terça-feira, 3 de setembro de 2013

Na Semana da Água, ONU lembra que mais de 2,5 bilhões de pessoas vivem sem saneamento adequado

(por Sandro Ferreira)
O vice-secretário-geral da ONU, Jan Eliasson, afirmou nesta segunda-feira (2) que o momento para ações aceleradas, energizadas e coordenadas para a melhoria do acesso e gestão da água e saneamento é “agora”. Ele pediu cooperação renovada nos esforços para fornecer água de qualidade e saneamento adequado para as mais de 2,5 bilhões de pessoas que vivem sem estes dois importantes recursos.
Uma jovem residente do Campo de Maslakh, no Afeganistão, bebe um pouco de água. Foto: ONU/Eskinder Debebe
Uma jovem residente do Campo de Maslakh, no Afeganistão, bebe um pouco de água. Foto: ONU/Eskinder Debebe
Em um discurso na sessão plenária para a Semana Mundial da Água, em Estocolmo, na Suécia, Eliasson afirmou que “lidar eficazmente com a crise de água e saneamento é fundamental para a luta contra a doença e a pobreza”.
Ele pediu para os centenas de delegados reunidos na sessão intitulada “Construindo Parcerias para o Saneamento e Água para Todos” que trabalhem para atingir soluções sustentáveis e medidas entre os atores sociais envolvidos – incluindo os governos nacionais, administrações locais, parceiros de desenvolvimento, organizações internacionais, o setor privado, a comunidade científica e de pesquisa e a sociedade civil.
A água e o saneamento fazem parte das oito metas de combate à pobreza – mais conhecidas como os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) – às quais líderes mundiais concordaram em atingir até o final de 2015.
Eliasson observou o anúncio feito no ano passado de que o mundo havia atingido a meta de acesso a fontes melhoradas de água, mas que a qualidade da água em grande parte ainda não consegue atender os padrões básicos da Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 80% da água residual global de assentamentos humanos ou fontes industriais é despejada sem tratamento, contaminando os oceanos, lagos e rios.
O abastecimento de água e o saneamento inadequado equivale a uma perda econômica de 260 bilhões de dólares em todo o mundo em gastos de saúde e menor produtividade no trabalho, relatou a OMS. O saneamento é a meta mais atrasada dos ODM, e cumpri-la implicaria na redução da proporção de pessoas sem acesso ao saneamento básico de mais da metade para 25% até 2015.
Lembrando suas experiências em Darfur, no Sudão – quando Eliasson era o enviado especial do secretário-geral – ele alertou que a escassez de água é uma razão para o aumento de conflitos. “Eu já vi isso em Darfur, o envenenamento de poços de água era uma maneira de forçar as pessoas a abandonar as suas aldeias e ir para os campos superlotados.”
“Se a concorrência por recursos se transforma em um conflito aberto, invariavelmente todos os lados, todos os envolvidos, vão sofrer”, disse o vice-secretário-geral. “O nosso objetivo deve ser transformar os recursos escassos, em especial a água, em uma razão para a cooperação ao invés do conflito.”

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