A troika quer que os cortes nos salários no setor público, impostos pelos pacotes do FMI, sejam estendidos ao setor privado. A iniciativa evidencia o propósito dos ajustes europeus: reduzir a qualquer preço o custo unitário do trabalho para aumentar a competitividade da região frente à concorrência asiática. Subjacente à crise desenvolve-se a velha e boa luta de classes entre capital e trabalho.
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A chamada troika (EU, BCE e FMI) defendeu em conferência de imprensa, nesta quarta feira (16) em Lisboa, que as empresas reduzam os salários dos trabalhadores portugueses do setor privado, à semelhança dos cortes feitos nos salários dos trabalhadores da função pública.
Competitividade
“A fim de melhorar a competitividade dos custos da mão-de-obra, os salários do setor privado deverão seguir o exemplo do setor público e aplicar reduções sustentadas”, declarou a troika.
O representante da Comissão Europeia na troika, Jürgen Kröger, afirmou mesmo: “Têm de competir com países em que os custos laborais são muito mais baixos, e isso consegue-se de duas formas: reduzindo salários e aumentando a eficiência”. Acrescentou ainda que “se o setor público corta salários, é óbvio que haverá contágio e o privado irá seguir”.
Flexibilização
O representante do FMI, Poul Thomsen, reforçou esta posição: “É de uma importância crucial que estas reformas permitam alinhar a produtividade dos trabalhadores com as remunerações por estes recebidas. A isto chama-se flexibilidade do mercado laboral, que é uma parte importante deste programa, onde o Governo já fez muito, mas pode fazer muito mais”. Em outra linguagem pode-se perceber o objetivo de tudo isto: maximizar os lucros auferidos pelo capital através do prolongamento da jornada de trabalho e arrocho dos salários.
Tais declarações evidenciam o propósito dos ajustes que estão sendo impostos ao povo português, cuja essência é uma ofensiva histórica sem paralelo contra as conquistas da classe trabalhadora, em parte consagradas no chamado Estado de Bem Estar Social. O resultado, se tudo correr de acordo com a vontade da troika, será um brutal retrocesso social, conforme salientou a CGTP.
Os trabalhadores, contudo, não engolirão o pacote de maldades preparado pelo FMI pacificamente. As duas centrais do país (CGTP e UGT) estão convocando uma greve geral unificada para 24 de novembro e defendem propostas alternativas para fazer frente à crise da dívida. “O país não está condenado ao desastre”, salientou o secretário-geral da CGTP, Carvalho da Silva.
Com Esquerda.net
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