Tristeza! Não há outra palavra para exprimir o sentimento dos comunistas nesta tarde quando chegou a notícia de que o veterano camarada Dynéas Fernandes Aguiar despediu-se da vida.
Por José Carlos Ruy
Dynéas não parecia ter os 81 anos que completou em 30 de janeiro. Tinha no corpo, claro, as marcas da idade. Limitações que ele vencia com o mesmo vigor daquele rapaz de 18 aos que, em 1950 – há mais de 60 anos – se filiara ao Partido Comunista do Brasil.
Ele próprio, recentemente, lembrou as razões de sua filiação comunista. Disse que se aproximou do Partido ao tomar conhecimento da luta revolucionária dos camponeses no México que, por falta de uma compreensão de como dirigir a tomada do poder, perdeu a direção do movimento. Na mesma ocasião emocionou-se com a letra da Internacional, que defendia a igualdade e recusava a existência de senhores ou chefes supremos.
Logo foi eleito para a presidência da União Brasileira dos Estudantes Secundarias (UBES), na época em que crescia a luta pela paz, contra a Guerra da Coreia (a pressão dos EUA pela entrada do Brasil era forte), e pela proibição das armas atômicas. Os comunistas estavam engajados nessa luta, e Dyneas se revelou então como o grande lutador e dirigente ao longo de sua vida.
Nunca tergiversou. Lutou na Campanha do Petróleo, nas lutas pela reforma do ensino, na luta pela meia passagem e pela meia entrada aos estudantes em espetáculos, entre outras campanhas nacionais e democráticas.
Na segunda metade alinhou-se com aqueles que, dentro do velho Partido Comunista do Brasil (PCB), resistiram contra a orientação reformista que passou a prevalecer na direção do partido; combateu aquelas ideias com denodo, lutou contra o reformismo, sendo eleito para o Comitê Central na Conferência de Reorganização que ocorreu em 18 de fevereiro de 1962.
Na década de 1970, sob a ditadura militar de 1964, serviu ao partido do exílio – em Buenos Aires – no apoio aos comunistas brasileiros. Tornou-se um dos principais dirigentes comunistas brasileiros, tendo sido Secretário de Nacional Organização do PCdoB entre 1978 a 1992. Nos anos 90 afastou-se da direção nacional, tendo sido vice-prefeito de Campos do Jordão (SP), entre 2001 a 2009.
Dedicava-se, nos últimos tempos, com entusiasmo juvenil (apesar das graves limitações provocadas pela doença), ao resgate da história dos comunistas brasileiros. Com entusiasmo juvenil e o rigor da ciência!
Foi um homem de partido, no sentido mais rigoroso da expressão. Homenageado, aos 80 anos, pela União da Juventude Socialista (UJS) (da qual foi declarado o mais novo integrante e eleito presidente de honra), agradeceu emocionado. “Quero que saibam que vocês não devem ser o futuro do país, são o presente desse país! Queremos muito mais, e o “mais” não significa a negação do passado, significa as melhorias do presente que vivemos, para construir um futuro melhor. A UJS de futuro, um futuro de transformações, é a escola da formação política do jovem, o futuro do Socialismo!”
Quando completou 80 anos de idade, foi saudado, em nome da direção do Partido Comunista do Brasil, por Walter Sorrentino pelos sessenta dedicados ao trabalho no PCdoB. Foi saudado como “um homem simples, culto, disciplinado ao extremo, solidário, humano”, cuja marca era a “consciência histórica, revolucionária, compromisso integral com ela”. Este foi Dyneas Aguiar, um comunista cuja partida, nesta tarde de luta em São Paulo (contra o aumento na tarifa dos transportes coletivos), enlutou os comunistas brasileiros.
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