segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O declínio da Europa e a ascensão financeira da China

A crise europeia, um dos temas em debate na reunião da Cúpula do G20 que começa quinta-feira (3) em Cannes, rendeu acontecimentos inusitados ao longo da semana passada.

Por Umberto Martins


A China, ao contrário, parece estar nadando em dinheiro. Suas reservas, que no final de setembro deste ano subiram a US$ 3,2 trilhões, constituem, neste momento crítico, um invejável excedente econômico. Trata-se de uma poupança que por definição é externa e que em maior ou menor medida pode ser usada para atenuar a crise da dívida europeia. É este o desejo dos líderes da União Europeia, que apelam ao ouro de Pequim para engordar o FEEF e viabilizar a expansão do fundo para 1 trilhão de euros.

Os recursos em poder do governo chinês, dirigido pelo Partido Comunista, não estão entesourados. Existem na forma de investimentos externos, principalmente em títulos. Até hoje, os EUA são o principal destino dessas aplicações. Pequim é o maior credor da Casa Branca, com mais de US$ 1 trilhão em títulos públicos do Tesouro americano.

A Europa também está em dívida com Pequim, que já investiu US$ 500 bilhões na região. Os europeus esperam ampliar esta participação e ao que tudo indica contam com a boa vontade dos líderes asiáticos neste sentido. A China é a maior exportadora mundial e a Europa é o seu maior mercado, absorvendo um quinto das suas vendas – os Estados Unidos são o segundo, com cerca de 18%.

Preferência por ativos reais
A conjuntura turva também abriu os olhos dos chineses para os riscos embutidos nos investimentos em títulos, que Karl Marx computava como capital fictício, cujo valor (descolado, mas não independente da produção) pode depreciar, como ocorre com os ativos denominados em dólar, ou mesmo derreter. Por isto, os chineses fizeram notar que preferem investir suas reservas em ativos reais, o que se faz através de investimentos diretos seja na aquisição de empresas (como acaba de ocorrer com a Swedish Automobile NV – Swan -, proprietária da Saab) ou instalação de novas unidades produtivas.

As reservas constituem um poderoso instrumento da projeção do poder econômico da China pelo mundo. A força da riqueza que nasce do trabalho do povo chinês e se reproduz principalmente na indústria, disseminada no comércio exterior, já transformou a próspera nação asiática numa potência financeira, revolucionando a geografia econômica e política e tornando mais candente a necessidade de uma nova ordem mundial.

Reeditado por Dedé Rodrigues
Leia na íntegra. http://www.portalvermelho,com.br/.

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