sábado, 25 de janeiro de 2014

"Para quem foi torturado, visitar o passado não é festa"

Mais de 40 anos depois de terem sido presos e torturados, ex-militantes da luta armada contrários ao regime militar voltaram nesta quinta-feira (23) para a antiga sede da Polícia do Exército na Vila Militar, no Rio de Janeiro.



 
 
  





Irmã do militante pernambucano até hoje desaparecido Fernando Santa Cruz, Roselina acompanhou a visita ao antigo centro de tortura no qual também ficou presa antes de ser levada para a penitenciaria de Bangu. “Foi difícil voltar aqui. Estou muito mexida”, contou. “Aqui, sempre fui torturada nua e por homens. Desde cortes nos seios a choques na vagina.”

Estava presente na visita também o cineasta Silvio Da-Rin, vítima da repressão da ditadura e diretor de Hércules 56, baseado no livro que conta a história do grupo de militantes presos que foram retirados do País em troca da libertação do então embaixador americano no Brasil, Charles Elbrick, sequestrado pelo MR-8 em 1969.

Audiência

A visita à antiga sede da PE na Vila Militar antecede a audiência pública de sexta-feira 24 sobre os abusos cometidos por agentes torturadores do Estado contra militantes contrários ao regime militar. “Essa diligência é fundamental para a sessão de amanhã, pois vamos fechar um quebra-cabeça, encaixando as peças”, disse Rosa Cardoso, integrante da CNV.

Para a audiência desta sexta-feira 24 foram convocadas a depor seis vítimas (Da-Rin, Calmon, Espinosa, Luiz Antonio Medeiros, José Delce Ribeiro Façanha e Amílcar Baiardi) e alguns agentes da repressão envolvidos com as mortes e torturas ocorridas na Vila Militar (Ary Pereira de Carvalho, Celso Lauria, Euler Moreira de Moraes, Hargreaves Figueiredo Rocha, Luiz Paulo Silva de Carvalho). Uma vez notificados, os convocados são obrigados a comparecer. Caso contrário, poderão responder pelo crime de desobediência.

Fonte: Carta Capital

 

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