maio 2, 2015 18:09
Donos de empresas de comunicação
figuram nas listas de famílias mais ricas do Brasil e representam interesses de
anunciantes. Isso explica posições editoriais como as em defesa do PL 4330, que
abre caminho para redução de direitos trabalhistas
Por Róber Avila, no Brasil Debate
As posições políticas de direita e de esquerda expressam
valores, diagnósticos e prescrições distintas para os problemas da sociedade.
De maneira genérica, as perspectivas da direita econômica entendem que o
mercado é eficiente na produção de bens e na distribuição da renda. Ao
contrário da esquerda econômica, que prescreve tanto regulação na produção,
quanto políticas distributivas.
Esse último aspecto se justifica, sobretudo, pela
compreensão de que o mercado funcionando livremente tende a concentrar riqueza.
De um lado porque o capital influencia a remuneração e a condição do trabalho,
e de outro, pelas distintas grandezas dos capitais, uns com mais escala do que
outros, desencadeando em poder de mercado de grupos empresariais e capacidades
competitivas assimétricas.
Nesse sentido, muitas das políticas apregoadas
pelas forças de esquerda objetivam melhorar a repartição da renda e da riqueza.
Elevação dos níveis salariais, estabelecimento de um salário mínimo, políticas
de crédito para microempresas e tributação progressiva são pautas comuns a esse
campo do pensamento.
Especificamente no caso do Brasil, a política tributária é regressiva e
penaliza mais os pobres. Já as fatias mais ricas da população brasileira
pagam menos impostos do
que seus congêneres na maioria dos países. Para além desse ponto, a Operação
Zelotes da Polícia Federal e o caso SwissLeaks indicam alguns caminhos
utilizados pelos estratos com elevada renda para pagarem menos impostos.
A participação do salário, do lucro e a
estruturação dos tributos são focos de divergências importantes entre a direita
e a esquerda. Geralmente, aqueles que são mais ricos são contra a esquerda
porque não querem contribuir mais com o bem-estar coletivo, por entenderem que
sua renda/riqueza é fruto de seu esforço.
Já a esquerda, genericamente, compreende que as
condições de colocação no mercado são desiguais, sobretudo porque os pontos de
partida e as possibilidades de ascensão não são equânimes. Além disso, o histórico
familiar e as heranças recebidas são determinantes na colocação social dos
indivíduos. Nessa medida, a renda individual é um resultado social, haja vista
que sua distribuição reflete a assimetria de oportunidades e a influência que
alguns estratos com poder político e econômico têm sobre as regras de
distribuição e a tributação.
Sob esse pano de fundo, é possível levantar
elementos que ajudam a compreender por que boa parte dos grupos jornalísticos
brasileiros têm uma linha editorial de direita. A despeito de existir uma vasta
pluralidade nas concepções teóricas de economia e de sociologia, os
comentaristas, repórteres e analistas que expõem suas posições nos meios de
imprensa de referência são, majoritariamente, de direita. Dessa maneira, a
perspectiva que chega ao grande público pelos principais veículos transpassa a
ideia de que existe apenas uma visão de mundo.
A “mídia” não conforma um grupo monolítico, há veículos de esquerda,
sobretudo nos meios eletrônicos. Entretanto, as posições e as interpretações da
realidade mais expostas nos principais canais de comunicação apontam que as
soluções para os problemas sociais passam pela redução do Estado, pela redução
de impostos, pela menor oneração tributária sobre as empresas, entre outros
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