Presidente do Paraguai é deposto por golpe de Estado
Da Redação do Vermelho
Cinco décadas após a onda de golpes que varreu o subcontinente, os sul-americanos assistiram ao golpe parlamentar que tirou o presidente do Paraguai, legitimamente eleito, do poder no dia 22 de junho de 2012, a menos de um ano da convocação das novas eleições presidenciais, marcadas para abril de 2013. O ato gerou o temor de que a experiência “bem sucedida” pudesse ser repetida em outros países como Bolívia, Equador e Venezuela, principalmente.
Protesto contra o golpe parlamentar que destituiu o presidente legitimamente eleito do Paraguai, Fernando Lugo, em junho
Fernando Lugo, eleito em 2008 em um dos países mais conservadores do continente, sofreu um julgamento político no qual ficou decidido que ele apresentara “mau desempenho de suas funções” enquanto presidente por não evitar o Massacre de Curuguaty, que ocorrera no dia 15 do mesmo mês. Dois dias após o golpe, o Portal Vermelho enviou a jornalista Vanessa Silva para Assunção com o objetivo de acompanhar de perto os acontecimentos. Leia também:
Lugo: “Oxalá este momento seja o melhor da esquerda paraguaia”
Mercosul suspende Paraguai até eleição e incorpora Venezuela
Lugo afirma que massacre de Curuguaty foi provocado
Paraguai: emancipação e contrainsurgência na América do Sul
PC paraguaio: direita tenta unificar projeto de dominação
Itaipu: 80 funcionários contratados no governo Lugo são demitidos
“Brasil subestima o Paraguai, mas não existe inimigo pequeno”
Samuel Pinheiro Guimarães: Estados Unidos, Venezuela e Paraguai
Em resposta a golpe, Mercosul decreta suspensão do Paraguai
Governo paraguaio usa greve de fome para evitar investigação
Paraguai: Promotor rejeita provas e acusa camponeses de Curuguaty
Paraguai: esquerda se divide e dificulta vitória em 2013
O massacre, no qual morreram 17 pessoas, entre camponeses e policiais, continua sem solução. O atual presidente, Federico Franco, do Partido Liberal, que compunha a base aliada de Lugo, não tem demonstrado interesse em apurar o caso. Uma investigação alternativa provou que a matança foi provocada por atiradores de elite. Com base no exame de balística foi possível comprovar que os disparos não foram feitos pelas armas de posse dos camponeses. Ainda assim, um promotor condenou 14 trabalhadores rurais pelas mortes.
Para evitar precedentes e garantir que as eleições de 2013 sejam realizadas de maneira transparente e democrática, organismos regionais como o Mercado Comum do Sul (Mercosul) e a União das Nações Sul-Americanas (Unasul) suspenderam a participação do Paraguai até a volta da normalidade institucional. Assinado por Argentina, Brasil, Uruguai, Venezuela, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru, o texto que suspende o país do Mercosul enfatiza que "a plena vigência das instituições democráticas é condição essencial para o desenvolvimento do processo de integração".
A suspensão do país do Mercosul garantiu à Venezuela o ingresso como membro pleno do bloco. As negociações para sua adesão total levaram seis anos. Os parlamentos de Brasil, Argentina, Venezuela e Uruguai já haviam respaldado a entrada do país no bloco, que era impedida pelo Senado paraguaio, que, de acordo com Samuel Pinheiro Guimarães, fazia o jogo da política norte-americana na América do Sul.
A realização das eleições em 2013 gera expectativas. O Estado paraguaio não consentiu a presença da missão de observadores da Unasul, mas mesmo assim a Justiça eleitoral do Paraguai aceitou e a Unasul se somará à OEA, à União Europeia e ao Centro Jimmy Carter, estes três últimos convidados oficialmente pelo governo. Disputarão a presidência: Horacio Cartes, candidato do Partido Colorado; Efraín Alegre, candidato do partido Liberal; Lino Oviedo, do partido Unace; e pela esquerda, estarão na disputa: Mario Ferreiro, nomeado pelo movimento Avança País e Aníbal Carrillo, candidato da Frente Guasú de Lugo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário