Em entrevista ao Portal Vermelho, o secretário-geral da CTB, Wagner Gomes, afirmou que “as centrais sindicais esperam que a presidenta Dilma não vete o 85/95”. Wagner participou da reunião das centrais com os ministros Miguel Rossetto, Ricardo Berzoini e Nelson Barbosa, no Palácio do Planalto, para discutir uma alternativa à regra 85/95, aprovada pelo Congresso Nacional no último mês de maio.
Dayane Santos
Ministro e centrais se reunião nesta segunda (15) para discutir nova fórmula do fator previdenciário
“Não abrimos mão do 85/95”, disse Wagner. Na reunião, os sindicalistas reafirmaram a posição unificada das centrais pela sanção da nova fórmula de cálculo do fator previdenciário. A presidenta Dilma Rousseff tem até quarta-feira (17) para sancionar ou vetar o texto ou trechos do projeto.
“A partir das 17 horas desta terça (16), daremos início a uma vigília em Brasília em defesa do 85/95”, enfatizou Wagner Gomes, que criticou as recentes medidas do governo para ajustar as contas. “Essa proposta ainda não é a ideal, mas o veto só pioraria a situação dos trabalhadores que estão pagando o pato com as medidas lançadas pelo governo este ano, como a 664 e 665. Queremos que o governo sancione o 85/95 e mantenha a negociação com os trabalhadores”, enfatizou
Criado no governo do ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o fator previdenciário reduz o valor do benefício de quem se aposenta por tempo de contribuição antes de atingir 65 anos de idade (no caso dos homens) ou 60 anos (mulheres). O tempo mínimo de contribuição para aposentadoria é de 35 anos para homens e de 30 para mulheres.
As centrais defendem a sanção da nova fórmula do fator previdenciário, aprovada pelo Congresso, chamada de 85/95, que estabelece que para se aposentar recebendo os proventos integralmente (obedecido o teto de R$ 4.663,75 da Previdência Social), os trabalhadores têm que somar o tempo de contribuição e a idade até atingir a marca de 85, para as mulheres, e 95 para os homens.
Sinalização
A reunião das centrais sindicais com os ministros foi feita a pedido da presidenta Dilma. Segundo os ministros, a presidenta queria ouvir as centrais para ter um posicionamento balizado juntamente com um diagnóstico sobre a situação previdenciária e as consequências caso sancione ou vete a nova fórmula do fator previdenciário.
O governo dá sinais de que vai vetar a medida, pois segundo os ministros há uma preocupação com a sustentabilidade da Previdência. Em entrevista após o encontro com as centrais, o ministro da Previdência Social, Carlos Gabas, disse que a entrada em vigor da 85/95 torna o sistema previdenciário brasileiro “inviável” para os próximos anos.
O governo afirma que o modelo não seria uma boa saída porque, em 2060, a Previdência Social estaria falida se a regra for aplicada.
O ministro afirmou que o governo não “tomará medidas que coloquem em risco o modelo previdenciário brasileiro” e defendeu uma alternativa a proposta seja discutida no fórum sobre Previdência Social, instituído pela presidenta Dilma em 1º de Maio.
As centrais sindicais, por sua vez, rebatem esse argumento de que a Previdência ficará deficitária. Wagner Gomes, da CTB, disse que o 85/95 não causará prejuízos e que o problema da Previdência “é que o governo utiliza o dinheiro para cobrir outras despesas, além da própria Previdência”.
“A Previdência é superavitária e não são as centrais que afirmam isso, dados do IBGE comprovam o que estamos dizendo. Queremos que a presidenta sancione o 85/95 e, a partir daí, possamos manter o diálogo e avançar”, destacou o sindicalista, reafirmando que o debate de possíveis alterações devem partir da sanção da fórmula 85/95.
Do Portal Vermelho
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