As centrais sindicais iniciam nesta quarta-feira (28) a primeira de uma série de protestos em defesa dos direitos trabalhistas e do emprego. Os representantes das centrais realizaram uma reunião preparatória nesta segunda-feira (26), em São Paulo, que definiu como serão as manifestações em várias capitais, sendo a principal em São Paulo.
Sindicalistas reuniram-se nesta segunda (26) para fechar os detalhes do ato desta quarta (28) em todo o Brasil
A principal reivindicação dos trabalhadores é a revogação das medidas que alteram a concessão de benefícios previdenciários e trabalhistas, como seguro-desemprego e pensão por morte. Mas os trabalhadores também pedem a mudança no rumo da economia. “Queremos resgatar um compromisso de campanha da presidenta Dilma, de que não seria feito nenhum ajuste sobre o setor produtivo e os direitos sociais”, afirmou o secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre. “Essa agenda que está sendo implementada é a do Aécio Neves”, acrescentou, referindo-se ao candidato derrotado à Presidência da República pelo PSDB.
O secretário-geral da CTB, Wagner Gomes, lembrou que o ato de quarta-feira é uma preparação para a marcha prevista para 26 de fevereiro, em São Paulo. "A presidenta Dilma foi eleita com a plataforma e a política referendada inclusive pelas centrais sindicais. Não vamos aceitar calados medidas restritivas, que derrubam o crédito, o financiamento para pequenas e médias empresas. A consequência disso é o desemprego. As centrais apoiaram a política da presidenta, mas quem apoia também cobra, e é o que vamos fazer", afirmou.
Em São Paulo, haverá concentração a partir das 10 horas no vão livre do Masp, na avenida Paulista, seguida de caminhada que passará pelos escritórios locais do Ministério da Fazenda e da Petrobras. Mais cedo, às 7h30, está programada assembleia diante da Scania, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Segundo as centrais, também já foram confirmadas manifestações em Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Salvador. Trabalhadores rurais, sem-terra, sem-teto e estudantes, entre outros movimentos sociais, devem participar.
O secretário de Organização e Política Sindical da UGT, Francisco Pereira de Sousa Filho, o Chiquinho, disse que existe "desconforto" das centrais em relação às primeiras medidas anunciadas por Dilma Rousseff – com quem os dirigentes, inclusive, se reuniriam em 8 de dezembro. “Estivemos com o governo em algumas ocasiões, e a nós foi dito que os trabalhadores não teriam nenhuma surpresa. Acho que a palavra 'traição' é um pouco pesada, mas estamos nos sentindo um pouco assim. Por que só trabalhadores ficaram com a responsabilidade de pagar essa conta? Será que o governo não tem onde cortar?”, critica Chiquinho. “Por que as grandes fortunas não são taxadas?”, questiona o dirigente.
Defesa do emprego
Para o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, que também apoiou a reeleição da presidenta Dilma, os anúncios feitos pelo governo não atingem apenas os trabalhadores. “Temos a certeza de que essas medidas prejudicarão a economia do nosso país”, salientou.
As duas medidas provisórias (664 e 665), que dificultam o acesso a benefícios trabalhistas e previdenciários, estão sendo analisadas por grupos técnicos do governo e das centrais. A primeira reunião ocorreu na sexta-feira (23). Na terça (3), dirigentes das seis centrais envolvidas na negociação (CTB, CSB, CUT, Força, Nova Central e UGT) voltarão a se reunir com os ministros Rossetto, Nelson Barbosa (Planejamento), Carlos Gabas (Previdência Social) e Manoel Dias (Trabalho e Emprego). O encontro será novamente realizado no escritório da Presidência da República em São Paulo.
"O governo foi capturado pela política derrotada nas urnas", disse o secretário-geral da CSB, Alvaro Egea. “A presidenta tem de vir a público para falar, não é só mandar seus ministros. Na Europa, essa política (de austeridade) também está derrotada, como aconteceu ontem na Grécia”, acrescentou, referindo-se à vitória do Syriza, partido de esquerda, nas eleições legislativas.
Os sindicalistas também criticaram declaração do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que disse considerar "obsoleto" o seguro-desemprego. "Se ele acha isso, então deve apresentar alguma coisa. Não vamos aceitar esse comportamento de empurrar coisas goela abaixo", disse Chiquinho, da UGT. "O Levy agradou mais ao Armínio Fraga”, ironizou Juruna, da Força, citando o coordenador da área econômica na campanha do tucano Aécio.
Para Sérgio Nobre, as medidas, além de empurrar o país para a crise, embutem várias ameaças. "Nosso movimento é em defesa do emprego e dos direitos sociais. Tudo aquilo que conquistamos em 12 anos (os dois mandatos de Lula e o primeiro de Dilma) pode se perder com a crise", observou. O secretário-geral da CUT lembra que a manifestação também será em defesa da Petrobras. "Todos defendemos que as denúncias têm de ser investigadas. Mas a empresa, com seu peso na economia, tem de ser preservada."
Fonte: Rede Brasil Atual
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