sábado, 29 de agosto de 2015

Sindicatos se mobilizam contra precarização nas multinacionais dos EUA


O combate às políticas antissindicais é bandeira histórica da luta dos trabalhadores em todo o mundo que enfrentam a ação do poder econômico, hoje formado pelas grandes corporações multinacionais, que buscam reduzir o poder sindical e, por consequência, desvalorizar o trabalho arrochando os salários e reduzindo os direitos.

Por Dayane Santos


AFP
 
 

As transformações do mercado, com um forte aumento da terceirização que desloca a produção, levaram a uma espécie de pulverização da força de trabalho, com uma queda acentuada do setor industrial. Por outro lado, houve um aumento significativo do setor de comércio e serviços que, por natureza é pulverizado. Essas condições reduziram o poder de ação dos sindicatos.

Organizados em entidades como a Federação Sindical Mundial (FSM) e a Confederação Sindical das Américas (CSA), as centrais sindicais buscam atuar de forma estratégica e conjunta para enfrentar esse cenário, formando uma frente de lutas por melhores condições de trabalho e mais direitos.

Com um grande número de empresas instaladas em diversos países, as multinacionais norte-americanas como Walmart, McDonald’s e as montadoras de veículos são alvos dessa frente de mobilização sindical. 

No último dia 18 de agosto, uma série de manifestações envolveu os trabalhadores do McDonald’s e reuniu sindicatos de 20 países com forte presença da rede de lanchonetes.

Sob a bandeira #SemDireitosNãoÉLegal, o movimento global em protesto contra as condições de trabalho nas lojas da rede foi iniciado em 2012, com uma greve dos empregados da rede em Nova York.

Entre as irregularidades denunciadas pelos sindicatos, estão a contratação de menores para atuar em fritadeiras e a imposição de jornadas flexíveis, em que os trabalhadores ficam à disposição nas lojas e só recebem quando são chamados a trabalhar nos horários de pico das lojas.

“O McDonald's é o segundo maior empregador privado do planeta, mais 1,7 milhões, é o pequeno negócio que mais emprega, com mais de 24 mil franquias pelo mundo. É também um dos maiores compradores de carne, pão e frango no mundo. Por isso tem um enorme poder e impacto na economia global”, afirmou Scott Courtney, diretor União Internacional dos Empregados em Serviços (Seiu, na sigla em inglês), que liderou a greve dos funcionários da rede em Nova York, em 2012,

“Ser tão grande não é exatamente tão ruim. Mas é o modelo que eles escolheram seguir é um problema, essa espécie de capitalismo canibal, de fazer com que as pessoas trabalharem além do possível e pagá-las mal. Rebaixando os salários e as condições de trabalho, rebaixam os padrões das comunidades e dos países ao redor do mundo. Vemos isso no Brasil, nos EUA, na Ásia. Quase não há exceções, pois não há uma regulação global e o McDonald's é uma das empresas que mais pagam mal no mundo”, acrescentou a sindicalista que participou de ato realizado em São Paulo.

A “padronização da precarização” denunciada por Courtney e a política antissindical norte-americana ficam evidentes nas declarações do diretor de Recurso Humanos da Arcos Dourados, empresa que é dona de 650 das 850 lojas que o McDonald’s tem no Brasil, Renato Nóbrega: “Não é papel dos sindicatos impor punições ou criar legislação nova. O que eles entendem como acordo é diferente do que nós entendemos e por isso suspendemos as negociações”. 


Do Portal Vermelho, com informações de agências

Nenhum comentário:

Postar um comentário