domingo, 17 de maio de 2015

TABIRA: REFLEXÃO DA SEMANA DO PROGRAMA TABIRA EM TEMPO

Por Dedé Rodrigues

Meus amigos e minhas amigas ouvintes do Programa Tabira em Tempo. No dia 13 de maio de 2015 completou 127 anos da abolição da escravatura no Brasil. A data cívica marca o dia em que a escravidão acabou, por intermédio da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, assinada pela Princesa Isabel. Porém, a data está longe de ser comemorativa. O movimento negro busca dar novo significado a essa data, como um dia de luta para denunciar direitos renegados aos afrodescendentes que ainda enfrentam muitos problemas,  pois temos uma abolição inacabada no país. Os negros que trabalharam a vida inteira de graça para os seus antigos donos foram jogados no olho da rua sem direito a nada. Pela necessidade tiveram que se juntar em algum lugar para tentar sobreviver e,  desta forma, contribuíram para o surgimento das nossas favelas nas grandes cidades.

Hoje o negro ainda amarga o sofrimento por este abandono carregando ao longo da história a marca da discriminação racial.  Nesta semana, por exemplo,  a ministra da Secretaria da Igualdade Racial (Seppir), Nilma Lino, destacou como os principais desafios que tem pela frente, o enfrentamento da discussão e construção de políticas que superem a situação de mortalidade da juventude negra e o aumento da própria representatividade da população negra nos espaços e nas esferas de poder.

A ministra disse ainda  que estar atenta à discussão do problema da violência contra a juventude negra, que é tema de duas comissões Parlamentar de Inquérito (CPI) em funcionamento na Câmara e no Senado. “No que diz respeito à juventude branca, houve um decréscimo nas taxas de homicídio. Porém, em relação a nossa juventude negra, houve um aumento. Precisamos construir políticas específicas para a juventude negra no Brasil”, disse Nilma Lino.

Para o deputado Orlando Silva do PC do B de São Paulo “o que se vê no Brasil é que há uma tolerância do Estado com a violência contra os jovens. Há impunidade, e isso permite uma espécie de autorização — entre aspas — para violar a lei e para matar jovens negros no Brasil. Esse é um tema decisivo para que o Brasil possa garantir direitos humanos e a vida da nossa juventude e do nosso povo negro.”

O mesmo deputado disse “quero fazer essa provocação que tenho feito em outros espaços de militância, porque o que se faz hoje no Brasil é um verdadeiro genocídio contra a nossa juventude. É preciso levantar vozes e implementar políticas públicas que impeçam que essa violência siga em frente.”

A Ministra dos Direitos Humanos Maria do Rosário disse também esta semana, se referindo ao Congresso Nacional,  “temos um Plenário branco, masculino, vinculado ao poder econômico. Do lado de fora, mães negras perdem seus filhos na saída de uma festa. Estamos aqui discutindo a redução da maioridade penal sem perceber que se trata de um discurso racista e retrógrado, porque o rosto daqueles que estão nas unidades socioeducativas e que muitos querem colocar nos presídios falidos do Brasil é o rosto negro”.


Hoje meus amigos e amigas está virando moda pedir o aumento das punições contra a violência que prejudica mais os  pretos, pobres, prostitutas, homossexuais, etc. Os deputados da direita, os também chamados conservadores do Congresso atual, a bancada da bala, a bancada do agronegócio, a bancada evangélica conservadora, entre outras, no geral, eleitos por intermédio de campanhas milionárias, aproveitando-se da maior parte da opinião pública, que é deformada todo dia pela mídia golpista, colocam  projetos, que ao nosso ver são prejudiciais à sociedade,  para tramitar na casa sem uma discussão satisfatória com os colegas da esquerda,  os progressistas e nem com a sociedade interessada.

Para vocês terem uma ideia: estão querendo facilitar a compra de armas para beneficiar os donos das indústrias armamentistas. Com mais armas nas mãos das pessoas teremos menos violência e mortes? Eu não acredito nisto, pois segundo pesquisa que saiu no Jornal do Comércio desta semana, a cada dia morrem 116 pessoas no Brasil, vítimas de armas de fogo. Só no ano de 2012 foram 42.416 mortos, mais da metade destes,  24.882, foram jovens de 15 a 29 anos. Como se percebe, vivemos uma verdadeira guerra civil camuflada e querem que a  população tenha mais facilidade para comprar armas. Querem diminuir a maioridade penal, que em vez de diminuir a violência,deve aumentar formando os nossos jovens nas universidades do crime, que são os presídios do Brasil atual; querem impedir que as pessoas possam decidir livremente a sua orientação sexual, como se o homossexualismo fosse uma doença; querem fragilizar as relações de trabalho com o projeto da terceirização, também na atividade fim, para facilitar as demissões, a retirada de direitos e aumentar os lucros dos patrões. Como o ouvinte percebe: todos estes projetos prejudicam mais os pobres.

É neste quadro complexo que os negros lutam para diminuir a discriminação contra eles. Apresentam as suas pautas, suas denúncias e os seus projetos. Lutam de forma organizada e merecem todo o nosso apoio. Conquistaram  vários direitos nos governos Lula e Dilma. Mas esta reflexão mostra também como os problemas da renda,  da violência, da discriminação geral, ainda estão por sere resolvidos  no Brasil. A reflexão diz que é necessário todas a minorias discriminadas, com especialidade os negros,  lutarem por suas pautas específicas, mas,  mostra também que o problema social não é só deles. Aqui damos uma pista de que ainda é necessário realizar no Brasil muitas mudanças para beneficiar os negros, os homossexuais, os jovens e os trabalhadores em geral.  Eu só acredito que faremos estas mudanças começando por uma reforma política que acabe como o financiamento empresarial de campanhas, ampliando ainda mais a nossa democracia. Com mais democracia o Brasil melhora a situação dos negros e impede os retrocessos que os deputados conservadores estão propondo. Daí porque o povo precisa está atento às votações destas pautas perversas no Congresso Nacional e tentar influenciar os seus deputados e senadores  para eles não piorarem a nossa democracia, a situação dos negros e das outras minorias no Brasil. 

Com informações do  Portal Vermelho





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