do capitalismo e o qual, segundo a ONU, 1% da população mundial tem mais riqueza do que os demais 99%, o Manifesto segue absolutamente atual.

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