24/11/2011
Acontece em São Paulo a quinta edição do MediaOn, seminário sobre jornalismo online. Nesta quarta-feira, um dos paineis reuniu Renato Meirelles, diretor do Data Popular, Rodrigo Flores, diretor de conteúdo UOL, Alex Banks, diretor-executivo do Brasil e vice-presidente da comScore para America Latina, e Marcelo Coutinho, diretor de Inteligência de Mercado para América Latina do Terra, que mediou o encontro.
A conversa girou em torno do advento da chamada "nova classe C" brasileira, que já corresponde a quase 54% da população e movimenta R$ 1,03 trilhão por ano. "Com certeza é isso que impulsiona a internet", opinou Meirelles.
A web do Brasil, de acordo com dados divulgados por Banks, é a oitava no mundo em número total de visitantes únicos, com 45,2 milhões. Em questão de procura por notícias e informações, o país só perde para os Estados Unidos, pois 99,2% dos brasileiros estão atrás disso quando se conectam.
Com a relação entre ascensão das classes mais pobres para o patamar de "média" e a quantidade de pessoas que navegam, ficou a pergunta: o que deve-se mudar para atender a essa demanda?
Segundo Meirelles, 46% da classe C têm acesso à internet, e 50% o fazem via banda larga. Essas pessoas, disse, também são mais otimistas do que as demais, portanto, estão sempre em busca de algo que lhes dê crescimento, nem que isso se dê via "jeitinho brasileiro". "Enquanto uma pessoa das classes A e B paga R$ 100 na sua banda larga, duas antenas de Wi-Fi atendem à COHAB inteira, pagando 'cincão' cada", explicou.
O executivo culpa o próprio mercado formal, que ainda não conseguiu dar conta da nova demanda. "A classe C paga por tudo o que ela acha relevante", disse, "e ela está acostumada a achar meios gratuitos para tudo o que ela acha relevante."
Um dos principais entraves enfrentados por aqui é a velocidade da internet, já que as operadoras de telefonia são obrigadas a entregar somente 10% da banda contratada. "Isso tem nome: é picaretagem", criticou Meirelles. É por essa razão, afirma, que o consumidor vive procurando alternativas, mas, na sua opinião, o crescimento social deve ajudar a combater o problema.
Conteúdo focado
Não é mais a demografia que dita o mercado, é o comportamento. As notícias, por exemplo, são focadas na massa da população, que cada vez mais é ocupada pela classe média. Apesar de parecer incoerente, foi exatamente por isso que o UOL não mudou seu conteúdo, ele só foi adaptado.
"O UOL não produz conteúdo específico para a classe C, produz também para a classe C", explicou Flores. De casa, o portal é visitado por 69,9% dos internautas brasileiros, e o novo perfil não alterou em nada a ordem dos conteúdos mais acessados: bate-papo, esportes, televisão, celebridades, jogos, e-mail, notícias e rádio.
Para chegar a essa nova audiência, o portal apenas passou a investir mais nos assuntos de interesse geral. "Antigamente, a gente não podia colocar na primeira capa [do UOL] o que tivesse saído na Folha de S.Paulo porque quem acessava internet já tinha lido o jornal", contou.
Quando quer falar diretamente com a classe média, o UOL o faz por meio do BOL, que possui exatamente o mesmo conteúdo, mas com uma edição diferenciada, focada no jornalismo de serviço e de entretenimento.
No portal principal, não existe "popularização", contou o executivo, apenas um esforço para "facilitar a comunicação".
Conteúdo próprio
"Não há um programa de auditório que não tenha o 'top 10' da web", comentou Meirelles, "é a classe C pautando a TV aberta." Isso acontece porque as pessoas agora têm equipamentos eletrônicos e, também, conexão - seja em casa, no trabalho, na lan house ou via celular.
Houve uma explosão de blogueiros no Brasil, segundo Banks, um dos pontos fortes da web nacional. É mais gente disputando espaço com os grandes veículos, mas Flores disse que o UOL não pensa assim.
"Nunca vemos blogs como concorrentes, até porque eles repercutem conteúdo nosso ou viram pauta", disse. O portal, inclusive, não teme baixas na audiência e vê com bons olhos o conteúdo patrocinado, desde que não paute a Redação
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