segunda-feira, 27 de julho de 2015

O esquerdismo exacerbado e seu eterno papel de ajudante da direita


Pedro Luiz Teixeira de Camargo (Peixe) *

Enquanto o Brasil inteiro assistia ao Pan Americano, mais uma vez a esquerda trotskista brasileira dava exemplos de como não se deve se portar neste momento histórico tão complexo que vivemos. Seria cômico se não fosse trágico.


A primeira agremiação que se mostra fora do contexto real da luta de classes, é o PSTU, que através de seu eterno candidato a presidente José Maria inexplicavelmente passou a apresentar entre as propostas de luta do partido a derrubada do governo Dilma, fazendo coro com a direita golpista.

A falta de lucidez é tão trágica que, segundo José Maria, “devemos (...) colocar para fora o quanto antes este governo”. Ora, colocar para fora um governo legitimamente eleito é um golpe contra a democracia! Será que este senhor não aprendeu nada com o impeachment do ex-presidente Collor? Por acaso foram os trabalhadores que passaram a ditar as regras no país? Claro que não! Foi o então vice-presidente, Itamar Franco, do mesmo PMDB de Michel Temer atual vice-presidente do país! Será que é uma boa ideia derrubar o PT para o PMDB de Eduardo Cunha e Renan Calheiros passar a literalmente ditar os rumos do país? Claro que não!

Esta análise do PSTU é de um amadorismo tremendo, pois não leva em conta as experiências passadas e ajuda a colocar em risco o maior bem que temos no Brasil: a democracia. Não existem provas reais de corrupção da presidenta Dilma, portanto levantar esta tese é se basear e impulsionar nosso principal inimigo de classe: a direita golpista que tenta a todo o momento derrubar o governo petista legitimamente eleito.

De maneira parecida com o PSTU, a ex candidata a presidência do país, Luciana Genro do MES-PSOL divulgou em 18 de julho que o Brasil “precisa de um novo junho de 2013”. Novamente, a esquerda psolista mostra sua vocação para irresponsabilidade, pois se lembrarmos com atenção, veremos a consequência destas manifestações sem bandeira de luta definida.

O resultado daquelas passeatas foi um país dividido, com extremo ódio de classe, com pessoas defendendo abertamente o racismo, homofobia, golpes militares além, é claro, de culminar com a eleição do Congresso Nacional mais conservador desde 1964. 

Se hoje estamos lutando diuturnamente contra golpes à democracia, haja vista as votações da redução da maioridade penal e do financiamento empresarial de campanha, uma das causas para estas tentativas de retrocesso foi sem dúvida a presença de uma enorme massa amorfa nas ruas há dois anos fazendo pressão sem motivo real aparente ou bandeira de luta concreta e definida.

O mais curioso destes dois fatos, é que além de fazerem coro para a direita golpista, estes extremistas também foram vítimas do ódio da direita em junho de 2013, sendo acuados e apanhando, junto com os militantes do PT e PCdoB e demais partidos de esquerda em diversos atos pelo país afora.

Saber identificar o inimigo maior é a maior qualidade de um lutador, assim como fazer o possível para unificar as mais diversas forças contra ele. Sun Tzu já falava isso a mais de 2000 anos na sua magistral obra A Arte da Guerra.

Espero, profundamente, que tanto o PSTU quando o MES-PSOL reveja esta postura, pois nada é mais interessante para o inimigo maior que aliados que não sabem a quem servir, unificar todas as forças contra qualquer tentativa de golpe e em defesa da democracia é dever de todo democrata, até mesmo dos irresponsáveis extremistas. Quem viu um golpe, sabe perceber de longe sua construção...

Até mais
* Biólogo, Especialista em Gestão Ambiental, Mestrando em Sustentabilidade pela UFOP/MG e Diretor de Universidades Públicas da ANPG

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