Campeão da tolerância, dos direitos humanos e da liberdade de pensamento, teve vida dedicada à libertinagem e literatura.
"Não concordo com uma palavra do que dizes, mas defenderei até a morte seu direito de dizê-las".
Voltaire, em uma crítica ao livro “O Contrato Social”, de Jean Jacques Rousseau.
Voltaire, o escritor mais célebre da época do rei Luis XV, morre em Paris, em 30 de maio de 1778, aos 84 anos.
Nascido em 21 de novembro de 1694, filho de um notário, François Marie Arouet cursa excelentes estudos clássicos no Colégio de Clermont, em Paris. Seu padrinho, o abade de Chateauneuf, o apresenta à cortesã Ninon de Lenclos, então com mais de 90 anos, quem, seduzida pelo adolescente, o faz herdeiro de seu testamento.
O jovem abandona os estudos de direito em favor da libertinagem e a literatura, pondo em seu proveito um peculiar estilo literário e um insuperável talento para o deboche.
Um epigrama troçando de pretensos amores incestuosos do príncipe regente lhe valeu uma primeira estada na Bastilha em 1717.
Libertado, passa três anos na Inglaterra. Ao regressar publica "Cartas Filosóficas" ou "Cartas Inglesas" (1734) em que faz apologia do sistema político inglês para melhor ressaltar as fraquezas da monarquia francesa.
Prudente, Voltaire se retira por algum tempo ao castelo de Cirey, na Lorena, na casa de sua nova amante, Emilie du Chatelet, mulher excepcional que lhe obriga a fazer uma exceção à sua conhecida misoginia.
Acumula grande fortuna devido às suas obras literárias e especulações financeiras bem-sucedidas. Em 1729 leva a cabo um golpe de mestre comprando todos os bilhetes de uma loteria.
Graças ao apoio da marquesa de Pompadour, é chamado a Versalhes, nomeado historiógrafo do rei Luis XV e ingressa na Academia Francesa em 2 de maio de 1746. Torna-se a personalidade mais destacada da Europa e apelidado de "Rei Voltaire".
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Porém, a morte de Emilie em 1749 o afeta duramente. Como começa a sofrer a concorrência de uma nova geração de "filósofos", viaja para a Prússia a convite do rei Frederico II. Luis XV não resiste: "Será um louco a mais na corte da Prússia e um louco a menos na minha".
Voltaire chega em 10 de julho de 1750 a Berlim, uma cidade nova e em pleno progresso, ainda muito marcada pela origem francesa de seus primeiros habitantes, os huguenotes perseguidos por Luis XIV.
O francófilo rei da Prússia nomeou para a chefia da Academia de Berlim o astrônomo Maupertuis, quem havia sido amante da madame Chatelet e com quem Voltaire estava em conflito permanente.
O prestigioso escritor é acolhido com toda a consideração no Palácio de Potsdam. Recebe do rei uma pensão mensal de 20 mil libras. O soberano o convida todas as noites para a ceia e lhe pede para corrigir seus textos em francês.
Vale-se de Voltaire para que a opinião pública francesa se esqueça de sua política de agressão e para ostentar a imagem de um "déspota esclarecido".
Quando Frederico II manda recolher e queimar em praça pública , em 24 de dezembro de 1752, um panfleto de Voltaire contra seu inimigo íntimo, Maupertuis, o copo transborda. Certa noite, o rei faz chegar ao filósofo esta mensagem: "Seu coração é cem vezes mais horroroso que sua mente, que é bela". Na página dedicada à resposta, Voltaire solta: "Vai se f ...!". Voltaire sai lépido de Berlim mas os contratempos não terminam.
Fica preso em Frankfurt durante vários dias e lhe são sequestrados os manuscritos do rei que havia levado consigo.
De retorno à França, Voltaire retoma a polêmica com Rousseau e sua guerra permanente contra a Igreja Católica e os jesuitas.
Temendo a cólera do rei, instala-se em 1755 em Delices, perto de Genebra, depois em Ferney, a dois passos da fronteira, com sua amante que é também sua sobrinha, a viúva Denis.
O afastamento da capital não o impede de receber todos os grandes espíritos da Europa e mesmo da América. É em Ferney que recebe a viúva de Jean Calas, um protestante injustamente condenado à morte e executado em Toulouse. Aos 68 anos, já desinteressado dos erros da Justiça, percebe no caso uma boa ocasião de atacar a Igreja. Valendo-se de sua pena e de suas relações, iria obter a reabilitação.
Sua reputação de "filósofo" e de crítico irônico da injustiça e da arbitrariedade lhe vale de seus contemporâneos uma quase apoteose. A população parisiense o recebe em triunfo quando regressa à cidade quatro meses antes de sua morte. Teve, ainda em vida, a satisfação de ver coroar seu próprio busto sobre a cena do Teatro Francês.
Em 11 de julho de 1791, no começo da Revolução, que ele provocou sem tê-la desejado, seus restos são transportados com grande pompa à igreja Sainte-Geneviève, transformada em necrópole sob o nome de Pantheão. A ele ali se junta, três anos mais tarde, seu velho adversário, Rousseau.
