Por Dedé Rodrigues
Meus amigos e minhas amigas ouvintes do Programa
Tabira em Tempo. No dia 13 de maio de 2015 completou 127 anos da
abolição da escravatura no Brasil. A data cívica marca o dia em que a
escravidão acabou, por intermédio da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, assinada
pela Princesa Isabel. Porém, a data está longe de ser comemorativa. O movimento
negro busca dar novo significado a essa data, como um dia de luta para
denunciar direitos renegados aos afrodescendentes que ainda enfrentam muitos
problemas, pois temos uma abolição
inacabada no país. Os negros que trabalharam a vida inteira de graça para os
seus antigos donos foram jogados no olho da rua sem direito a nada. Pela
necessidade tiveram que se juntar em algum lugar para tentar sobreviver e, desta forma, contribuíram para o surgimento
das nossas favelas nas grandes cidades.
Hoje o negro ainda amarga o sofrimento por este
abandono carregando ao longo da história a marca da discriminação racial. Nesta semana, por exemplo, a ministra da
Secretaria da Igualdade Racial (Seppir), Nilma Lino, destacou como os
principais desafios que tem pela frente, o enfrentamento da discussão e
construção de políticas que superem a situação de mortalidade da juventude
negra e o aumento da própria representatividade da população negra nos espaços
e nas esferas de poder.
A
ministra disse ainda que estar atenta à
discussão do problema da violência contra a juventude negra, que é tema de duas
comissões Parlamentar de Inquérito (CPI) em funcionamento na Câmara e no
Senado. “No que diz respeito à juventude branca, houve um decréscimo nas taxas
de homicídio. Porém, em relação a nossa juventude negra, houve um aumento.
Precisamos construir políticas específicas para a juventude negra no Brasil”,
disse Nilma Lino.
Para o deputado Orlando Silva do PC do B de São Paulo “o que se vê no Brasil é
que há uma tolerância do Estado com a violência contra os jovens. Há
impunidade, e isso permite uma espécie de autorização — entre aspas — para
violar a lei e para matar jovens negros no Brasil. Esse é um tema decisivo para
que o Brasil possa garantir direitos humanos e a vida da nossa juventude e do
nosso povo negro.”
O mesmo deputado disse “quero fazer essa provocação que tenho feito em outros
espaços de militância, porque o que se faz hoje no Brasil é um verdadeiro
genocídio contra a nossa juventude. É preciso levantar vozes e implementar
políticas públicas que impeçam que essa violência siga em frente.”
A Ministra dos Direitos Humanos Maria do Rosário disse também esta semana, se
referindo ao Congresso Nacional, “temos
um Plenário branco, masculino, vinculado ao poder econômico. Do lado de fora,
mães negras perdem seus filhos na saída de uma festa. Estamos aqui discutindo a
redução da maioridade penal sem perceber que se trata de um discurso racista e
retrógrado, porque o rosto daqueles que estão nas unidades socioeducativas e
que muitos querem colocar nos presídios falidos do Brasil é o rosto negro”.
Hoje
meus amigos e amigas está virando moda pedir o aumento das punições contra a
violência que prejudica mais os pretos,
pobres, prostitutas, homossexuais, etc. Os deputados da direita, os também
chamados conservadores do Congresso atual, a bancada da bala, a bancada do
agronegócio, a bancada evangélica conservadora, entre outras, no geral, eleitos
por intermédio de campanhas milionárias, aproveitando-se da maior parte da opinião pública, que
é deformada todo dia pela mídia golpista, colocam projetos, que ao nosso ver são prejudiciais à
sociedade, para tramitar na casa sem uma
discussão satisfatória com os colegas da esquerda, os progressistas e nem com a sociedade
interessada.
Para
vocês terem uma ideia: estão querendo facilitar a compra de armas para
beneficiar os donos das indústrias armamentistas. Com mais armas nas mãos das
pessoas teremos menos violência e mortes? Eu não acredito nisto, pois segundo
pesquisa que saiu no Jornal do Comércio desta semana, a cada dia morrem 116
pessoas no Brasil, vítimas de armas de fogo. Só no ano de 2012 foram 42.416
mortos, mais da metade destes, 24.882,
foram jovens de 15 a 29 anos. Como se percebe, vivemos uma verdadeira guerra
civil camuflada e querem que a população
tenha mais facilidade para comprar armas. Querem diminuir a maioridade penal,
que em vez de diminuir a violência,deve aumentar formando os nossos jovens nas
universidades do crime, que são os presídios do Brasil atual; querem impedir
que as pessoas possam decidir livremente a sua orientação sexual, como se o
homossexualismo fosse uma doença; querem fragilizar as relações de trabalho com
o projeto da terceirização, também na atividade fim, para facilitar as
demissões, a retirada de direitos e aumentar os lucros dos patrões. Como o
ouvinte percebe: todos estes projetos prejudicam mais os pobres.
É
neste quadro complexo que os negros lutam para diminuir a discriminação contra
eles. Apresentam as suas pautas, suas denúncias e os seus projetos. Lutam de
forma organizada e merecem todo o nosso apoio. Conquistaram vários direitos nos governos Lula e Dilma.
Mas esta reflexão mostra também como os problemas da renda, da violência, da discriminação geral, ainda
estão por sere resolvidos no Brasil. A reflexão diz que é necessário todas a minorias
discriminadas, com especialidade os negros,
lutarem por suas pautas específicas, mas, mostra também que o problema social não é só
deles. Aqui damos uma pista de que ainda é necessário realizar no Brasil muitas
mudanças para beneficiar os negros, os homossexuais, os jovens e os
trabalhadores em geral. Eu só acredito
que faremos estas mudanças começando por uma reforma política que acabe como o
financiamento empresarial de campanhas, ampliando ainda mais a nossa
democracia. Com mais democracia o Brasil melhora a situação dos negros e impede
os retrocessos que os deputados conservadores estão propondo. Daí porque o povo precisa está atento às votações destas pautas perversas no
Congresso Nacional e tentar influenciar os seus deputados e senadores para eles não piorarem a nossa democracia, a situação
dos negros e das outras minorias no Brasil.
Com
informações do Portal Vermelho
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