Por Dedé Rodrigues
Meus amigos e minhas amigas ouvintes do Programa Tabira em
Tempo. No dia 05 de junho, sexta-feira passada,
foi comemorado o dia mundial do meio ambiente. Vale aqui citar trechos
da Carta da Terra que diz no preâmbulo que nós “estamos diante de um momento
crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o
seu futuro. À medida que o mundo
torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo
tempo, grandes perigos e grandes promessas. A Carta da Terra diz que “devemos
somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito
pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa
cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da
Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande
comunidade da vida, e com as futuras gerações. “
A Carta lembra ainda que “a capacidade de recuperação da
comunidade da vida e o bem-estar da humanidade dependem da preservação de uma
biosfera saudável com todos seus sistemas ecológicos, uma rica variedade de
plantas e animais, solos férteis, águas puras e ar limpo. O meio ambiente
global com seus recursos finitos é uma preocupação comum de todas as pessoas. A
proteção da vitalidade, diversidade e beleza da Terra é um dever sagrado. A
Situação Global, os padrões dominantes de produção e consumo estão causando
devastação ambiental, redução dos recursos e uma massiva extinção de espécies.
Comunidades estão sendo arruinadas. Os benefícios do desenvolvimento não estão
sendo divididos equitativamente e o fosso entre ricos e pobres está aumentando.
Lembra ainda “A injustiça, a pobreza, a ignorância e os conflitos violentos”. Devemos
desenvolver e aplicar com imaginação a visão de um modo de vida sustentável aos
níveis local, nacional, regional e global. A parceria entre governo, sociedade
civil e empresas é essencial para uma governabilidade efetiva. Diz a Carta.
Meus amigos e minhas amigas. A carta da Terra é cheia de boas
intenções, constatações e até propostas
de solução para os problemas políticos, econômicos, sociais e ambientais no
mundo atual, mas não aponta diretamente o responsável por tudo isto que é o
modelo de sociedade capitalista, contraditório e irracional que os próprios
homens construíram há pouco mais de 250 anos. Não aponta nem nomina, por
exemplo, que é preciso construir uma alternativa socialista a este modelo para
que de fato a humanidade possa levar adiante as boas intenções da carta, pois a
nosso ver, o capitalismo, em especial o financeiro\neoliberal e globalizado é quem está causando todos estes males
constatados e levando a humanidade para outro caminho, a sua própria
destruição. Como exemplos podemos citar o desmatamento, a poluição do ar e das
águas e o consumismo praticado e pregado por este modelo de sociedade e inúmeras
guerras, invasões de diversos países, no final do século XX e agora no início
do século XXI, como são os casos do Iraque, do Afeganistão, da Líbia, entre
outros países que tiveram as suas soberanias violadas a bala e a bombas por
ação direta do império americano. Tudo isto com o objetivo principal, a
ganância pelos recursos naturais e pelo lucro. Por isto achamos que a luta pela
paz e pela mudança da realidade mundial, nacional e local não pode está
dissociada da luta contra o imperialismo.
No casos do Brasil,
diz um documento do Ministério do meio Ambiente que ele, “é conhecido por suas proporções continentais, tem
uma enorme variedade climática, um gigantesco patrimônio ambiental e a maior
diversidade biológica do planeta. A conservação de tais recursos às portas do
novo milênio é, todavia, cada vez mais desafiadora. À medida que se consolidam
demandas direcionadas ao resgate da enorme dívida social existente em nosso
país, cresce proporcionalmente a pressão sobre a utilização dos recursos
naturais disponíveis, tais como a expansão da fronteira agrícola e o
extrativismo. O Ministério do Meio Ambiente luta para garantir que o uso desta
herança natural seja feito de forma racional, em atenção às gerações atual e futura,
visando à completa realização das potencialidades do homem, seu bem-estar e
harmonia com a natureza”.
No País, apesar de
diversos programas voltados
para na Área de Meio Ambiente, da
redução do desmatamento, da previsão do fim dos lixões nos municípios para 2016,
que infelizmente não se concretizará, os problemas e desafios se avolumam pela
falta de um modelo de sociedade que comece de fato a romper com a lógica
predatória do capitalismo realizando,
inclusive, as reformas
estruturais no Brasil que não foram feitas.
Aqui em Tabira, nós tivemos
uma iniciativa importante com a campanha
criada na gestão passada intitulada “Todos Por Uma Cidade Limpa” que começou
com todo pique, com bons resultados, mas com o tempo não deu conta da tarefa, a
meu ver por duas razões: primeiro pela
falta de apoio efetivo do gestor principal e da principal pasta responsável e,
segundo, pela falta de um trabalho permanente nas escolas e na sociedade de
educação ambiental com a nossa população. Resultado: uma campanha tão
importante não teve continuidade.
A gestão atual, apesar do atraso,
também começou uma “Campanha Cidade
Limpa, Povo Educado”. Os efeitos positivos com uma cidade mais limpa a gente já
ver. A boa intenção escrita num panfleto distribuído com diversas recomendações
à população no desfile das escolas na emancipação política do município dizendo
como ela deve contribuir, não deixa de ser uma iniciativa importante, mas o atual secretário, ocupante temporário da pasta,
disse a mim recentemente que tem prazo para concluir o trabalho e sair da
pasta. Ora! Estão aí duas coisas que não deviam acontecer: primeiro estabelecer
prazo para concluir um trabalho que deve ser permanente e, segundo, sair da pasta
se está dando certo.
Devido a estas dificuldades eu
considero que o problema do meio ambiente em Tabira passa também por uma luta
mais efetiva do povo e do poder público
contra os lixões a céu aberto, pela conclusão do grande projeto de esgotamento
sanitário, pelo fim de todos os esgotos a céu aberto e pelo depósito correto,
separação e reciclagem do nosso lixo. Pressionar o CIMPAJÉU pela implantação de
um aterro sanitário, em Tabira ou na região, no qual a gente possa descartar o
nosso lixo orgânico é tarefa urgente. Discutir com a população e com a
Câmara de Vereadores para que seja criada uma lei que incentive o cidadão que
separa o seu lixo de forma correta com descontos no IPTU e, ao mesmo tempo, possa
punir o indivíduo que suja a cidade de propósito, pode ser uma iniciativa adotada no município
que dê certo.
Por último, quando eu
falo em um trabalho permanente sobre o meio ambiente, eu me refiro a uma frente
ampla que devia ser criada pela Governança Global, pelos governos nacionais e
estaduais e pela gestão atual em Tabira
e, em todos os municípios, com uma
função pedagógica para realizar um trabalho
permanente nas ruas e nas
comunidades organizadas, nas escolas, nos meios de comunicações etc. Esta equipe, ou
esta “frente em prol do meio ambiente”,
devia ser composta pelo poder Executivo, Legislativo e Judiciário, Igrejas,
sindicatos, Conselhos, associações urbanas e rurais, escolas,
partidos políticos e outras organizações populares. Por isto, a questão do meio ambiente em Tabira não pode ficar restrita a um
programa que começa cheio de boas intenções e resultados, mas tem prazo para
acabar e deve perder o apoio e a continuidade com o tempo, o que pode redundar em
mais um fracasso. Por tudo isso, fica claro também, que somos cidadãos do mundo e dele devemos cuidar
contribuindo para transformá-lo a
partir do nosso município.
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