A posteridade faz de Voltaire o primeiro dos intelectuais e um campeão da tolerância, dos direitos humanos e da liberdade de pensamento.
Por razões particulares, esse escritor e homem do mundo alimentava um ódio feroz em relação às religiões e particularmente à Igreja Católica à qual só se referia em seus textos com a abreviatura: "L’Inf" de L’Infâme (A Infame).
Em matéria de humanidade, contudo, Voltaire destoaria, em nosso dias, com fórmulas inequivocamente racistas: "Só a um cego se permite duvidar que brancos, negros, albinos, hotentotes, lapões, chineses e indígenas são raças inteiramente diferentes" (Ensaio sobre os Costumes e o Espírito das Nações, 1756), ou depreciativos em relação aos humildes: "Parece-me básico que os mendigos são ignorantes" (carta de 1º de abril de 1766).
Também nesta data:
1416 - Jerônimo de Praga é morto na fogueira
1738 - Morre o pintor holandês Peter Paul Rubens
1913 - Termina a Primeira Guerra dos Bálcãs
1925 - Dick Drew patenteia a fita adesiva, então conhecida como fita scotch
1972 - Terroristas japoneses massacram 26 em Israel
Voltaire chega em 10 de julho de 1750 a Berlim, uma cidade nova e em pleno progresso, ainda muito marcada pela origem francesa de seus primeiros habitantes, os huguenotes perseguidos por Luis XIV.
O francófilo rei da Prússia nomeou para a chefia da Academia de Berlim o astrônomo Maupertuis, quem havia sido amante da madame Chatelet e com quem Voltaire estava em conflito permanente.
O prestigioso escritor é acolhido com toda a consideração no Palácio de Potsdam. Recebe do rei uma pensão mensal de 20 mil libras. O soberano o convida todas as noites para a ceia e lhe pede para corrigir seus textos em francês.
Vale-se de Voltaire para que a opinião pública francesa se esqueça de sua política de agressão e para ostentar a imagem de um "déspota esclarecido".
Quando Frederico II manda recolher e queimar em praça pública , em 24 de dezembro de 1752, um panfleto de Voltaire contra seu inimigo íntimo, Maupertuis, o copo transborda. Certa noite, o rei faz chegar ao filósofo esta mensagem: "Seu coração é cem vezes mais horroroso que sua mente, que é bela". Na página dedicada à resposta, Voltaire solta: "Vai se f ...!". Voltaire sai lépido de Berlim mas os contratempos não terminam.
Fica preso em Frankfurt durante vários dias e lhe são sequestrados os manuscritos do rei que havia levado consigo.
De retorno à França, Voltaire retoma a polêmica com Rousseau e sua guerra permanente contra a Igreja Católica e os jesuitas.
Temendo a cólera do rei, instala-se em 1755 em Delices, perto de Genebra, depois em Ferney, a dois passos da fronteira, com sua amante que é também sua sobrinha, a viúva Denis.
O afastamento da capital não o impede de receber todos os grandes espíritos da Europa e mesmo da América. É em Ferney que recebe a viúva de Jean Calas, um protestante injustamente condenado à morte e executado em Toulouse. Aos 68 anos, já desinteressado dos erros da Justiça, percebe no caso uma boa ocasião de atacar a Igreja. Valendo-se de sua pena e de suas relações, iria obter a reabilitação.
Sua reputação de "filósofo" e de crítico irônico da injustiça e da arbitrariedade lhe vale de seus contemporâneos uma quase apoteose. A população parisiense o recebe em triunfo quando regressa à cidade quatro meses antes de sua morte. Teve, ainda em vida, a satisfação de ver coroar seu próprio busto sobre a cena do Teatro Francês.
Em 11 de julho de 1791, no começo da Revolução, que ele provocou sem tê-la desejado, seus restos são transportados com grande pompa à igreja Sainte-Geneviève, transformada em necrópole sob o nome de Pantheão. A ele ali se junta, três anos mais tarde, seu velho adversário, Rousseau.
A posteridade faz de Voltaire o primeiro dos intelectuais e um campeão da tolerância, dos direitos humanos e da liberdade de pensamento.
Por razões particulares, esse escritor e homem do mundo alimentava um ódio feroz em relação às religiões e particularmente à Igreja Católica à qual só se referia em seus textos com a abreviatura: "L’Inf" de L’Infâme (A Infame).
Em matéria de humanidade, contudo, Voltaire destoaria, em nosso dias, com fórmulas inequivocamente racistas: "Só a um cego se permite duvidar que brancos, negros, albinos, hotentotes, lapões, chineses e indígenas são raças inteiramente diferentes" (Ensaio sobre os Costumes e o Espírito das Nações, 1756), ou depreciativos em relação aos humildes: "Parece-me básico que os mendigos são ignorantes" (carta de 1º de abril de 1766).
Também nesta data:
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fonte: http://operamundi.uol.com.br
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