quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

“Nós não proibimos os ricos de curtirem um pancadão com a gente"

Em entrevista exclusiva ao Vermelho-SP, o jovem Vinícius de Andrade, que tem 17 anos, mais de 80 mil seguidores em seu perfil do Facebook e é um dos articuladores dos encontros, falou sobre a nova moda da juventude paulistana.

Por Ana Flávia Marx, da Redação do Vermelho-SP


 
Vinícius: “Os ricos proíbem a gente de entrar no shopping, mas nós não proibimos eles de curtir com a gente o pancadão"

Os paulistanos são conhecidos por gostar, venerar e até cultuar os passeios nos shoppings. Acontece que os últimos marcados pela “garotada” através das redes sociais – os “Rolezinhos” - têm chamado atenção como fenômeno social. Até a presidenta Dilma Rousseff convocou o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso e a ministra da cultura Marta Suplicy para saber mais sobre o assunto.

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Vinícius diz que o Rolezinho não tem segredo. “Nós queremos é trocar ideia, conversar e tirar um lazer, só isso”. O jovem atualmente não estuda, parou na oitava série, mas diz que quer retomar os estudos logo para se formar com ator de novela, mas também d e teatro, como faz questão de citar.

Com mais de 80 mil seguidores em seu perfil no Facebook, com uma média de mais de mil curtidas em seus comentários, Vinícius diz que a origem dos Rolezinhos está na rede social mais usada no país. 

“Comecei a ter muitos seguidores no meu [perfil] do Facebook, e começamos marcando um encontro de fotos, para tirar fotos e conhecer o pessoal. Fomos fazendo vários, até que rolou a ideia de fazermos no shopping. O primeiro foi em Itaquera, depois rolou em outros lugares, em Osasco, Campo Limpo”, fala Vinícius.

O funcionamento é simples. Segundo o jovem, eles criam o evento no Facebook e começam a divulgar. “Muita gente divulga, porque todo mundo gosta do Rolezinho, todo mundo quer dar um rolê”.

Durante os encontros a garotada, como chamou o prefeito Fernando Haddad, aproveita para se conhecer pessoalmente e tirar fotos. “A gente fica conversando, trocando umas ideias, mas sempre tem um pessoal querendo tirar o nosso lazer, se envolver, um pessoal que a gente nunca viu na vida, mas quer se aproveitar da situação, fazer arrastão”. 


Questionado se virou uma luta de rico contra pobre ele fala a sua opinião: “Os ricos proíbem a gente de entrar no shopping, mas nós não proibimos eles de entrar na favela, de curtir com a gente o pancadão, de colar com a gente no Rolezinho, como muitos ricos gostam de sair com a gente”.

O pai de Vinícius é falecido e a mãe trabalha em restaurante. Pergunto o que a mãe dele acha e ele responde: “Minha mãe apoia, ela até gosta”.


Nesse assunto é salutar dois elementos. O primeiro, que não é novo, é o poder de articulação e mobilização através das redes sociais. O outro é a criatividade da juventude paulistana em encontrar espaços para se reunir, espaços sociais de identificação juvenil. Assim como os shoppings, as escadarias dos bancos que ficam na Avenida Paulista são usadas para manobras de skatistas, estacionamentos de hipermercados são adotados com ponto de encontro para a garotada tomar umas e conversar. Essa é a juventude da metrópole, criativa e que quer viver.

Está na hora das linhas de metrôs servirem de meio de transporte para os jovens irem aos equipamentos de cultura, lazer, esporte e parques e parar de despejar os jovens nos shoppings, como é hoje.

Para finalizar, Vinícius faz o convite para o próximo Rolezinho: “Cola lá com nós. Me procura lá, aí a gente se conhece pessoalmente também”.

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