Mensagem ao governador de Pernambuco
Nós, trabalhadores em
educação de Pernambuco, estamos em greve
desde o dia 10 de abril devido a medida do governador Paulo Câmara que concedeu
aumento apenas para quem tem o nível
médio e deixou 90% da categoria de fora.
A conclusão de muitos colegas é que, esta medida, detona com o nosso Plano de
Cargos e Carreira o (PCC). Todo mundo
sabe que dois critérios importantes para se conseguir aumento são: o tempo de serviço e o grau de estudo. A
medida do governo desconsiderou isto. Qual é o estímulo que temos agora para continuar
estudando? Como vamos dizer para os nossos alunos que estudem para melhorar de
vida, se agora no Governo, quanto mais se estuda, menos se ganha de aumento?
A greve continua e, pelo jeito, parece ser dura. O governo, no lugar de abrir o diálogo franco e transparente com a
categoria, prefere recorrer à justiça, cortar os pontos dos grevistas e ameaçar
professores com demissões. Em resposta 2.500 trabalhadores em educação em
assembleia, na última sexta-feira, 17, decidiram continuar com a paralisação
até o dia 27 deste, a próxima sexta-feira.
Felizmente nós temos o recurso legal da greve. Aliás, a
história nos ensina, que tudo o que
temos hoje de conquista é resultado das mais variadas formas de lutas,em
especial das greves. É claro que tivemos governos que trataram bem melhor a
educação, como foi o caso de Miguel Arraes. O próprio Eduardo Campos deixou a
lei do piso para ser paga também este ano. Que tal o atual governador se espelhar em
Arraes e cumprir a lei do piso deixada
por Eduardo concedendo também os 13,01% para os professores que ficaram sem
nada este ano! apresente um plano! O seu partido, governador, o PSB, não é um partido socialista? A principal
regra do socialismo é “a cada um de
acordo com a sua capacidade e a sua necessidade”? A sua medida deste ano conosco diz ao
contrário.
Que tal,
governador, sair bem na
fita, chamar o SINTEPE para negociar e
dizer como pretende dobrar os nossos salários? Não foi esta a sua promessa de
campanha? Que tal dizer para o
SINTEPE quando e como pretende tornar
todas as escolas do Estado integrais ou semi integrais, a previsão desta medida
no país não é para até 2016? Que tal pagar o piso também para os
mini contratados, eles não fazem o mesmo trabalho que nós? Que tal governador
dizer quando teremos concurso público no estado, afinal, isto é ruim para a
qualidade do ensino no Estado! Que tal governador dizer quando e como pretende
melhorar a infraestrutura das escolas? A minha, por exemplo, precisa de
internet banda larga nas salas de aulas, climatização das salas para os nossos
alunos aprenderem mais! Os professores, alunos e pais ficariam
muito gratos! Que tal dizer para o SINTEPE quando vai propiciar cursos
de mestrado e doutorado para nós que moramos distante dos grandes centros? Pode
ser, presencial e a distância, não temos
Polos de Educação a distância nas macrorregiões do estado? Qual é o
programa de capacitação de professores que a Secretaria de Educação tem para
nós no seu governo? Quando o sr. vai
reduzir o quantitativo de aluno por sala de aula para melhorar a qualidade do
ensino no Estado? Tudo isto, Governador,
tem a ver com o desenvolvimento cultural e econômico do próprio Estado
que o sr. governa. Afinal governador, o sr.
Já leu os 40 pontos de reivindicações que o SINTEPE deixou com o seu Vice-Governador, Raul Henri?
O que tem de concreto para nós? Apresente a sua contra proposta! Mostre
grandeza!
Governador, nesta greve nós conseguimos envolver bem mais os
pais e os alunos na discussão das reivindicações para a educação em Pernambuco. É claro que os pais
conscientes querem ver os seus filhos o mais breve possível na escola, mas
também querem ver a educação e o professor do seu filho mais valorizados. Desta vez eles estão percebendo que a greve
também diz respeito a eles.
Governador, eu vi uma profissional da Educação esta semana
indignada, com os olhos marejados em lágrimas, preocupada com a sua frieza no
trato com a categoria. Dizia ela: “ a minha preocupação é voltar para sala de
aula, sem nada, de cabeça baixa”. Aproveito
para lhe dizer que quem luta, como nós, nunca baixa a cabeça. De cabeça baixa vivem os
que não lutam de forma alguma pelos seus direitos. Na pior das hipóteses, nesta
greve, já temos um saldo positivo a
nosso favor que é o apoio que estamos recebendo dos pais e alunos. Isto não tem
preço! É uma conquista da educação para a cidadania que desenvolvemos em sala-
de- aula. Lembre-se, governador, nós
professores comprometidos com a luta
trabalhamos com seres humanos. Estamos comprometidos em formar cidadãos
que desenvolvam o senso crítico para mudar a realidade na qual vivem. Nós que
estamos lutando, temos compromisso com os pais e com os nossos alunos em pagar
todas as aulas que eles não estão tendo neste período! Sabe porquê? Nós estamos trabalhando para formar o ser humano integral! Isto é primar de fato pela qualidade do
ensino! Por fim, Governador, não é com ameaças de demissões,
cortes de pontos, transferências que vamos avançar na educação em Pernambuco.
Agindo assim, todos saem perdendo, inclusive o senhor.
Tabira, 19 de abril de 2015
José Rodrigues dos Santos
Professor
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