Por Altamiro Borges
Dava uma manchete garrafal na Folha: “Amigo de Aécio Neves pega 20 anos de prisão”. Mas ela dificilmente será estampada na capa do jornal da famiglia Frias – amiga dos generais golpistas, dos torturadores da ditadura e dos neoliberais de plantão. Nesta quarta-feira (16), Eduardo Azeredo – ex-governador de Minas Gerais, ex-senador e ex-presidente nacional do PSDB – foi condenado a 20 anos e 10 meses de cadeia, em regime fechado, pelos crimes de peculato e lavagem de dinheiro. A sentença em primeira instância foi proferida pela juíza da 9ª Vara Criminal de Belo Horizonte, Melissa Pinheiro Costa Lage, e se refere ao escândalo do “mensalão tucano” – que a mídia privada insiste em chamar carinhosamente de “mensalão mineiro”. Afinal, todo tucano é santo e basta se filiar ao PSDB para não ser investigado, condenado e, muito menos, ser preso.
Apesar de ser anterior ao chamado “mensalão petista”, sendo considerado inclusive o seu laboratório, o caso só agora teve este desfecho, que ainda é parcial. Cabe recurso ao condenado tucano e, pelo histórico de parcialidade da Justiça e de cumplicidade silenciosa da mídia, a tendência é que Eduardo Azeredo nem passe perto das grades de uma cadeia. Ele foi acusado por sete crimes de peculato, o desvio de bens praticado contra a administração pública, e seis de lavagem de dinheiro cometidos durante a campanha eleitoral pela sua reeleição ao governo mineiro, em 1998. Segundo inúmeras provas, a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) e a Companhia Mineradora de Minas Gerais (Comig) teriam repassados, cada uma, R$ 1,5 milhão à agência de publicidade SMP&B. de Marcos Valério, que teria alimentado o Caixa-2 do PSDB no Estado. Do Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge) teriam saído outros R$ 500 mil para o esquema criminoso.
Em 2010, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) aceitou denúncia contra 11 envolvidos no escândalo. Um deles, Fernando Moreira Soares, já morreu e o processo contra foi extinto. Walfrido dos Mares Guia e Cláudio Mourão tiveram o crime prescrito ao completarem 70 anos. Outros oito réus aguardam a sentença em três processos distintos: o secretário da Fazenda de Minas Gerais, José Afonso Bicalho, o ex-senador Clésio Andrade, Marcos Valério, Ramon Hollerbach, Cristiano Paz, Eduardo Pereira Guedes Neto, Lauro Wilson de Lima Filho e Renato Caporalli. Todos eles negam a envolvimento no esquema.
Quando o escândalo chegou ao Judiciário, o próprio Eduardo Azeredo, temendo ser descartado como bagaço por seus pares, confessou em entrevista à imprensa que parte da grana desviada das estatais para o Caixa-2 também serviu à campanha do seu amigo e padrinho Aécio Neves. Será que a Folha tucana vai estampar na manchete: “Amigo de Aécio Neves pega 20 anos de cadeia”. A conferir!
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