REFLEXÃO DA SEMANA DO PROGRAMA TABIRA EM TEMPO
Por Dedé Rodrigues.
Meus amigos e minhas amigas ouvintes do Programa Tabira em
Tempo. Estamos no período da emancipação política do nosso município. A “cidade
das tradições”, como é conhecida, está completando 66 anos. A nossa cidade,
como a maioria das cidades do Brasil, foi
mal planejada, tem muitas carências, mas tem uma história também de realizações desde o
dia 27 de maio de 1949, quando tomou posse o primeiro prefeito eleito pelo voto
do povo, Pedro Pires Ferreira. O
município, meus amigos, comemora a sua emancipação este ano com uma particularidade,
pois vive uma crise, que a meu ver, não
é só local, nem só conjuntural, mas sistêmica, estrutural, nacional e mundial. As críticas contra a crise
e contra os governos não param, vozes ecoam na mídia falada e escrita e nas
oposições em geral, denunciando e até
exigindo a substituição dos governantes de cima a baixo. Mas é importante
perguntar: mudar para qual sistema? Mudar os governos com quem? Com quais
projetos? Sem responder a estas questões satisfatoriamente eu não vejo solução
para a crise local, nacional e mundial.
A crise mundial é muito complexa e faz parte da estrutura do
sistema capitalista. Apesar de algumas singularidades que não abordarei aqui,
ela foi iniciada em 2007, tem natureza
nas contradições deste modelo de sociedade, pois todos os trabalhadores
produzem a riqueza, mas a distribuição dela é mal feita, fica concentrada nas
mãos de poucos. 1% da população mundial já tem metade da riqueza do mundo e, o
pior, muitos destes ricos vivem só de renda,
não produzem nada e pagam pouco ou nada de impostos. O projeto
neoliberal, implantado pela burguesia nos
anos 80 do século passado, não deu certo e hoje tanto os Estados Unidos como a
Europa amargam as consequências desta crise política, econômica e social: baixo
crescimento econômico, desemprego em massa e concentração de renda. Os países
que não aderiram a esta lógica neoliberal,
com especialidade os países socialistas e os BRICS, Brasil, Rússia,
Índia, China e África do Sul, resistiram até bem no início dela, mas agora
também estão sofrendo com as consequências da crise, já que vivemos em um mundo
globalizado. Desta maneira a gente conclui que,
no mundo, o capitalismo fracassou como modelo de sociedade e precisa ser
substituído por outro sistema.
No Brasil, a herança de Lula e
Dilma, nestes 15 anos de governos progressistas é, no geral, positiva. O Brasil se tornou a 7ª economia do mundo, diminuiu as desigualdades regionais e
sociais, milhões saíram da miséria por intermédio dos programas sociais, como o bolsa família, entre outros. Milhões
conseguiram se dá bem em pequenos, médios e grandes negócios. O país é outro,
muito melhor em todos os sentidos, do
que o da era neoliberal de FHC. Mas a
crise do capitalismo internacional chegou com força ao Brasil este ano. Junto a
esta crise, que tem natureza no próprio
sistema capitalista, juntam-se a mídia e a oposição e atacam o Brasil, as
empresas e o governo com força, embora eles ainda resistam, os estragos já são
grandes. Empresas demitem ou param de construir, por determinações judiciais. Mesmo assim, este
é o governo que mais investiga e prende
corruptos na nossa história.
O grande problema atualmente é que a grande mídia, que virou
mais um partido de oposição, superdimensiona a crise e junto ao PSDB, ao DEM, e
a uma parte da justiça, entre outros grupos conservadores, atacam o PT e os aliados com o
principal objetivo, não o de pôr fim a corrupção, mas parar este ciclo de
mudanças no Brasil que trouxe muitos benefícios para a nação e para os pobres.
Exigem cortes nos gastos públicos, cortes no orçamento, ajustes fiscais,
prendem empresários supostamente envolvidas em corrupção e param obras. O que geram mesmo os ajustes fiscais e as
ações judiciais? Menos dinheiro para saúde, para a educação, menos investimento
em infraestrutura, menos direitos trabalhistas, menos obras, menos empregos
etc.
