segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

REFLEXÃO POLÍTICA DO DIA

A política está nas mãos do povo, pela democracia e pelo avanço social

Se houvesse necessidade de demonstração, ela foi feita na manhã de quarta-feira (17) – centenas de manifestantes foram ao Fórum da Barra Funda, em São Paulo, contra a tentativa de criminalizar o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. Defrontaram-se com um punhado de direitistas que querem o impeachment e o golpe militar, e enfrentaram provocações: atiraram pedras e outros objetos contra os apoiadores de Lula e tentaram inflar o ridículo boneco Pixuleco. Foram impedidos.   

Por José Carlos Ruy


Foto: Joanne Mota
  
A disposição de luta da militância demonstrou que qualquer tentativa ilegal de interrupção do mandato da presidenta Dilma Rousseff, ou de enxovalhar a imagem pública de Lula para prejudicar sua eventual candidatura em 2018, poderão conflagrar o país. O povo manifestou, na Barra Funda, a disposição de ir à luta para impedir qualquer inflexão ilegal, antidemocrática e direitista da política nacional. Foi uma manifestação clara!
 
Lula demonstra outra vez a vocação de “clara em neve” – quanto mais se bate, mais cresce! Os militares da ditadura o prenderam, em 1979 e1980, e a consequência foi fatal para eles – o prestígio do então dirigente sindical aumentou e as greves operárias cresceram, ao invés de diminuir! O efeito de sua prisão, naquela conjuntura, foi ajudar a derrotar a ditadura militar.
 
Hoje há uma situação semelhante. Bombardeado diariamente pela mídia golpista e mentirosa, Lula está firme no coração dos brasileiros. No final do ano passado uma pesquisa feita pelo Datafolha mostrou que ele é considerado o melhor presidente da República de toda a história por 39% das pessoas, sendo seguido, de longe, por Fernando Henrique Cardoso, indicado por apenas 16% das pessoas. 
 
Os motivos da fúria da direita
 
Este talvez seja um dos motivos do furor da direita. Ante a iminência da derrota da tentativa golpista de encerrar o mandato da presidenta Dilma Rousseff, ficou urgente para os conservadores e fascistas brasileiros desconstruir a imagem do ex-presidente! 
 
A manifestação que ocorreu na Barra Funda foi mantida mesmo depois da Justiça cancelar o depoimento de Lula e de Marisa Letícia, a ex-primeira-dama, em um processo movido a pretexto de apurar denúncias referentes a um imóvel atribuído ao casal, no Guarujá, e ao sítio usado por eles em Atibaia (SP). O objetivo real era gerar imagens de Lula comparecendo à Justiça para, com elas, tentar atestar a veracidade das alegações contra ele e enxovalhar sua imagem e prejudicar sua eventual candidatura em 2018.
 
Na Barra Funda, a luta de classes que ocorre na sociedade brasileira quase foi às vias de fato e ao confronto. Foi uma amostra da capacidade e vontade da reação popular diante de ameaças aos avanços democráticos ocorridos nos últimos anos. A direita revela a intenção permanente de eliminar aqueles ganhos sociais, políticos e econômicos; contra ela e seus privilégios, o povo saiu às ruas em defesa de mais mudanças e da consolidação da democracia.
 
A direita mantém espaços de poder
 
Embora esteja afastada do governo da República desde o fracasso do governo neoliberal de Fernando Henrique Cardoso na eleição de 2002, a direita brasileira mantém importantes espaços de poder na sociedade e no Estado. Seu enorme peso no sistema financeiro dá a ela condições de exigir uma política econômica favorável ao rentismo e à especulação, criando fortes obstáculos contra as tentativas desenvolvimentistas postas em prática nos últimos anos. Tem enorme presença na mídia hegemônica. Embora suas publicações apodrecem nas bancas de jornal e recuem em audiência nas televisões, os miasmas fétidos que exalam deturpam consciências e amesquinham a compreensão das mudanças em curso. A outra “perna” da direita tem presença cativa no aparelho de Estado, onde setores do judiciário e da polícia atuam de forma abertamente faccional e seletiva, investigando apenas acusações contra políticos da esquerda e mudancistas, poupando aqueles da preferência partidária e ideológica da direita.
 
A luta de classes, cuja face mais visível está nas ruas, ocorre também na esfera institucional. O Estado, ao longo do século 20, incluiu crescentemente a representação dos interesses populares e dos trabalhadores, e se transformou também numa arena dos confrontos entre os donos do dinheiro e o conjunto da sociedade, que exige crescentemente mais e melhores direitos sociais. 
 
No Brasil de nossos dias esta é uma realidade palpável. A incorporação, mesmo que ainda inicial, de enorme contingente da população ao protagonismo político e social e aos benefícios econômicos que a sociedade oferece, encontra forte oposição entre aqueles que sempre se beneficiaram da enorme desigualdade que há no país, e não aceitam a mudança que tende a eliminá-la.
 
Até 2003 dizia-se sem pudor que o governo e o Estado atendiam 1/3 dos brasileiros, e os demais formavam a massa dos “excluídos”. Isso começou a mudar, e incomoda a muitos que se beneficiavam daquela situação injusta.
 
