quarta-feira, 21 de maio de 2014

Sessão solene destaca conquistas da Coluna Prestes para o Brasil

 



“O espírito da Coluna Prestes deve se manter vivo na combatividade da nossa juventude, por isso é importante que se conheça a história e se compreenda as mudanças e avanços resultantes dos atos de coragem dos heróis da nossa Pátria. Assim a marcha segue nas lutas do povo, para fazer avançar o Brasil que a Coluna descortinou.”



Agência Câmara
O movimento lutava contra tudo o que a oligarquia brasileira da época representava: impostos exorbitantes, desonestidade administrativa, falta de justiça etc.O movimento lutava contra tudo o que a oligarquia brasileira da época representava: impostos exorbitantes, desonestidade administrativa, falta de justiça etc.


Estas foram as palavras que dezenas de estudantes ouviram da deputada Luciana Santos na sessão solene em homenagem aos 90 anos da Coluna Prestes, que o Congresso nacional realizou nesta terça-feira (20).

Mateus de Melo, 17 anos, estudante do 3º ano, do Centro de Ensino Educacional 03 (CED 03), de Sobradinho (DF) assistiu, pela primeira vez uma sessão do Congresso Nacional. Trazida pela professora de História da escola, ele disse que “são informações interessantes sobre a história e sobre a importância da Coluna Prestes para a nossa sociedade e o que vivemos hoje”, ao final da sessão, após os discursos em que os oradores relembraram os fatos, personagens, locais e datas que compõem a história do Movimento Tenentista no Brasil.

Mateus disse que só tinha ouvido falar na Coluna Prestes de conversas fora da escola e só conhecia o assunto “muito vagamente”. Após as falas dos parlamentares, ele vai saber, quando o tema for abordado na escola – ainda este bimestre - que “muitos dos avanços democráticos e sociais que vieram a ser conquistados posteriormente já estavam presentes nas bandeiras e programas daqueles jovens oficiais revolucionários”, ouviu a deputada Luciana contar.

Luciana Santos ressaltou que “a própria Revolução de 1930 – comandada por Getúlio Vargas e com a participação de muitos ex-tenentes – não poderia ter sido vitoriosa sem que o terreno fosse semeado pela Coluna Prestes e o tenentismo.”

O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), que presidiu a sessão, compôs a mesa com parlamentares e homenageados, entre eles Maria Ribeiro Prestes, a viúva de Luis Carlos Prestes, principal personagem da Coluna.

Em seu discurso, Inácio Arruda disse que os revolucionários queriam o progresso do país, um país de população ainda pequena, naquela década de 1920, mas gigantesco, rico e poderoso, com capacidade produtiva extraordinária. E, falando aos estudantes, destacou que “a Coluna era formada de jovens oficiais do Exército brasileiro, todos desejosos do desenvolvimento da nação.” 

“Por isso homenageamos a Coluna Prestes, para resgatar para a juventude brasileira o resultado da história”, disse Inácio, acrescentando que "é possível o povo viver muito e muito bem, e não acontecia esse grau de desenvolvimento porque a elite dirigia a nação e frustrava todas as tentativas de desenvolvimento mais largo do país."

Marcha invicta

A sessão solene começou com a exibição de um vídeo alusivo a Coluna Prestes. No pequeno filme foi contatada a origem da Coluna Prestes a partir do Movimento Tenentista que defendia mudanças política, econômicas e sociais e denunciava as mazelas do país, que impediam o bem-estar do povo. 

Considerada o ápice do Movimento Tenentista, a Coluna Prestes ficou ativa por dois anos e três meses, percorrendo 25 mil quilômetros e 11 estados das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. A marcha enfrentou as tropas do Exército ao lado de forças policiais de vários estados, além de tropas de jagunços, sem ser vencida.

A marcha invicta foi lembrada pelo líder da Revolução Chinesa, Mao Tsetung, que a cita em seus escritos militares como manobra militar fundamental para a vitória da Revolução chinesa, contou Luciana Santos, destacando que “este movimento galvanizou os setores insurgentes contra tudo o que a oligarquia brasileira da época representava: os impostos exorbitantes, desonestidade administrativa, falta de justiça, mentira do voto, amordaçamento da imprensa, falta de legislação social entre outras.” 


Após a leitura do discurso oficial do Congresso Nacional, lido pela deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), foi feita a homenagem aos combatentes da Coluna Prestes, com entrega de certificados honoríficos à viúva de Luis Carlos Prestes, Maria Prestes; à neta de João Cabanas, Letícia de Barros Azevedo; ao neto do Miguel Costa, Yuri Costa; e a Izidro Pires Nardes, ainda vivo, com 104 anos, que foi representando por Cleyton Weizenmann.

Discurso oficial da sessão solene foi lido pela deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), que destacou que os participantes da Coluna Prestes enfrentaram adversidades e confrontos ao denunciar a situação precária das condições do povo brasileiro e a luta pela implantação do voto secreto e da educação fundamental obrigatória. 

E, ao comemorar os 90 anos da Coluna Prestes, destaca a figura de Luis Carlos Prestes que manifestava sempre sua inquietação pelas condições injustas que vivia o povo brasileiro e manteve sempre a esperança de um futuro melhor e a capacidade humana de se redimir. 

Interrupção abrupta

A sessão solene começou com mais de uma hora de atraso em função de outra sessão solene que acontecia no Plenário da Câmara. Com pouco mais de 40 minutos de sessão, o deputado Inocêncio Oliveira (PR-PE), que presidiria a sessão plenária, assumiu o posto na Mesa Diretora e, interrompendo a fala do senador Inácio Arruda, encerrou a sessão. 

A atitude de Inocêncio Oliveira foi criticada duramente pelos parlamentares. Os deputados Amauri Teixeira (PT-BA) e Alice Portugal (PCdoB-BA) ainda tentaram evitar o encerramento abrupto da sessão, sem sucesso. “É uma vergonha! É uma grosseria!”, afirmava Alice Portugal, lembrando os convidados e estudantes que assistiam à sessão.

“Sr. Presidente, infelizmente foi uma atitude vergonhosa para esta Casa a forma com que nós encerramos esta sessão”, complementou o deputado Gustavo Petta (PCdoB-SP), já na sessão plenária aberta por Inocêncio, que tentou explicar-se: “O problema foi que a sessão começou atrasada.”

O deputado Fernando Ferro (PT-PE) lembrou que “não foi a primeira vez que aconteceu sessão solene com o tempo extrapolado. Eu lamento, acho inclusive que V.Exa. está sendo rigoroso no cumprimento do Regimento
, mas certos momentos transcendem o Estatuto e o Regimento. 

“Quero aqui expressar a minha reclamação. Entendo que V.Exa. poderia ter sido um pouco mais lhano na condução dos trabalhos desta sessão, mais educado e respeitoso em um momento histórico como aquele”, disse Ferro, fazendo coro aos demais parlamentares.

De Brasília
Márcia Xavier

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