Com eleição marcada para o dia 1º de fevereiro, a disputa pela Presidência da Câmara dos Deputados está cada vez mais acirrada. Os deputados Arlindo Chinaglia (PT-SP) e Eduardo Cunha (PMDB) protagonizam a disputa. Ambos percorrem o país para conquistar votos.
Chinaglia (PT), Cunha (PMDB) e Delgado (PSB) concorrem à Presidência da Câmara.
Com a proximidade do pleito, o clima eleitoral ganha novos contornos e os candidatos, por meio da imprensa, trocam críticas. À margem de polêmicas está o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), que também disputa a Presidência da Câmara.
Com um histórico de votações contra projetos de interesse nacional, Eduardo Cunha tem a rejeição do campo mais progressista, mas conta com o apoio da grande mídia e de setores mais conservadores. Isso porque sua pauta de campanha inclui a rejeição ao projeto de democratização da mídia que a presidenta Dilma Rousseff pretende encaminhar ao Congresso.
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Ele também promete uma atuação “independente”, além de ampliar gabinetes, colocar equipes da TV e Rádio Câmara para fazer cobertura sobre as atividades dos parlamentares nos seus estados e construir um edifício anexo para a Casa.
Desgaste político
Apesar de ter sido o primeiro a lançar candidatura, Cunha tenta correr atrás do prejuízo. As acusações de que teria recebido propina no esquema da Lava Jato refletiram na sua candidatura. “É o que chamo de alopragem”, defendeu-se ele, que conta com a afirmação do advogado do doleiro Alberto Youssef de que não está envolvido.
Agora, Cunha tenta reverter o desgaste político e rearticular o seu campo. Em reunião da Executiva nacional do PMDB, nesta quarta (14), a legenda oficializou o apoio às candidaturas na Câmara e no Senado.
O que poderia ser uma praxe tornou-se um fato relevante, já que o partido não precisava tomar tal atitude há pelo menos 15 anos. A expectativa de Cunha de demonstrar unidade em torno de sua campanha talvez não tenha o efeito esperado, já que veio em forma de uma nota discreta sem sequer citar os nomes dos respectivos apoiados.
Campo progressista
Chinaglia, por sua vez, desde o dia 9 de janeiro percorre diversos estados brasileiros em busca de votos dos parlamentares, já que o Congresso está em recesso legislativo. Ele conta com o apoio do PCdoB, PSD, Pros, PRT, além do PT.
O petista criticou a proposta de Cunha de abertura de uma CPI da Petrobras. “Defender uma CPI de forma genérica é uma tentativa de se credenciar. Não preciso disso. Por que alguém defende tanto uma CPI? Já teve senador muito eloquente pedindo CPI, que depois foi flagrado na operação Cachoeira”, disse ele referindo-se ao senador Demóstenes Torres (ex-DEM), cassado em 2012 por seu envolvimento com o contraventor Carlinhos Cachoeira.
Em visita a Sergipe, Cunha respondeu dizendo que Chinaglia não teria independência em relação ao Palácio do Planalto e que as denúncias da Lava Jato seriam “alopragem de adversário”.
Trajetória de Chinaglia
Chinaglia disse que Cunha “está baixando o nível” da campanha. “Eu prefiro não responder declarações de baixo nível de alguém que critica o outro pelas costas e fala algo dessa natureza. Ele tenta me desqualificar. Eu não vi a declaração dele, mas sou do tempo de não valorizar carta anônima. Quando alguém quer fazer uma acusação tem que dar nome, tem que coragem para dizer quem fez o quê. Senão eu fico respondendo algo que não me diz respeito”, afirmou Chinaglia.
Na ofensiva, Chinaglia destacou que, diferente de Cunha, sua trajetória de atuação da Câmara mostra que sempre soube agir com independência e respeito a todos os partidos, especialmente aos da oposição. “Podem procurar qualquer deputado, de qualquer partido, especialmente os da oposição, para saber como eu exerci a Presidência da Câmara”, disse o deputado, que presidiu a Câmara entre 2006 e 2008.
Chinaglia disse que está “bastante otimista” quanto ao processo eleitoral e que já trabalha com a perspectiva de segundo turno, tendo inclusive já conversado com o candidato Júlio Delgado (PSB), para um ter o apoio do outro, no enfrentamento a Cunha.
“A campanha está indo bem. Estou bastante otimista. Estou na Câmara há muito tempo, já fui presidente. Os parlamentares já têm opinião a meu respeito. Isso me dá tranquilidade de um patamar de votos bastante alto. Na campanha, estamos trabalhando pelo convencimento, especialmente pensando no segundo turno, para que se chegarmos lá, tenhamos o apoio de quem não for. Estamos trabalhando inclusive com o Júlio Delgado para se somar no segundo turno”, afirmou Chinaglia.
O deputado petista defende uma pauta menos relacionada ao cotidiano para a Câmara e afirma que, se eleito, criará novos grupos de discussão parlamentar para debater temas fundamentais ao país, como saúde, segurança e desenvolvimento. Ele afirma que dois temas são urgentes: reforma política e tributária.
Apoio de ministros
Ministros com peso político e bom trânsito entre os parlamentares também entraram na campanha de apoio a Chinaglia. Jaques Wagner (Defesa) e Ricardo Berzoini (Comunicações), por exemplo, buscam angariar apoio e voto ao petista. A ação dos ministros causou choradeira entre os apoiadores de Cunha, que acusam o Planalto de ingerência. Mas, certamente, os ministros ligados ao PMDB que apoiam Cunha estão fazendo o mesmo.
Da Redação do Portal Vermelho, Dayane Santos
Com informações de agências
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