quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Metalúrgicos da Volks entram em greve contra 800 demissões


Os metalúrgicos da Volkswagen de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, decidiram entrar em greve por tempo indeterminado na manhã da última terça-feira (06), em protesto contra a demissão de 800 trabalhadores da planta. A decisão foi aprovada por cerca de 7 mil trabalhadores e abrange os 13 mil metalúrgicos dos três turnos na fábrica.  


 
 

Os trabalhadores souberam de sua demissão por meio de cartas que falavam para não retornarem aos seus postos de trabalho após o fim das férias coletivas. A correspondência começou a ser enviada pela empresa dia 30 de dezembro e já chegou a 800 funcionários.

Além deles, a ameaça de demissão existe para outros 1300 trabalhadores, já que a Volks anunciou publicamente sua avaliação de que existem 2100 excedentes na fábrica do ABC. No entanto, um acordo assinado com a Volks em 2012 previa estabilidade de empregos até 2016. 

Onda de demissões 

Os sindicalistas denunciam que, apesar dos bilhões de reais recebidos do governo federal em incentivos fiscais, desoneração da folha de pagamento e empréstimo a juros baixos via BNDES, as montadoras vêm atacando os trabalhadores em todo país, com PDVs (Programa de Demissão Voluntária), lay-off, férias coletivas e demissões.

Marcelo toledoO balanço do total de postos de trabalho fechados no setor no último ano deve ser concluído esta semana. Até novembro, as montadoras efetuaram 10,8 mil demissões de um total de 146 mil trabalhadores. Em dezembro, outra fábrica de São Bernardo, a Mercedes-Benz, demitiu 250 metalúrgicos de um total de 1.200 que estavam com os contratos de trabalho suspensos (lay-off) até 30 abril.

“A mobilização dos companheiros da Volks tem toda nossa solidariedade. É necessário toda unidade na luta contra esses ataques”, afirma o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Marcelo Toledo (foto).

De acordo com o cetebista, a alegação de que existe uma crise no setor é falsa. “Essa é uma crise é fabricada pelas montadoras para aumentar a pressão sobre o governo por mais incentivos fiscais. As montadoras têm obtidos grandes lucros, inclusive no ano passado”, revela o dirigente, que lembra que os trabalhadores têm um acordo assinado que garante a estabilidade até 2016.

Como medida de enfrentamento da crise internacional, o governo adotou a redução do imposto desde meados de 2012 como forma de manter o mercado interno aquecido. Em julho, o governo deu sinais de que retiraria o benefício, mas prorrogou após intensa pressão dos empresários.

Sindicalistas repudiam lay-off

A preocupação dos sindicatos em garantir a contrapartida ganhou força com o lobby dos empresários, que além da manutenção da redução do IPI, pressionam pela ampliação do lay-off (suspensão temporária dos contratos de trabalho). Atualmente, o lay-off pode ser de no máximo cinco meses, mas as empresas querem que o prazo seja ampliado para pelo menos um ano. Para justificar tal medida, os empresários dizem que poderão manter vagas até que o mercado brasileiro “apresentar melhora”, o que é esperado a partir do segundo semestre de 2015.

Contudo, de acordo com Toledo, as montadoras, todas multinacionais, têm aumentado a remessa de lucros, enquanto o beneficio da redução do IPI reduz a arrecadação do Brasil.

Por outro lado, segundo dados do Banco Central, somente em 2013, as montadoras multinacionais enviaram para suas matrizes US$ 3,3 bilhões, valor 35% superior ao de 2012, sendo o setor campeão de remessas de lucros ao exterior. No período entre 2010 e 2013, o montante chegou a US$ 15,4 bilhões, o que equivale a mais de R$ 36 bilhões.

Esse lucro é pago pelo consumidor. No Brasil, a média da margem de lucro da venda de um automóvel é de cerca de 10% do valor pago pelo consumidor final, enquanto que nos Estados Unidos, por exemplo, esse índice é de cerca de 2%. A média mundial é de 5%.

“Questionamos essa crise e o lucro obtido nos últimos anos pelas montadoras, que joga nas costas dos trabalhadores preço das oscilações que são frequentes no mercado. Essa atitude da Volks exige um posicionamento firme e enfático do movimento sindical. Nosso total apoio à greve dos trabalhadores da Volks ”, ressaltou o dirigente da CTB.

Fonte: Portal CTB 

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