segunda-feira, 9 de setembro de 2013

POR QUE INVESTIR EM CAPRINOCULTURA LEITEIRA NO NORDESTE?

(por Sandro Ferreira)
Criar cabras é opção rentável para pequenos produtores rurais. Os criadores de caprinos encontram mais facilidades de conviver com a seca ou estiagem. Fato que tem confirmado o Nordeste brasileiro como expoente da caprinocultura. Em 2010, a região Nordeste deteve o maior número de cabeças caprinas, totalizando 8,45 milhões de cabeças dos 9,31 milhões do País.
A atividade na região nordeste do País vem crescendo nos últimos anos diante de um também crescimento do consumo nacional. Muito desse comportamento de demanda se deve ao fato que o que o consumidor sai às compras em busca de produtos classificados como alimentos funcionais.
Alimentos funcionais são aqueles que pode afetar beneficamente uma ou mais funções no corpo, além de possuírem efeitos nutricionais, de maneira que seja tanto relevante para o bem-estar e a saúde quanto para a redução do risco de doenças crônicas. O reconhecimento mundial das propriedades nutricionais e funcionais do leite de cabra por médicos, pesquisadores e consumidores em geral, é unânime, o que permite para o mesmo a validação como tal.


A preocupação com saúde e bem-estar já é cotidiana entre os brasileiros, refletindo diretamente na composição da cesta de produtos dos carrinhos de compras nos mercados e supermercados, conforme demonstrado em um estudo sobre alimentos e bebidas ligados a saúde e bem-estar no Brasil, elaborado pelo Euromonitor. O mercado desse segmento no País saltou de US$ 8,5 bilhões em 2004 para US$ 15,5 bilhões em 2009, um crescimento total de 82% em cinco anos. O estudo analisou as vendas no varejo dos segmentos diet e light; alimentos funcionais fortificados; orgânicos; os naturalmente saudáveis; e produtos específicos para intolerância a alimentos.
Esse mesmo estudo projetou crescimento de outros 39% até 2014, com um movimento total de US$ 21,5 bilhões no Brasil. Portanto, se existe temor dos pequenos produtores de caprinos quanto às efetivas oportunidades de mercado face ao histórico de baixo volume no consumo interno do leite e seus derivados, já é possível vislumbrar o início da transposição deste cenário.
Caminhos para a comercialização
A produção de derivados do leite de cabra se configura como um mercado praticamente inexplorado no Brasil. Por isso, planejar para percorrer o caminho comercial com vistas ao fornecimento à indústria que transforma o leite de cabra, aumentando as opções de fornecimento desse produto e atingindo as necessidades do consumidor voltado a produtos naturais, nutricionais e de alto valor agregado é uma estratégia promissora para os produtores do Nordeste.
Dentre os derivados do leite de cabra, um produto em especial de grande aceitação no mercado brasileiro é o iogurte, que possui vantagens como o baixo custo de produção por não necessitar de equipamentos sofisticados e facilidades de preparo. Mais recentemente o sorvete tem aparecido como produto derivado com boa aceitação e um grande mercado a ser explorado. Os cosméticos a base de leite de cabra também têm conquistado um importante mercado, tornando-se mais uma alternativa para os produtores. Neste último caso, têm-se o exemplo do Empório Doby Store que dispõe de uma ampla linha de produtos a partir das proteínas do leite de cabra devido ao seu alto poder de nutrição da pele.
Outro setor que pressupõe um caminho comercial é o da gastronomia – especialmente os restaurantes gourmets que desenvolvem cardápios para atender a um público com mais exigência sensorial e poder aquisitivo. Aí reside a infinita capacidade criativa dos chefs de cozinha que harmonizam o queijo de cabra com pães, massas, vinhos e também com doces.
Tendo em vista a Copa do Mundo no próximo ano que potencializará o já crescente volume de turistas estrangeiros que desembarcam ano a ano no País, esses ambientes gastronômicos tenderão a oferecer a seus clientes uma culinária que mistura conceitos regionais com ingredientes mundialmente aceitos. E, segundo informações do relatório FAO (2007) e Euromonitor (2007), o mercado de consumo de alimentos funcionais é considerado maduro em países da Europa, assim como na China, nos Estados Unidos e no Japão.

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