A oposição tentou surfar na insatisfação popular usando a crise econômica como gancho para o golpismo, mas não colou. Pesquisa feita pelo Instituto Data Popular mostrou que 71% dos eleitores brasileiros avaliam que os partidos de oposição à presidenta Dilma Rousseff “agem por interesse próprio, não pelo bem do país”.
Aécio causou surpresa ao comparecer pela primeira vez em ato que convoca
A própria presidenta Dilma, em várias ocasiões nos últimos dias, denunciou a política do “quanto pior, melhor” adotada pela oposição, que só traz prejuízos ao país e, principalmente, a população.
Ainda de acordo com o levantamento do Data Popular, oposicionistas e descontentes não são a mesma coisa. Os primeiros são eleitores que não votaram na Dilma para presidenta, rejeitam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, avaliam o atual governo como “ruim ou péssimo” e querem o impeachment. Esses também são contra o Bolsa Família, a política de cotas, o Prouni. De acordo com a pesquisa, 36% dos entrevistados se enquadram nessa categoria. Já os descontentes – que são 44% – não acreditam que a oposição resolveria a atual crise.
Apesar da convocação feita pela grande mídia e a oposição tucana usando seu horário de rádio e TV, o resultado dos protestos não atingiu a expectativa e frustraram os golpistas. A cobertura da Rede Globo não conseguiu esconder essa frustração, mas tentou justificar constatando outro fato: saíram mais pessoas as ruas em março, do que nesta manifestação de domingo, mas o número ainda foi superior a realizada em abril.
Eles esperavam mais, tanto é que o senador tucano Aécio Neves, candidato derrotado nas urnas, deu o ar de sua graça, já que em nenhum dos atos anteriores ele compareceu.
A realidade é que o movimento murchou e, assim como nos protestos anteriores, as manifestações deste domingo reafirmaram o seu caráter antidemocrático e conservador, tendo como palavras de ordem pedidos de “intervenção militar” e o “Fora PT” e cartazes pedindo o impeachment e até a morte da presidenta.
Intolerância
Em entrevista coletiva após reunião da coordenação política com a presidenta Dilma, nesta segunda-feira (17), o líder do governo na Câmara, o deputado federal José Guimarães (PT-CE), enfatizou: “Este espírito de intolerância é manipulado em parte pela oposição, que semeia o ódio, um antídoto da democracia, forjada e construída nas lutas pelas Diretas Já e contra o regime militar. Essa intolerância não é saudável, ela interdita o diálogo, o contraditório e o valor fundamental que tem de estar sempre na democracia: a divergência. Agora, ainda bem que quem faz isso é uma minoria”.
Para o ministro da Secretaria de Comunicação, Edinho Silva, o governo está empenhado em combater à política de "intolerância” e o “pessimismo”.
"É um momento difícil da vida brasileira, que temos de trabalhar para que a gente possa desfazer esse ambiente de intolerância, porque o Brasil sempre foi, historicamente, um país com diversidade religiosa, cultural, regional e política. Então, temos que combater esse ambiente que está sendo criado para que o Brasil volte àquilo que sempre foi sua tradição: convivência democrática com a diversidade de pensamento e de expressão, de opções", enfatizou Edinho.
Perfil
Bem distante das manifestações de julho de 2013, os protestos deste domingo tinham a presença massiva de um setor privilegiado da população. Segundo pesquisa do DataFolha, 25,17% dos que estavam na avenida Paulista durante ato deste domingo ganham de R$ 7.881 a R$ 15.760. Em seguida, a faixa de renda por família que mais apareceu, com 25,09%, foi a de R$ 3.940 a R$ 7.880. Em terceiro lugar, com 14,39%, foi a renda de R$ 15.760 a R$ 39.400.
Esse mesmo setor, sem fundamento jurídico, quer um impeachment porque o seu candidato foi derrotado por uma margem próxima de diferença. Não criticam a corrupção. Não cobram melhores condições de trabalho, aumento de salários e renda. Não são contra a redução da maioridade penal, muito menos contra o financiamento de campanhas eleitorais por empresas. São tão somente contra os adversários políticos de seus candidatos.
Um exemplo disso, foi o relato de Julio César Mendes. Ele foi à Avenida Paulista, em São Paulo neste domingo (16), com um cartaz relembrando as vítimas da chacina em Osasco, em que 18 pessoas foram assassinadas e outras seis ficaram feridas, e foi “convidado a se retirar” do protesto.
“Vim aqui pacífico só lembrar da chacina em Osasco, que todo mundo quer esquecer. O povo me hostilizou”, afirmou Julio em entrevista ao Brasil de Fato. “Hoje era para todo mundo estar de preto, em respeito às vidas que foram tiradas. Mas eu sei de uma coisa: aqui na Paulista não tem disparo acidental. Na periferia tem, todo dia. E o que acontece com o policial que causou isso? Nada”, acrescentou.
A direita tirou a elite das varandas gourmets e passa a ocupar as ruas – ainda que em forma de micareta com cordão e tudo –, mas levou 120 mil pessoas as ruas de São Paulo. Mas o que essa direita quer está bem longe dos anseios da população de combate à corrupção e da melhoria das condições de vida. Querem de volta a Casa Grande e a Senzala.
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Do Portal Vermelho, com informações da Rede Brasil Atual e Brasil de Fato
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