sábado, 23 de fevereiro de 2013

Luciana critica oposição, elogia PCdoB e pede mudança na economia



A vice-líder do PCdoB na Câmara, deputada Luciana Santos (PE-foto), em discurso na Câmara nesta quinta-feira (21), parabenizou a atuação da bancada do PCdoB na polêmica sobre a questão da segurança da cubana Yoani Sánches. Ela também falou sobre as expectativas de trabalho para este ano, destacando a necessidade de discussão sobre o crescimento e o desenvolvimento nacional e da política macroeconômica. E destacou a atenção e empenho da bancada do PCdoB nesse e noutros assuntos.


Ela repetiu a fala dos colegas de bancada para criticar a oposição, que solicitou, por meio de requerimento, produzindo uma tumultuada sessão de votação na Câmara, segurança para a blogueira cubana em sua visita ao Brasil. “(Uma) desnecessária medida de segurança da cubana, na medida em que a própria não se sentiu insegura, porque em nenhum momento solicitou dos órgãos competentes qualquer tipo de segurança”, afirmou.

E estendeu as críticas à própria blogueira, dizendo ter “profunda suspeita sobre as motivações dessa senhora. Ela nunca se posicionou contra a sanção econômica que a sua nação e o seu povo sofre por parte dos Estados Unidos da América. Essa senhora fala muito em democracia e liberdade, no entanto diz que no governo de Fulgêncio Batista, uma ditadura militar que matou 20 mil cubanos, havia democracia e liberdade. Eu realmente não entendo o que para ela é democracia e liberdade”. 

Luciana apresentou dados que demonstram que Cuba erradicou o analfabetismo e tem os melhores indicadores da saúde, destacando que ainda no governo de Fernando Henrique, o Brasil copiou o modelo cubano do médico da família, adotado no Programa Saúde da Família. 

“Nós precisamos estar abertos ao debate de ideias do jeito que deve ser enfrentado, com conteúdo, com números, com dados reais, com fatos concretos, e não com farsa, ou com suspeitas que são evidentes e que motivam a visita dessa senhora ao nosso país”, alertou.

Apoios

A fala da parlamentar recebeu apoio de vários colegas. O deputado Amauri Teixeira (PT-BA) lembrando que “nós quase fomos atropelados por um batalhão de jornalistas que entrou com ela de assalto ao plenário em plena sessão deliberativa. Esta Casa demonstrou o seu corte elitista e preconceituoso, porque os índios não entram aqui sem paletó e sem gravata”. 

Teixeira também queixou-se da mídia “que reproduziu a fala do maior identificado com a ditadura e com o nazismo que nós temos nesta Casa, que é o deputado Jair Bolsonaro, nos chamando de ditador e nazista, porque nós protestamos que a oposição queria suspender uma sessão deliberativa para fazer aquele circo que fizeram aqui ontem (quarta-feira)”.

O deputado Francisco Escórcio (PMDB-MA) também se pronunciou sobre o assunto, concordando com os colegas. “Nunca tinha visto uma situação como a que vi aqui. Eu vi pessoas sem paletó, sem gravata, empunhando, inclusive, cartazes que não tinham nada a ver com aquela sessão”, alertando que o Regimento Interno e que o decoro da Casa foram desobedecidos.

“Já sou velho de Casa e não posso deixar que uma situação como aquela permanecesse, que não tivesse exatamente a minha brava intervenção de dizer: vamos botar ordem nesta Casa, esta Casa merece respeito”, explicou o deputado ao criticar a imprensa que os acusou de não querer receber a blogueira cubana.

Mudanças na economia

A deputada, que fez um balanço detalhado das atividades dos trabalhos legislativos do ano, concentrou sua fala na necessidade de adotar medidas que alteram a política macroeconômica do país para permitir qualidade vida ao povo brasileiro, que é um dos nossos grandes objetivos. 

“Eu gostaria de falar do que considero a mais importante e mais ousada medida tomada a favor daquilo que o PCdoB sempre cravou como essencial para garantir a qualidade de vida do povo brasileiro, que é a questão do crescimento e do desenvolvimento nacional, e é sem dúvida a política macroeconômica”, sinalizou.

Ela elogiou as medidas já adotadas pela presidenta Dilma de redução das taxas de juros, “fator fundamental para alavancar todas as outras medidas e impactos na economia brasileira”, explicou.

E lembrou a fala da presidente, em cadeia nacional de televisão, em 1º de maio do ano passado, criticando os juros bancários. “O enfrentamento à ganância dos lucros no mercado financeiro é, de fato, uma atitude de ousadia que sempre foi uma questão dos movimentos sociais e uma bandeira do PCdoB”, disse. 

“Nós precisamos montar uma operação política que mova, que sensibilize os setores produtivos para, de fato, garantir que nós atravessemos este ano de 2013, recheado por esse ambiente ainda de crise internacional que surgiu no mundo, em 2008, para dar conta dos desafios nacionais”, disse, ao cobrar medidas de combate ao superávit primário. 

Trabalho da bancada

“Não tem justificativa nós mantermos essas taxas de superávit primário ou esse câmbio que é praticado. Não podemos ter as mesmas premissas que rechearam a política macroeconômica durante esse tempo todo. É urgente a ousadia e o enfrentamento de superação dessas premissas para que, no Brasil, a gente tenha um superávit primário que chegue a patamares que são necessários para que a taxa de investimentos no Brasil aumente”, enfatizou. 

“O nosso partido defende que nós precisamos alcançar taxas de investimentos que cheguem a, pelo menos, 25%. Basta ver o que acontece na China, que consegue navegar com outro rumo diante dessa crise internacional. A taxa de investimentos na China chega a 45%, revelando que está na hora de nós também abandonarmos muitas dessas premissas, principalmente a do superávit primário e a do câmbio no nosso país.” 

E conclui desejando que o ano que começa “seja de muito trabalho e de muito debate de ideias nesta Casa, porque, afinal de contas, aqui, sem dúvida, é um ambiente propício para o enfrentamento dos grandes desafios nacionais”, destacando que, a exemplo do ano passado, quando liderou a bancada, este ano o PCdoB se propõe a manter uma atitude “propositiva, combativa, influente, sempre atenta às questões mais relevantes do dia a dia do cidadão brasileiro”.

De Brasília
Márcia Xavier



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