segunda-feira, 23 de setembro de 2013

PCdoB reafirma apoio a Dilma no episódio de espionagem dos EUA

Por Dedé Rodrigues.




























A Comissão Política Nacional do PCdoB realizou na sexta-feira (20), em São Paulo, seu último debate antes da reunião do Comitê Central – marcada para os dias 19 e 20 de outubro – que deverá fazer o balanço do debate do 13º Congresso da legenda comunista e a análise do trabalho feito pela direção nacional do Partido nestes quatro anos desde o 12º Congresso. 


A instância máxima da organização entre seus congressos discutirá também as propostas de resolução que deverão ser levadas à plenária final do Congresso, em novembro próximo. Na ocasião, o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, fez uma breve apreciação da conjuntura política. Leia abaixo a intervenção do dirigente comunista durante a reunião da Comissão Política Nacional:

A posição da presidenta Dilma Rousseff sobre o episodio de espionagem dos EUA

Segundo observadores qualificados da cena internacional, o Brasil foi o país mais espionado no mundo pela NSA – que é a sigla em inglês para a Agência Nacional de Segurança dos EUA. Desta forma fica evidente como o governo norte-americano encara o papel geopolítico do Brasil na atualidade. Tratou-se de um grande atentado e desrespeito à nossa soberania nacional. No Senado Federal foi criada uma CPI por proposta do PCdoB e de outros partidos da Casa. Agora será preciso contribuir para o trabalho da senadora Vanessa Grazziotin, do PCdoB-AM, presidente da Comissão, que vai analisar profundamente essa violação dos interesses do país e propor um plano de segurança das informações do governo na esfera política, econômica, comercial e no que diz respeito à defesa da nação.

Repercutiu fortemente no plano internacional o fato da presidenta Dilma ter recusado ir aos Estados Unidos encontrar o presidente Barack Obama, em Washington. Foi a primeira vez na história diplomática dos Estados Unidos que um país recusa um convite deste nível. A decisão de postergar esta reunião sine die foi uma posição serena e justa do governo brasileiro, que merece todo nosso apoio. As atividades de espionagem realizadas no Brasil por agentes estadunidenses se revelaram de grande espectro, envolvendo interesses comerciais e estratégicos importantes. Até as mensagens da presidenta brasileira foram bisbilhotadas, assim como o monitoramento das comunicações entre os principais articuladores políticos do Palácio do Planalto. Dilma segue para os EUA neste domingo para participar da abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, com o propósito de apresentar uma proposta mais abrangente de regulamentação internacional das comunicações por internet em plano mundial, para impedir que os EUA continuem seu esforço de espionagem.

O desfecho do julgamento do STF sobre o processo contra o PT 

O julgamento do STF sobre dirigentes do PT e de pessoas relacionadas à sua direção nacional é resultado das ações políticas e ideológicas de setores reacionários da sociedade brasileira com o apoio da grande mídia comercial. Os únicos partidos que se pronunciaram formalmente sobre o julgamento foram o PT – partido interessado diretamente na matéria – e o PCdoB. Em nota de 02/12 o Comitê Central do PCdoB denominou o julgamento como sendo de caráter eminente político com objetivo de promover o impeachment do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A mudança da composição do Supremo Tribunal Federal, entretanto, e o desempate de 6 a 5 na votação do acatamento dos chamados embargos infringentes favoreceram a decisão consubstanciada no voto do ministro Celso de Melo. A reação de setores democráticos contribuiu para a criação desta nova situação. Agora abre-se toda uma nova etapa do julgamento onde os condenados sumariamente poderão interpor suas ações para rever decisões da Corte em que houve uma votação contrária de pelo menos 4 votos de ministros do STF. 

A campanha da oposição para desacreditar a presidenta Dilma 

No plano econômico, os círculos financeiros neoliberais desencadearam há alguns meses uma ampla campanha de descrédito da presidenta Dilma e de sua orientação econômica, pintando um cenário de que caminhávamos para o desastre econômico. O resultado do PIB no terceiro trimestre, entretanto, “surpreendeu” estes setores conservadores, com um crescimento de 1,5%, fazendo-se prever um crescimento anual de cerca de 3 a 4% do PIB. O Banco Central dos EUA, o Federal Reserve, ao contrário do que se esperava, não suspendeu o estímulo monetário da emissão de dólares que inundam o mercado mundial, reafirmando sua política de emissão mensal de US$ 85 bilhões para compra de papéis do Tesouro e de papéis lastreados em hipotecas imobiliárias, tendo em vista a reativação de sua economia ainda em retração às custas das economias e das moedas de todos os países do mundo.

Os EUA pretendiam mudar sua política monetária, e por conta desta perspectiva os agentes financeiros no Brasil promoveram um ataque depreciativo contra o real. A decisão de quarta-feira última não corroborou a campanha de descrédito da economia brasileira, o dólar não disparou e a inflação continua sob controle. A situação econômica dos EUA é que continua muito difícil. Desta forma o governo Dilma retoma a confiança da opinião pública, volta a ter maioria no Congresso Nacional para a implementação de sua política. A tentativa de desconstrução do governo fica complicada para a oposição. Qual é a alternativa que essa oposição apresenta? Bandeiras como a austeridade fiscal e redução dos gastos públicos? Estas são os grandes desafios da campanha oposicionista do PSDB com o lançamento de Aécio Neves para a Presidência da República. Ao mesmo tempo Marina Silva não vê perspectiva concreta de viabilização de seu partido da Rede, contestada pela Justiça Eleitoral e pelo Ministério Público Eleitoral, caso não consiga atingir as 492 mil assinaturas necessárias no prazo legal.

Sobre o episódio de tentativa de ataque dos EUA à Siria 

Por outro lado, o presidente dos EUA, Barack Obama, perdeu a iniciativa política e militar com a suspensão da prometida intervenção na Siria. A resistência do povo norte-americano, pressionando seus parlamentares contra esta nova tentativa de intervenção militar dos EUA no mundo, a decisão do Parlamento inglês derrotando a proposição do primeiro-ministro britânico de atacar a Síria, fizeram com que Obama se colocasse na defensiva política. A carta do presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, colocou o dedo na ferida mostrando como os EUA passam por cima da ONU, e de outros organismos multilaterais, se colocando como polícia do mundo. Dado novo na situação política do Oriente Médio, a posição da Federação Russa se coloca com grande protagonismo neste caso da Siria. O PCdoB tem tomado posição firme em relação à questão da Siria, contra a intervenção estrangeira de tropas mercenárias a soldo dos EUA e outros países como a Arábia Saudita e contra a ameaça de guerra patrocinada por Barack Obama, François Hollande e David Cameron, todos enfrentando em seus respectivos países a opinião pública majoritariamente contra a intervenção armada na Síria.


Fonte: Blog do Renato

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