Foto do 2º Encontro de Formação do PC do B de Tabira -2014
Recortes de uma matéria da camarada Rita Matos.
Camaradas. Em tempos difíceis e complexos pelo mundo a fora e,
levando em conta, que o partido em Tabira atravessa um momento particular da
sua história e precisa aprimorar o debate de ideias em torno dos nossos princípios. Sugiro para vocês a leitura abaixo.
“Há partidos políticos (e são a maioria) cuja ação está
circunscrita à disputa do aparato de Estado. Estar nas prefeituras, câmaras,
parlamentos, governos estaduais e federal. Ocupar secretarias, administrar
orçamentos, vender pareceres técnicos e mudar semestral ou anualmente o plano
de trabalho dos servidores públicos concursados para que nada mude de fato, se
é que me faço entender. Enfim, partidos do jogo político “legal” (às vezes nem
tanto), da ordem, da palavra vazia nos parlamentos que funcionam como balcões
de negócios, da dança de cadeiras na administração direta, indireta e
autárquica".
"E há partidos de outra estirpe. Os “de novo tipo”. Novo
porque se opõem ao velho e carcomido esquema político da burguesia. Porque
enxergam para além da superfície, porque se organizam para desordenar as
estruturas do capital. Sim, eles mesmos, os partidos comunistas. A ideologia
burguesa, que coloca tudo de cabeça para baixo, vem espalhando por aí o boato
de que os partidos leninistas são “velhos”. E tem muita gente bem intencionada
que acredita. E traz para dentro das fileiras comunistas ideias “modernas” como
a organização burguesa de partido. Tudo no maior quiprocó novidadeiro. Algo até
meio semelhante à máxima da arte contemporânea, segundo a qual o resultado
final não importa, apenas as “poéticas” do processo artístico (certo
social-democrata alemão já dizia isso sobre a política há mais de 100 anos).
Mas isso é tema para outra conversa."
"É aí que chegamos ao ponto inicial deste ensaio, onde reafirmávamos
alguns clichês sobre a adequação da tática à realidade. Questão esta que está
ligada àquela afirmação impactante de Marx, já citada por João Amazonas em
“Setenta anos de um partido que se tempera na luta”, de 1992: “Pactuai acordos para alcançar objetivos
práticos do movimento, mas não trafiqueis com os princípios, não realizeis
‘concessões’ teóricas”. Negrito nosso. Frase de Marx, dirigida aos operários alemães,
criticava o abandono dos princípios centrais dos comunistas em nome de um
“acerto tático”. Porque uma coisa são os acordos bem delimitados (até com o
inimigo, se for o caso, como o foi quando Stálin firmou um pacto de não
agressão com os alemães na década de 1940), com objetivos claros e temporais.
Outra coisa é “sobrevivência política” a qualquer preço, incluindo-se aí nos
custos os princípios teóricos".
"A sobrevivência política a qualquer preço, a eleição a
qualquer custo, partem da ideia central de que sem a presença nas instâncias do
Estado não se pode fazer política. Essa ideia tem algo de correto, na medida em
que a visibilidade de um parlamentar ou gestor nos ajuda, e muito, na
propaganda ideológica e na luta política. Mas tem algo de profundamente
equivocado também".
"Na quadra atual, a classe revolucionária (o proletariado)
precisa encontrar os meios de, na ação política, ascender ao poder. Os
comunistas, como partido do proletariado, buscam atuar politicamente para
vencer a batalha de ideias e conquistar a hegemonia sobre a sociedade. Os meios
são variados e é preciso que estejamos atentos às mudanças e aos anseios das
massas trabalhadoras. Porém é preciso não perder de vista o que nos traz para a
política: a transformação radical da sociedade. Atuar em todas as frentes sim,
defender a democratização radical da política (pois a democratização da
burguesia é sempre parcial), sem, porém, admitir o rebaixamento de nossos
princípios. A revolução social do proletariado não se dará pela adesão ao
programa da burguesia, muito menos pela aceitação do seu domínio sobre os
processos políticos. Se acreditarmos nessa possibilidade – que nada mais é que
a defesa de uma “revolução passiva” como programa -, estaremos fadados à
absorção do nosso partido pelas forças da ordem, tornando-nos “mais um”
agrupamento no jogo político pelo controle (parcial) do Estado burguês".
"Porque a “mensagem” que transmitimos às massas só nos ajuda
a avançar na luta quando ela é, de fato, a nossa mensagem. É aí que entra a
questão dos princípios. Não nos interessa, do ponto de vista da luta pelo
socialismo, eleger gente que não defende a nossa política; eleger oportunistas
e traidores de todo tipo, que ao menor descuido estão firmando acordos com toda
sorte de gente e adentrando a todo tipo de governo; considerar como “aliados”
toda sorte de aventureiros políticos, aceitar qualquer tipo de acordo,
independentemente do programa, apenas porque nos dá uma “vaga” numa chapa ou
uma secretaria qualquer com algum orçamento (para fazer o quê, mesmo?)".
Rita Matos
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