Defesa de Lula e das mudanças em curso
 
Este é o contexto da verdadeira guerra de cerco e aniquilamento movida pela direita e seus propagandistas contra Dilma Rousseff, os governos progressistas, os partidos que o apoiam, sobretudo o Partido dos Trabalhadores. E contra Luís Inácio Lula da Silva e seus familiares. Disfarçam esta ação como se fosse a luta contra a corrupção. Não é, mas sim o esforço sorrateiro de defender a permanência dos privilégios da elite conservadora e direitista, que a sociedade brasileira não aceita mais. 
 
A semana foi marada pela defesa do projeto de mudanças em curso no país, e de seu símbolo maior - Luís Inácio Lula da Silva. Na segunda feira (15) a reunião, em São Paulo, do Conselho Político da Presidência do PT marcou o movimento efetivo do partido em defesa de seu principal dirigente e militante, o ex-presidente Lula. Aquele Conselho Político avaliou a intensa ofensiva da oposição de direita, da mídia conservadora e de setores do judiciário contra Lula e a esquerda. 
 
O debate foi orientado por um texto em "defesa da democracia ameaçada", disse o presidente do PT, Rui Falcão, e marcou a decisiva tomada de posição do partido conta a direita golpista. "O ataque a Lula é um ataque a determinado projeto de Nação, a todo projeto de Nação que se assente na busca de justiça, igualdade, liberdade, inclusão e participação de todos”, disse aquele documento; “é a confissão maior, pelas elites golpistas, de que não conseguirão impor o retorno de uma dominação excludente através de qualquer disputa que seja pautada pelo respeito às regras do jogo democrático".
 
Entre outras arbitrariedades, o documento citou a pretensão antidemocrática de golpistas do PSDB de cassar o registro legal do Partido dos Trabalhadores, repetindo “de forma grotesca o golpe judicial perpetrado no imediato pós-Guerra contra um partido político brasileiro que colhia forte aprovação popular”, embora não diga explicitamente o nome do partido então atingido faz quase 70 anos: o Partido Comunista do Brasil. 
 
O documento apoiou o combate à corrupção e aos corruptos - mas rejeitou o uso político das investigações seletivas cujos alvos são o PT, seus dirigentes e a esquerda em geral. Criticou também, os graves impactos que a investigação contra empresários corruptos provoca “na vida econômica nacional” criando dificuldades intransponíveis para empresas e, em consequência, levando-as a demitir trabalhadores.
 
Unir o Brasil, pela democracia
 
Aquele documento foi além da denúncia da direita e da análise de sua ação antidemocrática. E fez uma veemente convocação da militância democrática e progressista em defesa de Lula, do Partido dos Trabalhadores, da esquerda e do processo de mudanças em curso na chamada “era Lula”. 
 
Um dos efeitos desse chamamento pode ser visto na manhã da quarta-feira (17) em frente ao Fórum da Barra Funda, em São Paulo. A militância foi convocada para lutar contra o “cenário de crescentes ameaças ao futuro da democracia”. 
 
Aquele chamamento adiantou: é preciso fortalecer e ampliar as “mobilizações antigolpe que multiplicaram seu fôlego no final de 2015”. “O caminho da mobilização através das manifestações públicas cresce de importância na crise atual”, embora não deixe em segundo plano “as mais distintas iniciativas institucionais”. Mais que nunca, “é hora de unificar o Brasil em torno de renovadas frentes e alianças, aglutinando todas as forças vivas da Nação e da democracia para conter a ofensiva golpista, paralisar o surto conservador e pressionar pela retomada do crescimento, a pleno vapor, com a mais dramática urgência”. 
 
Ação ampla e mãos estendidas a todos
 
O documento que orientou a reunião do Conselho Político da Presidência do PT tem grande amplitude política, e faz um chamamento em defesa da democracia e do processo de mudanças que o Brasil vive desde 2003. Nesse sentido fez um “forte e sincero chamado a todas as forças democráticas do Brasil, pessoas de todas as cores partidárias e convicções políticas, para uma incansável maratona destinada a recuperar territórios ocupados pela fraudulenta cruzada da direita”. E afirma, com claro tom autocrítico: “Nesse gesto, o PT estende sua mão, despido de qualquer pretensão hegemônica, e manifestando perfeita consciência de que algumas práticas condenáveis da vida política brasileira terminaram impregnando segmentos do partido e resultaram em erros, equívocos e irregularidades que abriram flancos vulneráveis por onde tentam atacar as forças conservadoras, buscando sempre camuflar seu objetivo maior, consistente em anular todas as conquistas da era Lula”. 
 
A articulação de novas manifestações se impõe, foi uma das conclusões da reunião do Conselho Político do PT. “Urge articular novas mobilizações que sejam capazes de neutralizar todo o ódio das elites, resgatando a saudável convivência entre opiniões distintas”, sendo tarefa prioritária “a montagem de uma poderosa bateria de ações, recursos, debates e mobilizações de solidariedade a Lula”. 
 
Manifestações como a que está programada para 31 de março, a marcha para Brasília, da Frente Brasil Popular e da Frente Povo Sem Medo, que vai mobilizar pelo menos 100 mil pessoas apenas na capital federal. Simultaneamente aquelas frentes populares – que reúnem centenas de entidades do movimento social – vão realizar o Dia Nacional de Lutas, com manifestações nas capitais dos estados e principais cidades do país. 
 
A política está em pauta, mostraram os manifestantes desta quarta-feira, na Barra Funda, em São Paulo. Está nas mãos do povo, trabalhadores e democratas e progressistas. A direita golpista não passará!
 

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