sábado, 19 de março de 2016

Frente Brasil Popular mobiliza 50 mil contra o golpe no RS


  

Com o grito de “Sou brasileiro, é pra valer! Não vou deixar esse golpe acontecer!”, 50 mil pessoas tomaram a esquina democrática em Porto Alegre convocados pela Frente Brasil Popular. Movimentos sociais, universitários, professores, CTB, CUT e partidos políticos, como PCdoB e PT, exigiram reforma política e fizeram a defesa do mandato da presidenta Dilma, contra os retrocessos. 


Com a concentração marcada para as 5h da tarde, o que se via ainda não dava a dimensão do que estava por vir. Em poucas horas a esquina democrática, famosa pelos atos de resistência e manifestações político-culturais, que em 1997 foi tombada como patrimônio cultural justamente por ser palco contra a ditatura militar, ficou pequena. O ato festivo iniciado às 18h foi marcado por canções do grupo Cantadores do Povo e a música de funk puxada no carro de som, criado pelo Levante da Juventude: “Na moral chega de hipocrisia / Esse golpe só serve pra burguesia / Rede Globo tem lado e eu vou dizer / São os ricos que eles querem no poder”. 

Depois da agitação, centrais e partidos discursaram. Para o presidente da CTB/RS, Guiomar Vidor, temos na história do país, dois presidentes gaúchos que foram rifados pelo consórcio oposicionista, referindo-se a Getulio Vargas e João Goulart. “Nós não vamos aceitar que os empresários queiram interromper esse governo para acabar com a política de valorização dos trabalhadores, pois temos um período de geração de empregos legítimos nos últimos 10 anos e Lula como ministro ajudará a retomada do crescimento do país”, afirmou. 

Em uma semana com vários acontecimentos político-jurídicos e uma crescente polarização de opiniões, as manifestações foram pacíficas apontando a mídia como celetista e a polícia federal como politizada, e servindo aos interesses de setores privilegiados, com o juiz Sérgio Moro à frente de atos ilegais. 

Entre as falas da tarde, o presidente do Sindicato dos Advogados no RS, Marcus Flavius de los Santos afirmou que a defesa do povo está preparada e que os advogados não fugirão da luta. Já Jussara Cony, vereadora de Porto Alegre, afirmou que o judiciário tem um juiz de primeira instância e última categoria que deveria estar preso por ter cometido crime contra a segurança nacional. 

“Não podemos nos enganar, sem democracia, as primeiras a sofrerem são as mulheres”, prosseguiu. “Outro absurdo é o Congresso ser presidido por um corrupto que é inimigo das mulheres, que inclusive está indiciado”, afirmou, referindo-se a Eduardo Cunha. “Quem é esse homem que une uma comissão para pedir o impeachment da presidente Dilma com dois terços de deputados investigados na Lava Jato?”, questiona a vereadora.

O sociólogo e cientista político Emir Sader iniciou dizendo que ao prenderem o Lula, a Jararaca acordou – numa alusão a capa da revista Veja que figura o rosto do ex-presidente com várias serpentes venenosas lhe saindo da cabeça. “Lula está no governo com Dilma. Queriam isolá-la e derrubá-la, eles, os brancos, os ricos, os discriminadores. Pois vejam (referindo-se aos manifestantes), aqui tem todas as cores do Brasil. Perderam e estão desesperados. Emir se despediu elogiando o povo gaúcho e chamando pelo grito “Não vai ter Golpe, vai ter luta!”, Não vai ter golpe, vai ter Lula!”. 

Entre os momentos ápices do ato, houve as falas da deputada estadual Manuela D’Ávila, defendendo todas as bandeiras de movimentos e partidos presentes por vivermos em uma democracia, o representante da UNE no RS, Giovani Culau, que mencionou o ataque a sede da UNE em São Paulo, com pichações contendo frases de ódio, e o presidente da CUT RS, Claudir Nespolo, que afirma que o golpe só serve para a burguesia e que não poderão fazer em 2016 o que realizaram em 1964 com o Brasil, com o franco apoio da Rede Globo. 

Após o término das falas, os manifestantes saíram em Marcha pela Avenida Borges de Medeiros, até o Largo Zumbi dos Palmares, com mais palavras de ordem como “Fascistas, Golpistas, não passarão!” e se observou que a militância pelo mandato da presidente Dilma e da democracia não recuará, em disputa pelos direitos conquistados e contra a corrupção, mas que não seja seletiva. 
A FBP deve manter a mobilização, novo ato já está marcado para 31 de março, mas mobilizações ocorrerão antes dessa data, com lançamentos de comitês de defesa da democracia na capital e interior.

Por Loíze Aurélio, Rede Colaborativa de Comunicação




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