terça-feira, 20 de novembro de 2012

Zumbi é homenageado em cavalgada pela liberdade

Doze horas a cavalo pelas serras da Barriga e Dois Irmãos, em Alagoas, passando por vilarejos e cidades que têm muito para contar. Refazer a rota de fuga de um dos personagens mais intrigantes da história brasileira foi a maneira que o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, a ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros, a ministra interina da Cultura, Jeanine Pires, o Ministério do Turismo e o Governo de Alagoas encontraram para homenagear Zumbi dos Palmares, morto em 1695.

 
O local do assassinato, cometido pelo português Domingos Jorge Velho, foi demarcado pela caravana, neste domingo (18.11), numa singela cerimônia que contou com a participação dos ministros Aldo Rebelo e Luiza Bairros, no Rio Paraíba do Meio, em Viçosa.

A 1ª Cavalgada da Liberdade partiu às 6h da manhã deste domingo de União dos Palmares, na serra da Barriga, com uma tropa de 50 cavaleiros. Vestido a caráter como homem do sertão, usando um gibão, calças de couro e um chapéu típico de sertanejo, Aldo Rebelo fez todo o percurso de 48km numa égua, acompanhado do secretário de Esportes de Alagoas, Jorge Sexto, e de dezenas de outros participantes.

Confira matéria em vídeo, com declaração do ministro do Esporte:





"A cavalgada é o mais antigo esporte nacional, mais que o futebol! E lembrar os feitos de Zumbi, às vésperas do Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, é uma dupla homenagem: ao povo brasileiro, um dos mais miscigenados do mundo, e ao herói negro que foi pioneiro na luta contra a escravidão e o preconceito", destacou o ministro do Esporte.

Esta foi a segunda cavalgada promovida pelo Ministério do Esporte este ano. A primeira foi a da Independência, em 7 de setembro, que saiu da Baixada Santista e terminou no Parque da Independência, em São Paulo, com uma encenação do Grito do Ipiranga, episódio que marcou o início da luta pela independência do Brasil.

Comunidades carentes
Além de União dos Palmares, a Cavalgada da Liberdade passou pelos municípios de Capela, Cajueiro e Viçosa, refazendo a antiga rota de fuga da maior e mais duradoura aldeia quilombola do Brasil: o Quilombo dos Palmares. A caravana passou por povoados onde eram distribuídas às comunidades carentes cestas básicas doadas pelos inscritos na iniciativa, além de bolas de futebol e de vôlei confeccionadas por presidiários participantes do programa Pintando a Liberdade, do Ministério do Esporte.

A Cavalgada da Liberdade teve como ponto de partida a Feira do Gado, em União dos Palmares. Passou pelo povoado de Timbó, pela fazenda Peri-Peri, pelo povoado de Santa Efigênia, pela fazenda Mata Verde, terminando no local conhecido como Sumidouro de Zumbi, provável local da morte de Zumbi dos Palmares, na Fazenda Poço Feio, em Viçosa.

Já era noite de domingo quando a tropa de cavaleiros chegou ao destino final, onde foi montado um palco para apresentação de grupos afro e discursos lembrando a importância de Zumbi dos Palmares para a memória nacional. Discursaram os ministros Aldo Rebelo, Jeanine Pires e Luiza Bairros, além de autoridades locais.

A morte de Zumbi
No decorrer da história do Brasil, algumas versões sobre o desaparecimento e morte do líder negro foram apresentadas. Uma das últimas descobertas sobre a trajetória de Zumbi de Palmares se refere ao local de sua morte, uma gruta na serra Dois Irmãos, em Alagoas. Sobre esse local, todas as pesquisas citam observações do historiador alagoano Alfredo Brandão, no livro "Viçosa de Alagoas" (ed. Imprensa Industrial, Recife, 1914).

Brandão foi o primeiro a esclarecer por que Zumbi teria sido morto na serra Dois Irmãos e não na serra da Barriga. Os últimos combates dos Palmares se realizaram na serra do Bananal, nome que servia para designar não somente o atual prolongamento da serra Dois Irmãos como também esta última.

O historiador afirma que Zumbi estava escondido em um sumidouro, espécie de gruta escavada pela ação do curso subterrâneo das águas de um rio. Brandão cita documento de 18 de agosto de 1696, do Conselho Ultramarino, que se refere a um sumidouro que teria sido "artificiosamente" construído por Zumbi.

Segundo Zezito de Araújo, professor da Universidade Federal de Alagoas, as únicas pesquisas feitas até hoje na região da serra Dois Irmãos são de autoria do arqueólogo Aloísio Vilela e do geógrafo alagoano Ivan Fernandes Lima.

Zumbi se tornou um grande guerreiro e estrategista militar na luta para defender Palmares contra os soldados portugueses. Porém, em 1678, Ganga-Zumba, então o chefe do quilombo, assinou um acordo de paz com o governo de Pernambuco. A decisão não foi aceita pelos quilombolas. Zumbi rompeu com Ganga-Zumba e se transformou no grande chefe.

Durante os anos de 1680 a 1691, Zumbi conseguiu derrotar todas as expedições enviadas contra o Quilombo dos Palmares. Mas pereceu no fim do século 17, depois de ser perseguido pelo mercenário Domingos Jorge Velho.


Fonte: Ministério do Esporte

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