O governo do Brasil reiterou nesta segunda-feira (2) a indignação às autoridades dos Estados Unidos em meio às denúncias de espionagem de agências norte-americanas sobre dados da presidenta Dilma Rousseff e assessores, conforme divulgado neste domingo (1º/9) no programa Fantástico, da TV Globo.
Os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Luiz Alberto
Figueiredo Machado (Relações Exteriores) reiteraram ser inadmissível aceitar
qualquer tipo de violação. Cardozo e Figueiredo cobraram dos Estados Unidos
explicações, por escrito e formais, sobre as denúncias. “A violação da soberania
não pode acontecer sob nenhum pretexto, quando a violação se dá não para
investigar ilícitos”, disse Cardozo, lembrando que a indignação foi exposta aos
norte-americanos. “Nós confrontamos com aquilo que foi revelado.” (Foto: Valter
Campanato/ABr)
Figueiredo acrescentou que a violação da privacidade e dados pessoais, sejam de autoridades, como a presidenta da República, e dos cidadãos em geral é “incompatível” com a parceria existente atualmente entre Brasil e Estados Unidos. “É uma violação inconcebível e inaceitável da soberania brasileira”, ressaltou.
Pela manhã, Dilma convocou ministros para duas reuniões de emergência no Palácio do Planalto para discutir as denúncias de espionagem. As reuniões ocorreram em duas etapas: a primeira, que começou por volta das 10h, teve a presença dos ministros Cardozo, José Elito (Gabinete de Segurança Institucional), e Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência).
A segunda reunião ocorreu logo depois, com Cardozo e os ministros Paulo Bernardo (Comunicações), Celso Amorim (Defesa) e Luiz Alberto Figueiredo Machado (Relações Exteriores).
Reunião com o embaixador norte-americano
Antes das reuniões, o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado convocou o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, para prestar esclarecimentos formais ao governo brasileiro e cobrou explicações por escrito das autoridades norte-americanas.
“Convoquei o embaixador dos Estados Unidos ao meu gabinete e disse a ele da indignação do governo brasileiro, dos fatos constantes, dos documentos revelados, das violações das correspondências da senhora presidenta”, ressaltou Figueiredo.
Na reunião com Shannon, Figueiredo disse que as suspeitas sobre o Brasil envolvendo riscos à democracia e solidez do Estado brasileiro são inadmissíveis. “O Brasil é um país democrático, um Estado sólido, em uma região democrática e sólida, que busca a convivência com seus parceiros de forma amistosa. Não se pode admitir, nem em sonho, que é um país de risco ou problemático”, disse.
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