Cuba e Estados Unidos iniciam nesta quarta-feira (21), em Havana, os diálogos para o restabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países. Na noite desta terça (20), o presidente norte-americano, Barack Obama, pediu ao Congresso que comece a trabalhar para colocar um ponto final ao bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto à ilha há mais de meio século.
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Raúl Castro e Obama apertam as mãos durante funeral de homenagem a Nelson Mandela.
Cinco semanas após a histórica reaproximação anunciada por Raúl Castro e Obama, os dois países debaterão complexos temas migratórios e os passos para retomar as relações interrompidas em 1961. Segundo informações publicadas pela Prensa Latina, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores cubano afirmou que há “vontade de sustentar um diálogo respeitoso, baseado na igualdade soberana e na reciprocidade, sem abrir mão da independência nacional e da autodeterminação do povo”.
O encontro deve durar dois dias e “a normalização de relações é um processo muito mais longo e complexo, no qual se devem abordar temas de interesse para ambas as partes”, precisou o diplomata cubano. Para ele, “as medidas tomadas pelo presidente Obama vão em uma direção positiva, mas ainda há muito o que avançar”.
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A expectativa é que as partes se concentrem inicialmente nas questões urgentes que garantam a retomada da diplomacia, para depois avançar a alguns dos temas centrais, dentre eles a suspensão do bloqueio à ilha e a situação da base militar de Guantánamo.
A delegação norte-americana é liderada pela subsecretária de Estado para o Hemisfério Ocidental, Roberta Jacobson, e sua contraparte é a diretora dos Estados Unidos da Chancelaria cubana, Josefina Vidal. As reuniões acontecem no Palácio de Convenções de Havana.
Obama pede fim do bloqueio ao Congresso
O presidente estadunidense se pronunciou na noite desta terça-feira (20) diante do Congresso e pediu concentração de esforços para que, ainda este ano, o bloqueio a Cuba seja suspenso. “Estamos colocando fim a uma política que deveria haver terminado faz tempo”, disse. Segundo Obama, “quando alguém faz algo que não funciona durante 50 anos é hora de tentar algo novo”.
O mandatário referiu-se também à necessidade de fechar a prisão de Guantánamo. “Desde que fui eleito presidente, temos trabalhado com responsabilidade para reduzir a população de Guantánamo pela metade. Agora é o momento de terminar o trabalho. E não cessarei em minha determinação de fechá-la”, prometeu.
Contudo, apesar de afirmar que defende o princípio de que “as nações grandes não podem intimidar as pequenas”, Obama reiterou que seu país reserva o “direito” de atuar unilateralmente, com o objetivo de “eliminar os terroristas” que representem uma “ameaça direta para os Estado Unidos e seus aliados”.
Um novo capítulo
Segundo informações publicadas pelo jornal Granma, órgão do Partido Comunista Cubano, durante esta quarta-feira (21), os representantes de Cuba e dos Estados Unidos devem abordar o cumprimento dos acordos migratórios. Cuba oferecerá informações à delegação norte-americana sobre o encaminhamento das medidas tomadas em janeiro de 2013, para atualizar a política migratória cubana e seu impacto no fluxo de pessoas entre os países.
A parte cubana também deve expressar seu rechaço à política estabelecida em 2006, pelo ex-presidente George W. Bush, de outorgar residência norte-americana aos profissionais e técnicos de saúde cubanos que abandonassem suas missões em outros países. Da mesma forma, irá expor o problema da emigração ilegal e das leis que lhe servem de estímulo.
Na quinta-feira (22), pela manhã, se efetuará o encontro dedicado à reabertura das embaixadas e os princípios que sustentarão essa relação. Fontes diplomáticas de Cuba afirmaram a necessidade do cumprimento da Carta das Nações Unidas e das Convenções de Viena sobre relações diplomáticas e consulares.
Ainda na quinta-feira, as partes devem revisar as distintas áreas de cooperação bilateral em setores de interesse mútuo.
Théa Rodrigues, da redação do Portal Vermelho,
Com informações do jornal Granma, CubaDebate, Prensa Latina e da AFP
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