sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Democracia 7 x 1 Golpe


 
 

Nesta quinta-feira (20), por todo o Brasil, milhares e milhares de pessoas ocuparam ruas e praças. Uma manifestação vigorosa, bonita e vibrante em defesa, principalmente, do legítimo mandato da Presidenta Dilma Rousseff. Além da presença expressiva, fica evidente a esmagadora superioridade moral desta passeata em comparação com a do último dia 16.

Por Wevergton Brito Lima



As palavras de ordem dos manifestantes pela democracia traduzem o que existe de mais avançado em uma sociedade que se pretenda moderna e humana. Não se viram, nesta quinta-feira, cartazes pedindo a volta da ditadura, nem a morte de quem pensa diferente, nem a exaltação do preconceito, da tortura e do ódio.

Os cartazes exigiam respeito à democracia, mais justiça social, moradia para os sem teto, terra para os sem-terra, combate à qualquer forma de discriminação. 

Nas passeatas do dia 20 todos os rostos e cores que formam o miscigenado povo brasileiro se encontraram. Na diversidade de pensamentos que forma o rico painel da luta popular no Brasil, comunistas, socialistas, patriotas, democratas, ateus, crentes, negros, brancos, índios, jovens de todas as idades, gays e lésbicas empunhavam cada qual bandeiras e ideais próprias, com matizes diversos, alguns talvez contraditórios entre si, como é próprio de movimentos livres e vivos, mas todos com a mesma característica ausente nas passeatas do dia 16 e transbordante nas desta quinta: respeito à diversidade, defesa da democracia e da justiça social.

Se por um golpe de mágica, retrocedêssemos no tempo, e as manifestações de hoje acontecessem no Brasil escravocrata, nas passeatas do dia 16 estariam todos os que, consciente ou inconscientemente, compactuavam com o escravagismo, pois quem marcha ao lado de bandeiras que pregam o obscurantismo, querendo ou não, dá o seu respaldo a elas. Da passeata do dia 20 participaria, no Rio de Janeiro, Machado de Assis, Joaquim Nabuco e José do Patrocínio, na de São Paulo, Luís Gama, na Bahia estaria Castro Alves, e assim por diante. Também os abolicionistas, neste cenário hipotético, sofreriam as mesmas vilanias que atingem hoje os democratas. Exemplo: uma passeata, a dos escravocratas, reúne milhares de pessoas, mas, nas mágicas contas dos capitães do mato da polícia e da imprensa, elas se transformam em milhões. A outra passeata, a abolicionista, teria uma matemática distinta, e o que seriam várias dezenas de milhares se transformam em meras centenas. 

Mas nada impediu antes, e não impedirá agora, que o futuro se imponha. 

Voltando aos tempos atuais, não resta dúvida de que as demonstrações desta quinta-feira (20) tornaram muito mais difícil a execução do plano golpista pois ficou patente que a quebra da legalidade encontrará forte resistência.  Esta mobilização já está com um lugar reservado na memória das jornadas de luta de que é rica a história do povo brasileiro. Foi uma goleada contra a direita, não só pelo expressivo número de gente nas ruas, mas principalmente pelas bandeiras que ela sustentou. As pessoas que compareceram hoje não foram mobilizadas pela mídia empresarial, mas contra ela. Não foram tangidas pela despolitização, mas exigem justamente mais debate político. “A praça, a praça é do Povo! / Como o céu é do Condor! / É antro onde a liberdade / Cria a águia ao seu calor!”. Sigamos o conselho do poeta abolicionista e não abandonemos as ruas, onde a águia da liberdade faz o seu ninho inexpugnável, contra o golpismo e o retrocesso.
  


 Do Portal Vermelho

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