No sábado, 28 de dezembro de 2013, ocorreu a solenidade de formatura na Escola Arnaldo Alves Cavalcanti de Tabira das turmas do 3º Ensino médio A, B, C e D, juntamente com a turma do 4º Normal Médio.
A solenidade foi uma mistura de tristeza pelas mortes prematuras de Andreza, Rosália e Daniela Rocha, esta última, também ia se formar este ano. Muitas mensagens foram lidas na solenidade em homenagem a elas. A dor e a saudade pelas perdas estavam estampadas nos rostos dos pais\mães que se encontravam presentes vertendo lágrimas, mas também nos outros alunos, amigos e professores que também sentiam as suas faltas.
Por outro lado, foi um momento de alegria contida para os familiares e amigos dos discentes que estavam se formando e concluíam mais uma etapa importante das suas vidas, pois a vida continua.
A minha mensagem, além de comentar pontos de vistas de outras mensagens, tem o objetivo de refletir sobre os ensinamentos deixados pelas circunstâncias dos fatos trágicos ocorridos com elas quando partiram para o aprendizado de nós que ficamos.
Nas últimas horas eu estive pensando o que deveria dizer para uma plateia misturando dois sentimentos: alegria e tristeza. O que a morte, apesar da infelicidade que causa, pode trazer de positivo para a vida?
A morte é uma causa natural da vida, um mal irremediável como disse João Grilo no Alto da Compadecida, mas ninguém em sã consciência a deseja. No entanto, quando a vida é tirada prematuramente como ocorreu com Daniela, Andreza e Rosália torna-se ainda mais difícil suportar a perda, mesmo que a fé em Deus faça as pessoas superar a perda melhor, como disse o poeta Dedé Monteiro. Mas para mim, com todo respeito que merece as outras opiniões, o que mais importa agora é tirarmos ensinamentos destas perdas irreparáveis para tornar a vida aqui na terra melhor.
Desde que o homem aprendeu que a razão e o livre arbítrio são decisivos para a construção de uma nova realidade muita coisa tem mudado no mundo nos últimos 500 anos. Por isto eu sou um desses seres vivos que adquiriu a consciência política de que nós somos sujeitos da própria história. Nós podemos, quando imbuídos de ideias progressistas, alterarmos a realidade jurídica, educacional e social na qual vivemos.
O poeta Sebastião Dias recitou na sua falação lembrando o grande Pinto do Monteiro:
Essa palavra saudade
Conheço desde criança
Saudade de amor ausente
Não é saudade, é lembrança.
Saudade só é saudade
Quando morre a esperança.
É esta saudade descrita por Pinto do Monteiro que só ocorre depois que “morre a esperança” que eu não desejo para ninguém. Para mim, se a “esperança é a última que morre”, não haverá mais saudade depois dela, pois, neste caso, não haverá mais nada. Eu compreendo que as palavras descritas nos versos do poeta: amor, lembrança e saudade tem que “rimar” com esperança. A esperança, enquanto estivermos vivos na terra, não deve morrer.
Neste sentido também, os ensinamentos deixados na homenagem do Professor Nildinho para as alunas que se foram, precisam também de uma reflexão minha. Vamos ler os fragmentos da música: Gostava Tanto de Você, do cantor Tim Maia:
Não sei por que você se foi
Quantas saudades eu senti
E de tristezas vou viver
E aquele adeus não pude dar.
Você marcou na minha vida
Viveu, morreu
Na minha história
Chego a ter medo do futuro
E da solidão
Que em minha porta bate.
Eu corro, fujo desta sombra.
Em sonho vejo este passado
E na parede do meu quarto
Ainda está o seu retrato
Não quero ver pra não lembrar
Pensei até em me mudar
Lugar qualquer que não exista
O pensamento em você.
Se elas marcaram as nossas vidas, mesmo com “aquele adeus que não pude dar”. E “na parede do meu quarto ainda está o seu retrato”. Devemos sempre olhar para “os retratos delas” e nos lembrarmos dos exemplos de vida deixados por cada uma. E, se ainda, “Você marcou na minha vida, viveu morreu na minha história”, não devemos fugir dessa realidade para um “lugar qualquer que não exista o pensamento de você”. Mas o Professor Nildinho lembra algo muito importante para todos nós com a repetição na música: "E eu gostava tanto de você" e, tem razão, quando disse em sua mensagem aos alunos que “somos nós que fazemos o nosso próprio destino”, se referindo aos esforços que cada um deve ter daqui para frente.
Por último extraindo um pensamento da mensagem da nossa gestora Solange Leite de que episódios tristes como estes devem servir para a gente “construir uma sociedade mais justa”. Eu aproveito para propor a possibilidade de inserirmos na Educação Pública no Brasil a Educação Para o Trânsito. Muita gente ainda tira carteira no Brasil sem uma prévia preparação educacional para guiar um carro. Isto precisa mudar.
Nessa mesma linha de raciocínio, torna-se necessário também, cumprir a Legislação do Trânsito, Lei nº LEI Nº 9.503, DE 23 DE SETEMBRO DE 1997. E a LEI Nº 12.619, DE 30 DE ABRIL DE 2012. no Art. 170. Que diz: "Dirigir ameaçando os pedestres que estejam atravessando a via pública, ou os demais veículos: Infração - gravíssima; Penalidade - multa e suspensão do direito de dirigir; Medida administrativa - retenção do veículo e recolhimento do documento de habilitação".E quando causa morte como fica a punição?Não sou especialista no assunto, mas quem sabe o quanto ainda é preciso mudar nestas leis no Brasil para diminuirmos os acidentes de trânsito?
No plano municipal precisamos cobrar do Poder Executivo que elabore em caráter de urgência um Projeto para construir uma pista lateral que deve servir para pedestres na Rodovia de Tabira a Riacho do Gado, como cobrou recentemente uma colega professora da Escola Arnaldo.
Concluindo: com um trânsito mais organizado e com um motorista mais consciente diminuiremos por ano no Brasil parte das 50 mil mortes em “acidentes de trânsito” que ocorrem. Se salvarmos mais vidas com ações preventivas e, até punitivas, teremos uma sociedade melhor do que a atual. Mas isto só será possível com um povo que lute unido e consciente por estas e outras bandeiras políticas. Um povo que acredita na possibilidade de mudança a partir da sua própria ação coletiva. “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”, como disse certa vez outro poeta. Por Dedé Rodrigues.
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