A ORIGEM E A IMPORTÂNCIA DESTE PRIMEIRO DE MAIO DE 2015
Por Dedé Rodrigues
Meus amigos e minha amigas ouvintes do Programa Tabira em Tempo. Quando
o capitalismo foi implantado no mundo, no século XVIII, os trabalhadores, que antes tinham pelo menos
um pedaço de terra para plantar de meia no feudalismo, foram submetidos nas fábricas da Inglaterra a
uma situação de miséria absoluta. Nas indústrias
da Europa e dos Estados Unidos, no final do século XVIII e início do século XIX,
a jornada de trabalho chegava a alcançar 17 horas diárias. Férias, descanso semanal remunerado e
aposentadoria não existiam para eles. Homens, mulheres, adolescentes e
inclusive crianças trabalhavam, literalmente, até morrer de exaustão, fome e
doenças. Famintos e oprimidos, os operários começaram a criar “caixas de
auxílio mútuo”. Estes organismos de solidariedade classista, que depois deram
origem aos sindicatos, foram também os embriões de diversos movimentos
reivindicatórios”. Submetidos a esta miséria absoluta os trabalhadores descobriram
que não havia outra solução para a situação deles, senão por intermédio da união, da organização
e das lutas.
Por isto no ano de 1886, a cidade de Chicago, que
era o principal centro industrial dos EUA, amanheceu tomada por uma greve
geral, que tinha como principal exigência a redução da jornada de trabalho, de
13 para 8 horas diárias.As manifestações e passeatas foram brutalmente
reprimidas pela polícia que não hesitava em abrir fogo contra a multidão.
Centenas de trabalhadores foram mortos.
(bandidos, assassinos e mercenários) foram contratados pelos patrões
para invadirem residências de operários, que eram espancados e tinham as suas casas
destruídas tentando forçá-los a voltarem ao trabalho.
Como consequência desta luta e da resistência deles
prenderam diversos trabalhadores e a justiça, em um julgamento onde os réus já
entraram condenados, sentenciou à forca os líderes operários Parsons, Engel,
Fischer, Lingg e Spies. Fieldem e Schwab, foram condenados à prisão perpétua e
Neeb a quinze anos de prisão.
No dia 11 de novembro, Spies, Engel, Fischer e Parsons foram levados para o
pátio da prisão e executados. Lingg cometeu suicídio. Perante o tribunal que o
condenou, entre outros motivos por “agitação socialista”, Parsons manteve uma
postura heroica e suas palavras imortais até hoje emocionam e mostram que a
repressão não quebra a dignidade de um
verdadeiro revolucionário.Disse ele:
"Arrebenta a tua necessidade e o teu medo de ser escravo, o pão é a
liberdade, a liberdade é o pão. A propriedade das máquinas como privilégio de
uns poucos é o que combatemos, o monopólio das mesmas, eis aquilo contra o que
lutamos. Nós desejamos que todas as forças da natureza, que todas as forças
sociais, que essa força gigantesca, produto do trabalho e da inteligência das
gerações passadas, sejam postas à disposição do homem, submetidas ao homem para
sempre. Este e não outro é o objetivo do socialismo".
Mais de 25.000 pessoas acompanharam o sepultamento destes heróis da
classe trabalhadora e 250.000
espectadores presenciaram silenciosamente nas ruas o cortejo fúnebre, composto
por representantes de muitos sindicatos e de outras organizações sociais.
Em torno de três anos depois do assassinato deles, o Congresso
Internacional Operário Socialista, reunido em Paris, em 14 de julho de 1889, como
solidariedade aos trabalhadores norte-americanos, proclamou o dia 1º de Maio
como Dia Universal do Trabalho, em homenagem aos mártires de Chicago e a todos
os mártires dos trabalhadores. Hoje a data é comemorada em quase todo o mundo.
Meus amigos e minhas amigas: resgatar a história do 1º de maio é valorizar este
acontecimento classista que busca sempre por mais justiça e mais democracia. É
também um momento de festa, mas a festa do dia do trabalhador deve ter permanentemente
o objetivo principal de elevar a sua consciência política e de classe.
No Brasil, na última sexta-feira, primeiro de maio de 2015, os trabalhadores
saíram as ruas contra o projeto 4330 que foi aprovado pela Câmara dos
Deputados, que amplia a terceirização para todas as áreas das empresas. Desde
Getúlio Vargas esta é a mais séria ameaça contra os direitos trabalhistas. O projeto ainda vai ter que ser aprovado pelo Senado.
Caso o Senado faça alguma modificação, e certamente fará, o projeto volta a ser
discutido na Câmara, e só então irá para a presidenta Dilma Rousseff que já
disse que não vai sancionar perdas de direitos para o trabalhador.
A exemplo de Pernambuco, Muitos Estados no Brasil estão em greve na
Educação, mas dois estados se destacam
mais São Paulo e Paraná, todos dois governados pelos tucanos. Em São Paulo os professores
estão com mais de 40 dias de greve e o
governador continua insensível aos direitos deles.O outro Estado, o do Paraná, a polícia massacrou os professores em praça
pública deixando mais de 200 feridos.A justiça
brasileira nestas greves é como uma cobra, como disse Eduardo Galiano “só enxerga (ou condena) os pés descalços,” resolve rápido os processos dos
governantes dando sempre razão a eles e, passam um tempão, para julgar as demandas sindicais ou dos
trabalhadores, como é o caso desta greve em Pernambuco . O que a gente ver
nestas greves, massacre no Paraná e repressão policial, transferências, ameaças de demissão,cortes de
pontos e salários contra os atuais grevistas que lutam pelos seus direitos é a
reprodução na atualidade da luta daqueles heróis que morreram por uma causa social no dia primeiro
de maio de 1886 em Chicago.
Neste primeiro de maio de 2015 no Brasil os
trabalhadores uniram uma bandeira imediata (contra a terceirização) a uma
bandeira estratégica (a defesa da democracia) fizeram justa homenagem aos heróis de Chicago e a
todos os homens e mulheres, construtores e construtoras do rico patrimônio que
forma a história do proletariado em sua incansável luta contra a burguesia.
Esta frase de um dos condenados ao enforcamento em Chicago que deu origem ao
primeiro de maio serve para concluir a nossa reflexão:
"Se com o nosso enforcamento vocês pensam em destruir o movimento
operário - este movimento de milhões de seres humilhados, que sofrem na pobreza
e na miséria, se esperam a rendição – se esta é sua opinião, enforquem-nos.
Aqui terão apagado uma faísca, mas lá e acolá, atrás e na frente de vocês, em
todas as partes, as chamas crescerão. É um fogo subterrâneo e vocês não poderão
apagá-lo!". Finalizou o herói do Primeiro de maio com as suas últimas
palavras, August Spies, diante dos seus carrascos
burgueses.
VIVA O 1º DE MAIO!
VIVA A LUTA DOS
TRABALHADORES!
Com
informações do Portal Vermelho.
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