Elevar os índices educacionais, com desvalorização profissional. Esse é o grande marketing do governo estadual. Isto acontece por vários motivos, aqui nos deteremos apenas a alguns que julgamos pertinentes para o quadro educacional atual em nosso estado.
A política de resultados vem sendo acompanhada com muita restrição por parte dos trabalhadores em educação. Ela é o grande calcanhar de Aquiles, pois além de reduzida o trabalhador e a trabalhadora em meros reprodutores de números -apenas positivos- com relação a aprendizagem dos estudantes, reduz também estes a um instrumento robótico virtual sem respeitar a reflexão do que é ensinado muito menos o que é aprendido.
O que interessa ao governo estadual são os números educacionais mesmo que apositivados, para garantir um lugar de destaque no ranking das desigualdades educacionais. Vivemos uma crise do capitalismo acalorada pelo sentimento equivocado de “ganho” financeiro, mesmo com perdas de direitos.
Nesse sentido as escolas são depósitos de burocratas que devem trabalhar em prol de um resultado positivo em troca de um bônus pelo seu “maquiamento” dos números educacionais e as salas de aulas são os laboratórios onde os incrementos pedagógicos servem como instrumentos de manipulação midiáticos.
Sobre a (des)valorização dos professores a coisa é ainda mais grave. Gratificações incorporadas e congeladas, direitos retirados e o não cumprimento da legislação educacional só aumentam o desejo dos governantes em diminuir cada vez mais à procura pela profissão.
Com o PL 79/2015, o governo do estado, que prometeu dobrar os salários dos docentes, deixa de contemplar 90% dos professores e professoras, aplicando o reajuste de 13,01% da Lei do Piso do Magistério apenas aos professores com nível médio, não aplicando o referido percentual no desenvolvimento da carreira como estabelece a legislação.
A esse respeito lembro- me de um texto do Poeta Eduardo Alves da Costa que diz:
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem;
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
Portanto não podemos aceitar calados tantos desrespeitos com a Legislação educacional e consequentemente com os professores e professoras. Exigimos o cumprimento de um direito que é nosso, conquistado sob muita luta.
Arantes Gomes
Coordenador Geral da Mata Sul
Nenhum comentário:
Postar um comentário