terça-feira, 25 de junho de 2013

Jandira denuncia ação de grupos fascistas nas manifestações


Na última quarta-feira (19), deputados federais do Rio de Janeiro divulgaram uma carta aberta aos manifestantes sobre os atos que tomaram as ruas de várias cidades do Estado. No texto, eles se dirigem “aos milhares que, mobilizados pela internet, saem para as passeatas, transitando do virtual para o presencial”, dizendo: “ vocês nos representam!”. Entre os signatários, a deputada Jandira Feghali (PCdoB), que concedeu esta entrevista ao blog Viomundo. 


Viomundo: Na quinta-feira (20), houve atos de violência e depredações em alguns pontos da cidade do Rio de Janeiro. Os manifestantes continuam representando-a?
Jandira Feghali: Mantenho a mesma posição de apoio, pois a grande maioria da manifestação não tem nada a ver com a confusão que aconteceu. Majoritariamente ela continua agindo de maneira democrática, com bandeiras justas pela educação, saúde, mobilidade urbana, contra o fundamentalismo em relação à diversidade.

Viomundo: 
E a destruição de patrimônios históricos do Rio?
JF: Aí está o problema. Existem dois grupos minoritários, que estão quebrando, destruindo, partindo para a violência, que nós não apoiamos. Acredito que também a sociedade e os manifestantes também não os apoiam.

Viomundo: Quais seriam?
JF: Um é o anarco-punk, que desde o início sabíamos que existe e está presente em vários lugares. Seus integrantes acham que os símbolos do capital e do poder têm de ser depredados, destruídos. Daí os ataques a bancos, assembleias legislativas, patrimônios históricos. Eles acham que uma revolução se faz assim. Existe outro grupo que, no Rio de Janeiro, só ficou mais explícito na manifestação da última quinta-feira. É um grupo fascista, de direita, que atacou não apenas as poucas bandeiras de partidos e entidades, tocando-lhes fogo, rasgando-as, mas que jogou bombas nos próprios manifestantes, machucando muitos. Eles são nitidamente pagos e organizados. Isso é grave e nos preocupa, pois podem partir para agressões mais pesadas e gerar uma tragédia.

Viomundo: Como a senhora sabe que são grupos pagos?

JF: Eles foram identificados por pessoas de entidades democráticas. Eram caras que usavam jaqueta e gravata, davam ordem para agredir aqui, ali, acolá. Não jogaram bombas em bancos, prédios, polícia. Jogaram no carro de som da manifestação, diretamente nas lideranças, nos ativistas, que estavam celebrando. Eles acabaram produzindo uma série de confusões para dentro da passeata. São típicos grupos de fascistas. São pagos para gerar confusão entre os manifestantes e gerar uma mídia antipartidária, antidemocrática. Repito: acho isso muito grave e tem de ser denunciado abertamente por nós, pois fere o estado democrático de direito, a liberdade de manifestação.

Viomundo: O que acha de bandeiras de partidos e movimentos sociais terem sido destruídas e militantes de partidos agredidos? 
JF: Nós não estamos na época da ditadura em que as pessoas eram proibidas de se manifestar. Os partidos são parte da luta democrática. Aliás, essa liberdade de estarmos nas ruas como hoje é também consequência da luta dos partidos, que perderam militantes na ditadura e lutaram para que houvesse essa liberdade de manifestação. Portanto, os partidos são parte do processo. Ninguém quer tutelar nada. Eu acho que não tem de ter a tutela de absolutamente ninguém. E o movimento tem que ser amplo, suprapartidário mesmo, com os movimentos sociais. Nós queremos que essas manifestações legítimas de desejos tenham vitórias, conquistas concretas nas bandeiras importantes. Mas não queremos que isso seja confundido com bandeiras da direita, atrasadas, contra a liberdade de expressão e de manifestação de partidos políticos, de LGTB, do movimento negro ou de uma juventude que não milita em partido.

Viomundo: 
O que fazer agora?
JF: Nós não podemos admitir que atos fascistas, provocatórios, que se expressam através de movimentos organizados e pagos, possam gerar alguma tragédia, algum mártir. Ou confundir o processo que está se dando nas ruas. Nós temos de denunciar isso. Também temos de excluir esse comportamento fascista para que a beleza do que foi para as ruas possa avançar de maneira democrática. Os jovens têm que ficar antenados para se definir de forma ampla. Precisam aprender que a liberdade e a democracia são os maiores bens da sociedade brasileira.

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