(por Sandro Ferreira)
As atenções políticas estão mais concentradas no enésimo ato da pantomima tucana, estrelada por Serra e Aécio, do que no embate de Marina contra o relógio e os cartórios.
É compreensível. Nas últimas cinco presidenciais, a disputa foi polarizada entre PT e PSDB. Além disso, são os tucanos que já ocuparam a Presidência e que comandam alguns dos principais Estados.
Uma reflexão que leve em consideração os dados das pesquisas e os potenciais de cada candidatura, porém, sugere que o compreensível, hoje, pode estar equivocado.
No último Datafolha, quem representa maior ameaça à reeleição de Dilma não é Serra nem Aécio, mas a ex-ministra Marina Silva. Ela alcança até 26%, o dobro de Aécio.
É só Marina que teria votos para ir ao segundo turno contra Dilma. E nas simulações finais, a vantagem de Dilma sobre ela seria a menor de todas as combinações: 46% a 41%.
É verdade que, na comparação com o PSDB, Marina possui menor potencial para arrecadar, escasso apoio político e menos tempo de TV.
Em compensação, além da baixa rejeição (14%), é ela que tem a relação mais fluida com os movimentos sociais e que está ligada à causa que talvez seja a mais fácil de ser "vendida" hoje, o meio ambiente.
Não é por acaso que parece ter sido a única figura política capaz de capitalizar algo com os protestos de junho.
As vantagens do PSDB sobre Marina seriam, no fim, superadas por Dilma. O PT capta mais, faz mais alianças; ninguém duvida. Mas o que os petistas fariam contra as vantagens competitivas de Marina?
O potencial de Marina é visto com desconfiança porque ela não tem os ativos mais relevantes da política tradicional: dinheiro, aliados e TV.
Mas não estar associado aos ativos da política tradicional virou, por si só, um grande ativo. Eis a sua "periculosidade".
fonte: http://www1.folha.uol.com.br
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