domingo, 22 de setembro de 2013

Emir Sader: educação precisa ser mais atraente para os jovens


Durante o 2º Encontro do Movimento Pedagógico Latino-Americano, realizado pela Internacional da Educação para a América Latina (IEAL), o educador, sociólogo e doutor em ciência política, Emir Sader, defendeu a educação emancipadora, que combata a alienação. Para Emir, é fundamental que a escola seja capaz de oferecer ao aluno uma compreensão subjetiva e objetiva do mundo.



"No sistema capitalista, o trabalhador constrói a riqueza do planeta mas não decide o seu destino e não se reconhece nela", afirmou Emir Sader/ Foto: Karina Vilas Boas



O educador lembrou que no sistema capitalista o trabalhador constrói a riqueza do planeta, mas não decide o seu destino e não se reconhece nela. “Sobretudo a educação precisa atrair os jovens que se veem tão afastados do modelo de ensino atual e atraídos pela sociedade de consumo capitalista que lhes oferece muita tecnologia, informação rápida e curta, uma mídia que incentiva o consumismo, enfim, coisas muito mais atraentes que um quadro negro e um giz”, disse.


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"Nunca tivemos tantos meios tecnológicos e científicos para transformar o mundo à nossa imagem e semelhança. Os jovens que não se interessam pela educação formal que temos hoje precisam ser atraídos de volta para a escola. Eles precisam ter consciência social e crítica. Para isso, só vejo o caminho da mudança, da reformulação do modelo de ensino para que ele seja adaptado à realidade em que vivemos e que, de fato, dispute a hegemonia", avaliou Emir.

Um dos caminhos para atingir isto é proporcionar ao jovem uma compreensão ampla dos assuntos que, na maioria das vezes, ele absorve como uma informação rápida na internet. “Ele sabe dos fatos, mas não tem compreensão nenhuma daquilo que absorveu, pois não tem consciência crítica na maioria das vezes e é justamente deste tipo de cidadão que o modelo capitalista e neoliberal necessita para continuar sobrevivendo, que não critica e apenas aceita”, ressaltou o professor.

Outra observação feita por ele é que "nossas escolas e universidades precisam combater a alienação dos estudantes para que eles pensem a sociedade que temos, o estado que temos e como funciona esse capitalismo atual. Quais são suas vítimas, qual é a dinâmica? Porque ele transforma tudo em mercadoria, seja a educação, a saúde e tudo a sua volta. Esse é o nosso problema fundamental", afirmou.

O sociólogo lembrou ainda que as manifestações de junho no Brasil tiveram a ver, também, com a falta de políticas para a educação e reforçou a necessidade de a comunidade educacional ampliar sua comunicação com os jovens e a sociedade em geral e não falar apenas entre si.

Para Emir, "um outro mundo é realmente possível", utilizando o lema do Fórum Social Mundial do qual foi um dos fundadores. Após afirmar que "tudo de bom que eu sei aprendi na escola pública", Emir foi homenageado pela Internacional da Educação para a América Latina, por toda a sua trajetória de luta por uma educação e por uma sociedade mais humana, justa e que de fato seja para todos, sem distinção de classe, raça ou credo.

De Recife,
Karina Villas Boas, da Federação dos Trabalhadores em Educação do Grosso do Sul (Fetemes)


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