Quando a presidenta, pressionada pela
crise e por eles mesmos, começa a fazer
alguns ajustes, eles caem de pau em cima oportunisticamente para desgastar o
governo e tentar voltar ao poder. Não querem voltar para mudar a lógica
neoliberal, mas para aplicar o mesmo
remédio amargo contra a crise que já aplicaram no passado, cujo remédio não
tenham dúvidas, com eles, seria em dose
muito maior.
Apesar de alguns ajustes, o
Governo atual já aumentou de 15 para 20% a taxa
de lucros dos bancos e pode propor também a taxação das grandes
fortunas. Cobrar mais de quem pode pagar mais é a decisão mais correta. Esperar isto dos tucanos é ilusão. Por isto, no
Brasil mudar o governo Dilma, é piorar ainda mais as coisas, pois os tucanos no
poder voltarão a aplicar o projeto
neoliberal, que eles mesmo aplicaram quando governaram o país antes de 2003 e não
deu certo no Brasil e muito menos no mundo que está mergulhado em uma profunda
crise.
Este ciclo de mudança no Brasil, chamado de virtuoso, chegou a Tabira e provocou mudanças
importantes também em nosso município que se materializam em obras como: mais
de uma centena de moradias populares, 02 academias das cidades, a construção de
uma grande creche em fase de acabamento na Granja, centenas de calçamentos,
asfalto, o canal da granja, pontes, sede da Secretaria de Educação, reforma do
hospital, centenas de cisternas no campo, irrigações e produções na agricultura
familiar, centenas de pequenos negócios, mais de 8 mil famílias no cadastro
único e quase 5 mil beneficiários do bolsa família. Obras de grande porte, como o esgotamento
sanitário, em fase de conclusão, a Barragem de Cachoeirinha, em andamento,
a Adutora do Pajeú e a transposição do Rio São Francisco não tinha sido
possíveis sem este ciclo de mudanças com Lula e Dilma no Brasil. Hoje a
população de Tabira tem água permanente e de boa qualidade.
É neste contexto, meus amigos e minhas amigas, que Tabira
completa mais de meio século de vida. A
crise mundial do capitalismo neoliberal chegou ao Brasil e também atinge
Tabira, pois nós não somos uma ilha. Os cortes no orçamento atingem as obras e
projetos, no mínimo tardando a liberação de recursos ou reduzido o ritmo de
construção. Sem entrar aqui no mérito da amplitude da crise geral, o fato
concreto é que o capitalismo é o gerador dela e sem ela a gente estaria noutra
situação.
Nesta conjuntura de crise a gestão atual do município tem
sido muito criticada pela falta de realização de mais obras, apesar de alguns
projetos estarem engatilhados. A crise econômica no mundo e no país, que fomenta a crise política, também atinge o município. Neste contexto
diversos grupos da situação e da oposição se articulam para a sucessão
municipal. Todos criticam o governo e reclamam por mudanças, mas qual é a
mudança mesmo que querem? Qual é o projeto que defendem para Tabira? Teremos mais democracia no município com a formação de um conselho político e a adoção do orçamento participativo? Reforçaremos o
ciclo de mudanças que vem ocorrendo no Brasil nos últimos 15 anos com Lula e
Dilma ou ficaremos preso as questões
meramente locais como se Tabira fosse isolada deste mundo globalizado e deste
país em crise? Se o povo e as lideranças
políticas sérias deste município não tirarem os olhos do umbigo, continuarem olhando
só para as questões provincianas, em outras palavras, vão continuar pensando que
o rabo é quem balança o cachorro e não o contrário. Achar que Tabira pode mudar
profundamente independente do Brasil e do mundo e, o pior, apoiada nas forças
conservadoras, é pura ilusão ou desconhecimento dialético da realidade e da
crise econômica, social e política que estamos vivendo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário